Razão e Sensibilidade (Jane Austen): um clássico

Razão e Sentimento, também traduzido como Razão e Sensibilidade é um clássico da literatura, escrito no século XIX pela inglesa Jane Austen. Eu prefiro a segunda tradução, uma vez que as duas personagens principais, as irmãs Elinor e Marianne representam essas duas características: uma é muito racional, a outra é sensível demais.

Razão e sentimento não são opostos. Prefiro o título ‘Razão e Sensibilidade’, pois a história clássica de Jane Austen mostra momentos em que é bom usar a razão e outros em que é bom deixar os sentimentos aflorarem. Com o título ‘Razão e Sentimento’, parece que Elinor não tem sentimentos e é fria, enquanto Marianne é excessivamente emotiva, o que não é verdade.”

Duas irmãs: iguais e diferentes

A história começa quando a família Dashwood se muda para um chalé nas montanhas devido a questões de herança: Elinor, a filha mais velha, Marianne, a filha do meio, Margaret, a caçula, e a mãe, Sra. Dashwood.

Elinor e Marianne estão na idade certa para o casamento e precisam encontrar um marido para garantir um futuro mais confortável, já que a família tem pouco dinheiro. Com um dote pequeno, as duas irmãs enfrentam desafios. Essa é a situação, e não se assuste, pois estamos falando de um romance do século XIX, onde o casamento era a principal preocupação das mulheres, diferente de hoje… ou não? #Reflita

O ponto que difere as duas personagens é a forma de expor tanto os sentimentos, quanto as razões. Explico: Elinor, a mais sensata, também sofre por amor. Marianne, a mais insensata, também raciocina sobre os acontecimentos de sua vida. Isso é um detalhe importante para o sucesso da história, pois acontecem em momentos diferentes. A princípio Marianne exalta o romantismo, Elinor a praticidade. No decorrer da história, através da vivência de cada personagem, acontece de Elinor ser mais emotiva e Marianne mais sensata.

Jane Austen e seu olhar para a sociedade do século XIX

Eu, que não gosto de romances sobre casamentos, tenho que admitir: Jane Austen transforma o tema batido do casamento em uma narrativa poderosa sobre o ser humano, suas atitudes e sentimentos, e, principalmente, sobre a sociedade do século XIX. Ela aborda a posição da mulher, como ela era vista e se via, e a crueldade de valorizar quem tem mais posses. Clássicos como este são feitos para serem lidos várias vezes, pois sempre há algo novo a descobrir.

(Se você ainda não leu Razão e Sensibilidade, pare por aqui, pois as próximas linhas contém spoiler. )

Elinor, a “razão”, é apaixonada por Edward, já conhecido da família, e também uma pessoa sensata, sem muitas habilidades de conquista e de conversas em público. Ela acredita que a amizade dos dois está além e que o casamento entre eles é uma questão de tempo. Marianne diz:

“a figura dele não é impactante, não tem nem um pouco de graça que eu esperaria do homem que poderia seriamente seduzir minha irmã. Faltam nos olhos dele o espírito e o fogo que anunciam ao mesmo tempo a inteligência e a virtude”.

E Elinor expõe sua opinião:

“À primeira vista, seu modo de agir certamente não é notável; e sua figura dificilmente poderá ser descrita como bonita, mas somente até o instante em que percebemos a expressão de seus olhos, que são excepcionalmente bondosos, e a doçura perene de seu semblante. No momento, eu o conheço tão bem que creio que ele é realmente bonito (…)”

As citações acima revelam características das duas personagens, por meio da forma como elas reconhecem o próximo, que neste caso é Edward. Marianne e Elinor têm visões completamente diferentes dele, nenhuma está completamente certa, nenhuma está completamente errada. O que acontece é: cada uma vê aquilo que deseja, com base em suas percepções, crenças e ilusões. “As irmãs Dashwood não julgam apenas Edward; elas também aplicam o mesmo julgamento a Willoughby, o ‘príncipe encantado’ de Marianne. Num belo dia, enquanto caminha próxima à sua casa, Marianne cai no meio da chuva e um homem lindo, forte, tipo deus grego, a socorre.” Ele a carrega até a casa, conhece sua família e mostra total preocupação com o estado de Marianne. Preciso completar que ela se apaixona loucamente pelo sujeito? Pois é.

O amor trágico

Isso é o começo da história e boa parte do livro fica focada na personagem Marianne. Após inúmeras promessas de amor, seu pretendente some do mapa, promete voltar, dar notícias, sinal de fumaça e nada, o que deixa Marianne confusa.

A convite de uma amiga da família, as irmãs partem para uma outra cidade, onde seria mais fácil Marianne encontrar o seu príncipe encantado, mas chegando até lá… escataploft! Willoughby, está de casamento marcado com outra mulher, rica, claro.

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E então o foco da história passa a ser a forma de se relacionar de Elinor, pois enquanto Marianne chora pelo amor perdido, Elinor aprende as habilidades em socializar com as pessoas que encontram. Porém, nesse período da história, Elinor já está sofrendo por ter perdido o contato com o seu amor (Edward) e, diferente de Marianne, ela segura a onda, engole o choro e segue a vida (mas por dentro está também muito desiludida com o amor).

O complexo jogo social em Razão e Sensibilidade

O início da história revela duas irmãs inocentes, cada uma presa a sua sustentação: uma à razão; outra à sensibilidade. Entretanto, com a primeira desilusão, as duas partem para uma aventura pessoal e acabam descobrindo que a vida não é simplesmente o amor, a paixão e o casamento, que a sociedade está emaranhada num complexo jogo de interesses onde é preciso saber lidar com as verdades duras que a perda da inocência pode revelar.

O meio da história apresenta novos personagens, como o coronel Brandon e a sra. Jennings. No final, além de ser um maravilhoso clássico da literatura inglesa, a mensagem é clara: com razão, sentimento ou sensibilidade, é preciso olhar além da superfície. Coberta de razões ou sensibilidades, a superfície pode enganar ou revelar grandes surpresas da vida.

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Title :
Razão e Sensibilidade
Series :
Author :
Jane Austen
Genre :
Romance. Literatura Inglesa
Publisher :
Penguim Companhia
Release Date :
Format :
Capa comum
Pages :
512
Source :
Companhia das Letras
Rating :

Respostas de 6

  1. Também prefiro o segundo título, Fran: “Razão e Sensibilidade”.

    E você mencionou algo incrível: os clássicos, a cada nova leitura, novas descobertas. Algo que sinto falta nos contemporâneos; ou não consigo reler ou não me traz nada de novo.

  2. Amo, amo e amo! Uma das coisas que eu mais gosto em Razão e Sensibilidade é que o foco principal do livro não são os romances (tanto que Edward e Cel. Brandon aparecem bem menos na narrativa que o Mr. Darcy de P&P, por exemplo), e sim a vida, percepções e comportamento das irmãs Dashwood.
    Não é meu favorito da Jane Austen, mas certamente tem a minha personagem favorita (Elinor Dashwood).

  3. Eu vi essa edição da L&PM numa livraria ontem, tive vontade de comprar mas esse título não me desceu na goela, porque raios não usaram o título Razão e Sensibilidade? Razão e Sentimento não faz tanto sentido e fica estranho, acabei não comprando :/

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