19 poemas curtos para crianças comentados

Encante as crianças com 19 poemas curtos e divertidos que estimulam a imaginação e a criatividade. Descubra versos simples e encantadores perfeitos para momentos de leitura em família ou na escola.

Muitas vezes ficamos quebrando a cabeça para descobrir a melhor forma de introduzir a arte das palavras para as crianças. Uma boa forma de iniciar o mergulho infinito no maravilhoso reino das palavras é com a leitura de poemas curtos para crianças. Pensando nisso, selecionamos lindos poemas para ler e se emocionar com os pequenos. E para a sua leitura ficar mais rica, adicionamos comentários aos final de cada poema que funcionam como uma breve interpretação.

Confira abaixo 19 poemas curtos para crianças:

1. Receita de espantar a tristeza, de Roseana Murray

Faça uma careta
e mande a tristeza
pra longe pro outro lado
do mar ou da lua

vá para o meio da rua
e plante bananeira
faça alguma besteira

depois estique os braços
apanhe a primeira estrela
e procure o melhor amigo
para um longo e apertado abraço.

Esse poema de Roseana Murray propõe uma abordagem lúdica e amorosa para lidar com a tristeza. E funciona muito bem numa leitura individual ou com mais crianças ao seu redor. A poetisa sugere que pequenos gestos e atitudes, como fazer caretas, plantar bananeira e abraçar um amigo, podem ajudar a afastar a tristeza. Ou seja, esse poema para crianças destaca a simplicidade e a espontaneidade como formas eficazes de lidar com a tristeza, sugerindo que ações lúdicas e conexões humanas genuínas são poderosas ferramentas para encontrar alegria e conforto.

2. O Cuco – Marina Colasanti

Mais esperto que maluco
este é o retrato do cuco.
Taí um que não se mata
pra fazer um pé-de-meia
e nem pensa em bater asa
pra construir a casa.
Para ele o bom negócio
é morar em casa alheia,
e do abuso nem se toca.
Os seus ovos, rapidinho,
põe no ninho do vizinho
depois vai curtir um ócio
enquanto a vizinha choca

“O Cuco,” de Marina Colasanti, revela a esperteza do cuco, que evita o trabalho de construir seu próprio ninho e cria seus filhotes à custa dos outros. Enquanto os outros pássaros chocam os ovos e cuidam dos filhotes, o cuco aproveita a vida sem se preocupar. É um poema para criança que abre muitos caminhos para conversas sobre esforço, compensação, malandragem…

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3. O Menino Azul – Cecília Meireles

O menino quer um burrinho
para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar.

O menino quer um burrinho
que saiba dizer
o nome dos rios,
das montanhas, das flores,
– de tudo o que aparecer.

O menino quer um burrinho
que saiba inventar histórias bonitas
com pessoas e bichos
e com barquinhos no mar.

E os dois sairão pelo mundo
que é como um jardim
apenas mais largo
e talvez mais comprido
e que não tenha fim.

(Quem souber de um burrinho desses,
pode escrever
para a Ruas das Casas,
Número das Portas,
ao Menino Azul que não sabe ler.)

O poema de Cecília Meireles retrata o anseio infantil por amizade, conhecimento, aventura e imaginação, emoldurados pela simplicidade e a pureza dos sonhos de uma criança. É um poema que expressa os desejos e a imaginação de um menino que busca um companheiro especial. Este poema tão lindo fala sobre a inocência e as aspirações infantis de forma doce e poética. E sem contar que até dá um quentinho no coração de nós adultos também…

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4. Quando as crianças brincam – Fernando Pessoa

“Quando as crianças brincam
E eu as oiço brincar,
Qualquer coisa em minha alma
Começa a se alegrar.

E toda aquela infância
Que não tive me vem,
Numa onda de alegria
Que não foi de ninguém.

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Se quem fui é enigma,
E quem serei visão,
Quem sou ao menos sinta
Isto no coração.”

“Quando as crianças brincam”, de Fernando Pessoa, é um poema que explora a alegria e a nostalgia provocadas pela visão das crianças brincando. Fernando Pessoa nos traz uma reflexão sobre a alegria inocente das crianças e como essa alegria ressoa no poeta, trazendo à tona sentimentos de nostalgia, introspecção e um profundo sentido de conexão com sua própria essência. Apresentar as poesias de Fernando Pessoa para as crianças é, sem dúvida, uma escolha feliz!

5. Pontinho de Vista – Pedro Bandeira

Eu sou pequeno, me dizem,
e eu fico muito zangado.
Tenho de olhar todo mundo
com o queixo levantado.

Mas, se formiga falasse
e me visse lá do chão,
ia dizer, com certeza:
— Minha nossa, que grandão!

