Ah, O Pequeno Príncipe…. Em todo lugar ele está. Na lista de promoções das livrarias virtuais, nos lançamentos do cinema, nas entrevistas das Misses e, é claro, no Facebook de algum amigo seu. Ele é onipresente, sem dúvida. Ninguém mais consegue olhar o desenho da jiboia que engoliu um elefante e ver nele um chapéu. Assim como ninguém mais escuta o “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas” sem saber de onde a frase vem.
Sim, o poder de “O Pequeno príncipe”, publicado em 1943, já atravessou gerações e, sem dúvida, atravessará muitas mais. Mas de onde vem esse poder? Será da delicadeza da história? Da tristeza e da empatia que ela gera? Talvez. Mas mais do que isso, o que a torna inesgotável é a paixão. Quem conhece sua história só pode concluir isso: é a paixão de Antoine de Saint-Exupéry que transformou seu livro em mágica e seu príncipe em imortal.
Leia também: O pequeno príncipe (Antoine de Saint-Exupéry): também é uma crítica à linguagem ruim dos adultos
A obra lançada recentemente pela Companhia da Letras “O piloto e o Pequeno Príncipe: a vida de Antoine de Saint-Exupéry”, de Peter Sís foi que me fez concluir isso. Em um livro repleto de arte, tanto das letras quanto das tintas, somos levados pela mão para o universo de Antoine. Passo por passo, ou melhor, voo por voo, vemos ser narrada a vida desse escritor. Suas empreitadas, jornadas e aventuras são sempre pontuadas pelo mesmo sentimento: a paixão pelos ares. E não só os da aviação, mas principalmente os da imaginação.
A obra em questão é tão bem elaborada que permite uma infinidade de leituras, links e interpretações. Mais do que uma resenha linear, imaginei apresentar para vocês sete detalhes que fazem de “O piloto e o Pequeno Príncipe” um livro inesquecível.
1. Você conhece em detalhes o autor que deu vida ao Pequeno Príncipe.
Você sabia que Antoine perdeu o pai aos quatro anos? E que aos doze ele criou sua primeira máquina voadora (que não voou, infelizmente)? E que ele, por algum tempo, trabalhou como piloto do correio aéreo? Para quem se interessa por biografias, é um ótimo meio de apresentá-las desde cedo aos novos leitores.
2. Pelas curiosidades sobre aviação na obra.
Quem for fascinado por aviação ainda vai encontrar uma série de curiosidades espalhadas pelo livro. Sim, além do texto principal, há inúmeros hipertextos que narram tanto curiosidades do próprio Antoine quanto da história dos aviões e das máquinas de voar.
3. Em O piloto e o pequeno príncipe, o texto é muito delicado.
Os livros para crianças são sempre muito complexos de se escrever. Eles não podem, de maneira alguma, subestimar o seu leitor. E Peter Sís evita isso de modo brilhante. O texto é muito delicado e inclui questões quase filosóficas que permitem, sem dúvida, boas e longas conversas sobre a história de Antoine e sobre a própria vida.
4. As ilustrações são belíssimas!
O livro todo é de encher os olhos. Há desenhos e aquarelas muito delicadas que conseguem extrapolar o texto, inclusive. Há momentos em que os sentimentos são expressos só pelas cores e os traços do pincel. A força da Guerra está no vermelho que escorre pela página. A solidão de perder seus amigos está em uma pintura de folha dupla, toda em azul marinho, apenas com a lua e seu reflexo nas águas. Tudo muito lindo e, melhor, muito significativo.
5. Não bastando ser belas, as ilustrações ainda dão sentidos diferentes para o texto.
Além de fazer com que os sentimentos sejam expressos, as pinturas que são do próprio autor ainda brincam com a imaginação dos pequenos. Como nesse caso em que Antoine é alertado por um amigo a não se basear apenas nos mapas, mas prestar atenção nas “feições das paisagens” e o que se segue é isso:
6. Easter Eggs!
Sabe aqueles detalhes quase escondidos que você precisa ter certo olhar especial para perceber? Então, o livro inclui uma série deles. Tanto referentes ao Pequeno Príncipe e sua amiga raposa quanto a outras obras, como esta lua, por exemplo, que remete ao primeiro filme do cinema com voos espaciais, o famoso “Viagem à Lua” de Georges Méliès.
7. A infinidade de leituras possíveis.
Você pode ler só a vida de Antoine. Ou só as curiosidades sobre ele. Ou só as ilustrações. Ou você pode fazer sua própria leitura a partir das perguntas e hipóteses lançadas no texto. Ou tudo isso junto. Ou muito mais. O livro tem essa multiplicidade de caminhos que faz sua leitura se prolongar e se repetir, sempre com novos significados.
E se nada disso lhe convenceu ainda a ler “O piloto e o Pequeno Príncipe”, com licença que vou continuar namorando o meu.