Quando penso em Mary Poppins é com aquela famosa cena dela chegando na casa, voando num guarda-chuva mágico. E só. Não lembro muito bem o que acontece com a história. Mas ontem, ao assistir “Walt nos bastidores de Mary Poppins” eu fiquei me perguntando porque a história da babá não faz parte da minha pequena bagagem literária? Por que eu deixei passar uma escritora como Pamela L. Travers?
Fiquei me fazendo essas perguntas porque eu gostei muito do filme, apesar de ter lido algumas críticas negativas, eu fiquei tão envolvida com a história da criadora de Mary Poppins que meudeus.
Pamela L. Travers nasceu na Austrália, morreu em Londres no ano de 1996. O primeiro da série Mary Poppins foi publicado em 1934 e somente em 1964 que a história foi adaptada para o cinema. Tudo porque Travers não queria que a sua história fosse feita por Walt Disney por diversos motivos; alguns deles conheci no filme.
Travers, no filme, era uma mulher difícil de conviver, muito brava, rígida, dura, mas com o passar da história ela se tornou, para mim, tão encantadora. O que vi foi uma mulher extremamente zelosa com a sua criação, ao ponto de sentir um tipo de ciúmes em ver pessoas mexendo nas cenas de sua história, escolhendo músicas e desenhando os seus personagens.
Além do ciúme, é o medo de remexer em seu próprio passado que faz Travers se empenhar em fazer Disney desistir da adaptação, porém, claro, tem a questão financeira – que fica em segundo plano na história – mas sabe-se que na época do filme, Travers já não vendia tantos livros e realmente precisava dar uma recheada em sua conta bancária.
Cada discussão entre a criadora de Mary Poppins e a equipe de adaptação – roteirista, desenhista e o responsável pela trilha sonora – Travers relembra a sua difícil infância ao lado de um pai alcoólatra e uma mãe depressiva (tem uma cena da mãe que foi impossível não lembrar de Virginia Woolf).
Eu amei o filme do começo ao fim, fiquei encantada com a rabugice de Pamela L. Travers. As cenas dela odiando o Mickey, Pateta & Cia me fez rir bastante (porque eu me identifico), outras com o motorista que Disney arrumou para ela me deixou muito emocionada.
No original o título do filme é “Saving Mr. Banks”, pois diferente do livro, o filme de 1964 tem um final feliz para o personagem que representa o pai de P.L. Travers.
Certeza que irei assistir ao filme diversas vezes, pois eu gostei muito dos diálogos, todas as cenas estão especiais e acredito, um mérito do roteirista, a direção e todos os atores. Que filme bonito! Vou ler Mary Poppins.