Pedro Bandeira explora de maneira lúdica como a percepção de tamanho é relativa e depende do ponto de vista, ensinando uma lição valiosa sobre autopercepção e empatia. Um bom poema para se trabalhar também nas escolas.

6. O amor aprendemos inteiro – Emily Dickinson

“O Amor aprendemos Inteiro –
O Alfabeto – As Palavras –
Um Capítulo – e o Livro todo –
E da Revelação – o segredo –
Mas nos olhos Uma da Outra
Divisou-se a Ignorância –
Mais divina do que a Infância –
Uma e Outra, Crianças –
Buscando explicações –
Nenhuma entendeu – nada –
Ai! Como é largo o Saber –
E a Verdade – que complicada –”

A poeta Emily Dickinson nos dá uma reflexão poderosa sobre a complexidade do amor e do conhecimento. Este poema celebra a jornada do amor e do conhecimento, destacando tanto o progresso quanto as limitações inerentes à tentativa de entender algo tão profundo e misterioso.

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7. A porta – Vinicius de Moraes

Sou feita de madeira
Madeira, matéria morta
Não há nada no mundo
Mais viva que uma porta

Eu abro devagarinho
Pra passar o menininho
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado

Eu abro bem prazenteira
Pra passar a cozinheira
Eu abro de supetão
Pra passar o capitão

Eu fecho a frente da casa
Fecho a frente do quartel
Eu fecho tudo no mundo
Só vivo aberta no céu!

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O poema do genial Vinícius de Moraes celebra a importância e a versatilidade de uma porta, usando-a como metáfora para abordar temas de acesso, proteção, e a busca por liberdade e transcendência.

8. Poeminha do Contra – Mario Quintana

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!

Este poema curto e direto utiliza um jogo de palavras para expressar resiliência e otimismo. A imagem do “passarinho” contrasta com aqueles que atrapalham o caminho, sugerindo que, apesar dos obstáculos, o eu lírico se elevará leve e livre, como um pássaro.

9. A bailarina – Cecília Meirelles

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá

Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.

Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.

O poema retrata o sonho inocente de uma menina pequena que quer ser bailarina. Apesar de não conhecer as notas musicais, ela se move graciosamente, simbolizando a pureza e a aspiração infantil. O poema conclui com a realidade de que, apesar de seus sonhos, ela ainda é uma criança que precisa descansar.

10. A Lua foi ao Cinema – Paulo Leminski

A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.

Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!

Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava para ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.

A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:
– Amanheça, por favor!

Neste poema, a lua, personificada, vai ao cinema e se identifica com a história de uma estrela solitária e pequena. A narrativa reflete a solidão e a tristeza da lua ao ver a história de amor não correspondido da estrela, sugerindo um desejo de amanhecer, de mudança e de companhia.

11. A Centopeia – Marina Colasanti

Quem foi que primeiro
teve a ideia
de contar um por um
os pés da centopeia?

Se uma pata você arranca
será que a bichinha manca?

E responda antes que eu esqueça
se existe o bicho de cem pés

será que existe algum de cem cabeças?

O poema brinca com a curiosidade e a imaginação infantil sobre a centopeia, questionando quantos pés ela realmente tem e as implicações de perder um deles. A menção a um bicho de cem cabeças no final mantém o tom lúdico e intrigante, convidando o leitor a refletir sobre a natureza e a fantasia.

12. Para ir à Lua – Cecília Meirelles

Enquanto não têm foguetes
para ir à Lua
os meninos deslizam de patinete
pelas calçadas da rua.

Vão cegos de velocidade:
mesmo que quebrem o nariz,
que grande felicidade!
Ser veloz é ser feliz.

Ah! se pudessem ser anjos
de longas asas!
Mas são apenas marmanjos.

Este poema fala sobre o desejo de velocidade e a felicidade que isso traz para as crianças, que deslizam pelas calçadas em seus patinetes. Embora imaginem ser anjos, eles são apenas marmanjos, mas sua busca por velocidade e liberdade é uma metáfora para a busca da felicidade e da aspiração.

13. Convite – José Paulo Paes

Poesia
é brincar com palavras
como se brinca
com bola, papagaio, pião.

Só que
bola, papagaio, pião
de tanto brincar
se gastam.

As palavras não:
quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam.

Como a água do rio
que é água sempre nova.

Como cada dia
que é sempre um novo dia.

Vamos brincar de poesia?

José Paulo Paes compara a poesia ao brincar com palavras, destacando que, ao contrário dos brinquedos que se desgastam, as palavras permanecem sempre novas e frescas. O poema convida os leitores a se envolverem com a poesia, explorando sua vitalidade e renovação constante, como a água de um rio ou um novo dia.

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14. Se – Paulo Leminsky

Se
nem
for
terra

Se
trans
for
mar.

