Juan Pablo Villalobos é um escritor mexicano que faz muito sucesso aqui no Brasil e também em outros países. Ganhou prêmios mundiais importantes e o seu livro Festa no Covil, o primeiro da carreira, já foi traduzido para diversos países.
“Realmente os cultos sabem muitas coisas dos livros, mas não sabem nada da vida” (Festa no covil, p. 19)
Na história, curta, mas completa e eficiente, vamos conhecer a vida de um garoto muito solitário e que vive numa mansão com o seu pai, um poderoso traficante de drogas.
Tochtli é o nome do garoto. É ele também que narra a história. Pelos olhos dele, vamos adentrar à rotina da vida de um traficante milionário que, para compensar o isolamento em que colocou o próprio filho, agrada-o de todas as maneiras possível – e impossíveis também.
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A violência
O pai, que chama-se Yocault (eu pronuncio Yakult mesmo rs), mantém uma certa regra em tentar esconder de seu filho o mundo violento a qual pertence, porém, Tochtli é um garoto muito atento e consegue perceber as dificuldade que o pai enfrenta diariamente, que inclui: matar pessoas e esconder o corpo, se envolver com política, fugir da polícia, manter o filho longe do quarto de armas, etc. Então, à medida que a leitura avança, o leitor fica chocado com a forma que a criança enxerga o mundo violento a qual pertence.
É uma violência descarada, absurda, mas muito real e também o único jeito de vida que Tochtli conhece, afinal, ele vive “trancado” na mansão com o seu pai, os amigos traficantes e os funcionários da casa.
O personagem explica para o leitor que ele consegue escrever o próprio livro porque é muito inteligente, conhece algumas palavras difíceis, é um exímio leitor e tem aulas particulares todos os dias.
A ideia do garoto é contar como ele conseguiu realizar um de seus grandes sonhos, que era ter um hipopótamo anão da Libéria, porém, como só a ingenuidade de uma criança permite, Tochtli acaba contando outra história, mas também tão triste quanto matar animais.
Assim, Festa no Covil é um livro ao mesmo tempo divertido e cruel; “sórdido, nefasto, pulcro, patético e fulminante” – as tais palavras difíceis que o garoto conhece e se orgulha por isso.
Inocência, desesperança e solidão
O livro também é sobre inocência, desesperança e solidão. O leitor sente algo desesperador e trágico com a história que o garoto conta, mas também com a postura dele perante tanta crueldade. Ele já se tornou alguém indiferente à violência e, no único momento em que Tochtli parece comovido com a vida, ela não consegue explicar o que está sentindo, como se sentir algo bom não existisse.
Por fim, Tochtli também critica a literatura, os livros que só contam coisas que já aconteceram, para o garoto, bom mesmo seria se existisse um livro que contasse uma história sobre o presente, sobre o dia de hoje, sobre como o mundo é hoje. Acredito que Festa no Covil é um exemplo de um livro atual. A sua história trágica está acontecendo exatamente agora, em algum lugar no México, ou na América do Sul, ou em qualquer canto do mundo.
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