Brasil: uma história – cinco séculos de um país em construção (Eduardo Bueno)

Conheci Eduardo Bueno na época da faculdade. Lendo e pesquisando sobre a “Geração Beat”, seu nome era muito recorrente. Peninha, como é conhecido, jornalista e escritor, foi um dos principais responsáveis pela disseminação da beat no Brasil. Tradutor de On the Road/ Pé na estrada entre diversos outros títulos. Ainda naquele período, ao “linkar” a contracultura e as movimentações artísticas que se inspiraram na geração de Kerouac, acabei também por me deparar com vídeos e textos nos quais se mostrava um profundo conhecedor e fã de Bob Dylan, ao qual ele chegou a conviver e acompanhar como amigo em turnês.

Brasil uma história

Mas o que mais me chamou a atenção foi a forma profunda, mas ao mesmo tempo despojada com a qual ele travava as histórias registradas em seus livros sobre o Brasil, em entrevistas ao Jô Soares, por exemplo. É a história tirada das prateleiras empoeiradas das escolas, e que se faz capaz de atrair um adolescente ou alguém que possa nunca ter se interessado pela própria história.

Brasil: uma história – cinco séculos de um país em construção (Leya, 2012) segue esta linha. Foge da formalidade acadêmica sem ser banal, resume sem ser leviano. São mais de 500 anos de história sintetizados em 480 páginas, que te levam da pré-história brasileira (Luzia, que Deus a tenha), até a posse de Dilma Rousseff.

“(…) vieram a devastação das matas, a escravização indígena em larga escala, os desatinos do monopólio e da monocultura, a infâmia inominável do tráfico negreiro, a vertigem do lucro fácil, o latifúndio, a pirâmide social exclusivista, a ganância desenfreada – vícios que o Brasil, em vez de sanar, incorporou.”

p. 44

Como o autor cita na introdução ao livro, a história pulsa – viva – dentro e fora dos colégios; nas esquinas, nas praças e nas prisões; nos shoppings e nas favelas; nos estádios e nas estradas; nos condomínios fechados e nas veias abertas de nações que ainda sangram. Pra mim, é mais do que nunca momento de espalhar o conhecimento por meio acadêmico, literário, do diálogo embasado; ao mesmo passo que, o conhecimento tem que ser para todos: acessível e descomplicado. Eduardo Bueno fez a sua parte, nesta e em outras obras que irei resenhar em breve. E é o que aquela máxima diz: “o povo que não conhece a sua história está condenado a repetí-la”.

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