O narrador do livro Corpo Presente é obcecado por Carmen, que é ao mesmo tempo, mãe, amante, cadáver, esposa e puta. Todas e nenhuma.
Já comentei aqui uma vez que gosto da literatura contemporânea seja ela brasileira ou estrangeira, então, sempre que possível, arrisco um ou outro escritor moderninho.
A cada livro que leio, percebo que fica mais difícil encontrar algo que se sobressaia, uma ovelha negra no meio de milhares de albinas, a agulha no palheiro, a preciosidade literária. É tudo mais do mesmo e isso me deixa triste. E falar desses livros que “são mais do mesmo” não é coisa fácil, pois gera polêmica. Dia desses discuti sobre preconceito literário em um grupo do Facebook e só percebi que existe muita ignorância no mundo. Também percebi que gosto literário não se discute, se lamenta.
Mas, João Paulo Cuenca não é nada lamentável! Pelo contrário, é admirável! É a preciosidade literária, a ovelha negra, o livro que não é mais do mesmo. E como é bom encontrar o diferente no meio de tanta coisa igual!
Corpo Presente entrou para a lista das minhas melhores leituras de 2013. É um romance que retrata o cotidiano de personagens caóticos e multifacetados.
O narrador do livro Corpo Presente é obcecado por Carmen, que é ao mesmo tempo, mãe, amante, cadáver, esposa e puta. Todas e nenhuma. Carmen está presente em cada capítulo do livro, mesmo que seu nome não seja citado. Carmen é como uma deusa, onipresente. Está em todos os lugares, sua ausência é presente na lembrança.
A narrativa é forte, fragmentada e experimental, sem começo, meio ou fim. Cheia de sexo, banalidades, obcessão e violência. A linguagem é cheia de facetas! De prosa poética aos palavrões! E até os palavrões que Cuenca escreve soam bem. Os capítulos são compostos por números primos, que se dividem por si mesmos e por um. São multifacetados como as personagens do autor. Tudo muito bem pensado. Sem amadorismo. Um livro que dá de dez a zero em muitos clássicos. E foi a estreia de J. P. Cuenca na literatura. Imperdível!
Respostas de 2
Gosto literário não se discute, se lamente. CONCORDO. hahaha Eu acho que tem muita gente moderna legal. D:
Se lamenta mesmo. Têm coisas que não deveriam ser nem publicadas!
Tem muito escritor bom por aí, JP Cuenca é um deles! 🙂