Os Beats: graphic novel (Harvey Pekar e Ed Piskor)

Como já devem ter notado, a maior parte das resenhas deste ser recém chegado ao “Livro & Café” são voltadas para a temática beat. Estou profundamente submerso na literatura desta geração que tem feito de uma escolha de tema para pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso (o famoso TCC), uma empolgação fervorosa de conhecer mais a fundo estes tais beats, que a cada leitura tem se revelado muito mais surpreendentes do que a encomenda de “On The Road” nos mostra.

Quem já leu o livro citado, o qual já resenhei aqui no site e pode ser lido aqui, já tem uma boa base para descobrir um pouco mais sobre a Geração Beat, e quem ainda não leu, vale a pena conferir.

Os Beats: graphic novel (2010, Editora Benvirá), une o útil ao agradável. Ao trazer de maneira muito coerente e séria a parte histórica dos principais autores e fatos que compuseram a geração em formato de HQ, Os Beats é um grande convite a conhecer uma gama bastante diversificada de personagens que deram formato a Geração Beat, representadas por ilustrações caprichadas e legendas que complementam de uma maneira bastante precisa e leve um roteiro muito bem traçado, que consegue em poucas páginas dedicadas a cada autor, transmitir as características e os traços marcantes de suas obras e biografias.

O projeto foi realizado de maneira colaborativa, fazendo que ao longo da leitura e com o passar dos capítulos, os traços dos desenhos e da escrita se modifiquem, tornando o registro ainda mais peculiar dado o fato que estas variações tornam cada página uma descoberta, ficando longe de se tornar entediante. A maior parte da obra são assinadas por Harvey Pekar (roteiro) e Ed Piskor (arte).

Os Beats se divide em duas partes, se é que se pode por assim dizer. Na primeira delas, é dada uma atenção especial aos três principais nomes da literatura beat: Kerouac, Ginsberg e Burroughs. Cada um com sua vida e obra bem resumida de uma maneira, em muitos pontos, bastante engraçada. Eu pelo menos me diverti bastante em vários momentos.

A segunda parte, e que compõe a maior parte do livro, intitulada “Perspectivas”, traz uma porção de tópicos, cada um representado em no máximo seis páginas diversos pontos importantes na história da geração. Vários autores e personagens muito importantes para a cena e pouco conhecidos são apresentados de uma maneira bastante cuidadosa e que faz questão de mostrar o quanto estes, mesmo não tão conhecidos, foram importantes para o seu surgimento e o legado deixado para a geração seguinte. Entre eles: Michael McClure, Philip Whalen, Rexroth, Gary Snyder, Robert Duncan, Lawrence Ferlinghetti, entre outros.

Além desses autores, há ainda registros sobre a “City Lights Books”, livraria de São Francisco onde em 1955 Allen Gisnberg fez a famosa leitura de “Howl” (Uivo), considerado hoje um espaço publico histórico, e também um capítulo chamado “Garotas Beatniks”, sobre como elas embora não muito lembradas, foram importantes e deixaram aberturas para movimentos feministas nas gerações que vieram.

É uma obra tão rica em conteúdo, que esta resenha acabará se tornando um livro sobre um livro se eu não encerrá-la por aqui. Coisas a mais para se salientar têm, mas deixo a descoberta para quem se interessar em ir atrás e conferir com os próprios olhos. Como a própria introdução do livro cita, não é uma obra definitiva sobre o Movimento Beat, mas é nova e vital. E se você que lê esta resenha tem se interessado em saber mais sobre eles, continua acompanhando o site que logo tem mais.

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Respostas de 4

  1. E está sendo ótimo paralelamente ao meu conhecimento sendo formulado, ter esse meio de divulgar esta geração tão pouco visada no Brasil. Feliz em escrever para o Livro & Café. Obrigado Fran pelo convite!

  2. Belissíma resenha, Ronie! Sei bem o que é encarar uma monografia com a Beat Generation de tema, então eu espero de coração que você se saia bem (ou que já tenha se saído bem)! É maravilhoso sempre ver novas pessoas estudando e se aprofundado nesse tema que é uma salada de ideias, fatos, prosa e poesia, motivo pra se fazer novas amizades também. E só uma pequena retificação quanto ao texto: A leitura do “Howl” não ocorreu na City Lights e sim na Six Gallery em 07 de outubro de 1955, sendo a primeira leitura pública beat da história e dando início a San Francisco Renaissance. Abração!!

  3. Valeu Guilherme. É mesmo, não sei de onde inverti as bolas. Obrigado pela correção!
    É um tema sensacional para se aprofundar mesmo. Leva um tempo para se localizar bem e se aprofundar, mas está sendo delicioso! Abração!

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