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O que é utopia?

Explore o conceito de utopia e entenda suas diversas interpretações históricas e filosóficas. Descubra como a ideia de uma sociedade ideal influenciou pensadores, escritores e movimentos sociais ao longo dos séculos.

Utopia é mais ou menos como uva passa. As pessoas amam ou odeiam. Quer dizer, com a utopia é um pouco diferente: as pessoas creem ou não nesse conceito.

Como assim? Continue a leitura e, prometo, você vai entender tudinho.

Significado de utopia

Utopia é uma palavra de origem grega, formada por dois fragmentos: OU+TOPOS. OU significa “não” e TOPOS, por sua vez, quer dizer “lugar”. Seu significado é, portanto, “não lugar“, “lugar nenhum“, ou ainda, “lugar que não existe“.

Porém, existe outra leitura interessante da palavra. O prefixo “u”, no grego, pode indicar “eu”, que significa algo que é nobre, justo e  abundante. Utopia é também eutopia, ou seja, “lugar feliz“.

Thomas Morus: o pai da palavra

São Thomas More por Hans Holbein, o Jovem (1527).

Normalmente, as palavras se formam ao longo do tempo, conforme as pessoas fazem uso delas. De acordo com o uso comum dos falantes de uma época, as palavras se transformam em outras, novinhas em folha. Mas a utopia é diferentona. Ela tem um pai: Thomas Morus ou Thomas More (como você pode perceber, até os nomes próprios podem mudar com o tempo).

Esse cidadão, que aqui chamaremos de Thomas Morus, cunhou o termo que ficou marcado na história da humanidade. E entender o contexto de surgimento desta palavra é essencial para saber muito bem o seu significado completo. E mais: porque ela divide opiniões.

Conheça o livro Utopia

O que é utopia?

Utopia é o nome de um livro de ficção escrito por Thomas Morus em 1516. Na obra, o autor conta sobre a ilha de Utopia, local em que se organiza uma sociedade ideal, mítica, sem ambição, onde todos vivem muito bem.

Existe um sem número de artigos e trabalhos acadêmicos discutindo as possíveis interpretações deste livro e quais os impactos dele para a política e sociedade. Há os que interpretam a obra de Morus como um projeção de uma organização social comunista. Outros, no entanto, vêem o texto como uma crítica à sociedade feudal da época em que o autor viveu. Seja como um exercício literário ou como uma configuração prévia do socialismo, esse livro deu origem a, basicamente, dois sentidos para essa palavra:

  1. utopia como algo impossível;
  2. utopia como esperança.

Como algo impossível

“Ih, isso daí é utópico, nunca vai dar certo”. Se você é uma pessoa sonhadora, é provável que já tenha ouvido que suas ideias são utópicas. E o sentido que isso traz é fatal: algo que não existe, que é impossível.

E de onde vem essa ideia? Bem, de uma interpretação da obra de Morus. Veja, se utopia é um não lugar, isso indica que não é real. E essa é a base da perspectiva cética ou descrente de que falamos lá no início do texto.

Só que tem mais uma coisa: a utopia também é vista como uma ideia perfeita, um modelo perfeito de sociedade que, por vários motivos, não é possível de ser alcançado. Afinal, você já deve ter ouvido aquela conversa de que nada é perfeito… Assim, qualquer esforço seria perda de tempo.

Essa forma pessimista de ver a situação é a preferida dos que acreditam em uma essência má do ser humano. Ah, e é a queridinha dos defensores do capitalismo, pois esse sistema imperfeito é o único possível, diz essa turma, o resto é inalcançável. Esse tipo de discurso vem dos mesmos criadores do “Na prática a teoria é outra”.

Como esperança

No campo oposto estão os que encaram a essa ideia como algo que ainda não possui lugar na realidade, mas que é possível. Essa visão está de olho no futuro e aposta que a sociedade está em constante transformação e que tais mudanças podem levar a um mundo cada vez melhor. O discurso que tira a utopia do campo das possibilidades, inclusive, é típico de grupos sociais que querem que as coisas continuem exatamente como estão.

Essa segunda vertente interpretativa é otimista e acredita em um mundo mais justo como algo não apenas possível, mas que deve ser buscado. Não adianta ficar só esperando. Já dizia a música: “quem espera nunca alcança”.

Neste sentido, o mundo ideal não é mais impossível, mas uma referência e um objetivo pelo qual vale a pena lutar. Eduardo Galeano descreveu assim:

A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.

A ideia da utopia como esperança faz com que o mundo ideal não seja um ponto estático e imutável. Na realidade, ele se transforma quando o presente se transforma. Assim, o que era utopia para Thomas Morus pode não ser o que hoje nós vemos como uma sociedade ideal.

Agora você entende porque utopia é amada e desejada por uns enquanto é desprezada por outros? Caso tenha dúvidas, fique à vontade para compartilhar nos comentários. Aproveita e responde para mim: o que é um mundo utópico para você?

Para saber mais sobre utopia:

Conheça o canal Livro&Café:

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Respostas de 2

  1. Os que não acreditam em utopia não são os que não acreditam em mundo melhor ou que não podemos avançar grandamente em todos os sentidos. E também não é pessimismo, é apenas realismo, pela razão que não é possível alcançar um estado perfeito e ideal, pq o quê é um estado perfeito e ideal? O que é para uma pessoa ou um grupo de pessoas pode não ser para outra. A menos que se extermine ou silencie os que pensam diferente como, fizeram muitos ditadores no passado na busca do que achavam ser a tal utopia de uma sociedade igualitária e harmoniosa. Um realista acredita chegar em um melhor mundo possível ou viável, mas acredita em contos de fadas que obrigam a todos viverem e pensarem de uma forma, ou que uma ideologia seja o melhor para todas as pessoas, por isso deve ser imposta a força. Vemos que a historia nos mostra que podemos melhorar com o pé de no chão. Mas anseios utópicos levaram sempre a genocídios e ditaduras totalitárias.

  2. E os que rejeitam a utopia que é impraticável até em uma sociedade de robôs que supostamente todos viveriam pelo bem da coletividade em uma sociedade perfeita. Se é que se pode chamar isso de sociedade perfeita, mas digamos harmoniosa. Não acreditam, necessariamente, que a essência humana é intrinsicamente má. Mas também não são ingênuos, observando a natureza humana, em acreditar que são bonzinhos. Pelo contrário, os que não reconhem o mal dentro da própria natureza e pensam que são bonzinhos, são os que mais cometeram atrocidades sem peso na consciência e, acreditam que a moralidade é relativa. Observando o mundo vemos que o ser humano é capaz de coisas boas e maravilhosas e de coisas hediondas e terríveis. Dizer que a sociedade corrompe o homem é falso, já que quem faz a sociedade é o próprio homem. Devemos desconfiar em santos que prometem o paraíso nessa terra e para isso estão dispostos a qualquer meios que justificam os fins.

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