Este poema curto brinca com a transformação das palavras e o jogo de significados. “Se nem for terra” sugere uma incerteza ou dúvida sobre a natureza da terra, enquanto “Se trans for mar” transforma a incerteza em algo fluido e vasto como o mar. A transformação linguística reflete a flexibilidade do pensamento e da interpretação.

15. Ser criança – Tatiana Belinky

“Ser criança é dureza-
Todo mundo manda em mim-
Se pergunto o motivo,
Me respondem “porque sim”.

Isso é falta de respeito,
“Porque sim” não é resposta,
Atitude autoritária
Coisa que ninguém gosta!

Adulto deve explicar
Pra criança compreender
Esses “podes” e “não podes”,
Pra aceitar sem se ofender!

Criança exige carinho,
E sim! Consideração!
Criança é gente, é pessoa,
Não bicho de estimação!”

O poema expressa a frustração de uma criança com a autoridade e a falta de explicações dos adultos. A criança reclama do desrespeito e da falta de consideração, exigindo carinho e compreensão. O poema sublinha a importância de tratar a criança como um ser humano completo, digno de respeito e explicações.

16. A Canção dos tamanquinhos – Cecília Meireles

Troc…  troc… troc…  troc…
ligeirinhos, ligeirinhos,
troc…  troc… troc…  troc…
vão cantando os tamanquinhos…

Madrugada.   Troc… troc…
pelas portas dos vizinhos
vão batendo, Troc…  troc…
vão cantando os tamanquinhos…

Chove.  Troc… troc…  troc…
no silêncio dos caminhos
alagados, troc…  troc…
vão cantando os tamanquinhos…

E até mesmo, troc…  troc…
os que têm sedas e arminhos,
sonham, troc…  troc… troc…
com seu par de tamanquinhos…

Este poema usa a repetição rítmica “troc… troc…” para imitar o som dos tamanquinhos (calçados de madeira) andando. O ritmo constante e as imagens de diferentes momentos do dia e condições climáticas sugerem a continuidade da vida e a presença simples e persistente dos tamanquinhos. Mesmo os que têm sedas e arminhos sonham com a simplicidade e a constância dos tamanquinhos.

17. Baile no sereno – Ruth Rocha

Cantador canta tristeza,
canta alegria também.
É de sua natureza
cantar o mal e o bem.
Pois ele tem dentro dele
o canto que o canto tem…

Por isso, se o mar secar,
se cobra comprar sapato,
se cachorro virar gato,
se o mudo puder falar,
Se a chuva chover pra cima,
se barata for grã-fina,
Quando o embaixador for em cima,
Cantador vai se calar.

A poesia curta destaca a natureza dual do cantador, que canta tanto a tristeza quanto a alegria, representando a vida em toda a sua complexidade. A lista de eventos impossíveis enfatiza a ideia de que o cantador nunca deixará de cantar, a menos que ocorra algo extremamente improvável. O poema curto celebra a resiliência e a inevitabilidade do canto como expressão da condição humana.

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18. As borboletas – Vinicius de Moraes

Brancas
Azuis
Amarelas
E pretas
Brincam
Na luz
As belas
Borboletas.

Borboletas brancas
São alegres e francas.

Borboletas azuis
Gostam muito de luz.

As amarelinhas
São tão bonitinhas!

E as pretas, então…
Oh, que escuridão!

Este poema curto para crianças celebra a diversidade e a beleza das borboletas, comparando suas cores e características. As borboletas brancas são descritas como alegres e francas, as azuis gostam de luz, as amarelinhas são bonitinhas, enquanto as pretas trazem uma sensação de escuridão. A simplicidade e a leveza do poema destacam a fascinante variedade das borboletas e suas diferentes personalidades.

19. Ao pé de sua criança – Pablo Neruda

O pé da criança ainda não sabe que é pé,
e quer ser borboleta ou maçã.

Mas depois os vidros e as pedras,
as ruas, as escadas,
e os caminhos de terra dura
vão ensinando ao pé que não pode voar,
que não pode ser fruta redonda num ramo.

Então o pé da criança
foi derrotado, caiu
na batalha,
foi prisioneiro,
condenado a viver num sapato.

Pouco a pouco sem luz
foi conhecendo o mundo à sua maneira,
sem conhecer o outro pé, encerrado,
explorando a vida como um cego.

Neste poema pequeno porém mágico, Neruda personifica o pé de uma criança, mostrando seu desejo inicial de liberdade e imaginação, querendo ser uma borboleta ou uma maçã. No entanto, a realidade do mundo ensina ao pé que ele não pode voar nem ser uma fruta, condenando-o a viver dentro de um sapato. Com o tempo, o pé se adapta, explorando o mundo à sua maneira, mas sempre limitado por essa nova realidade. O poema reflete a perda da inocência e a aceitação das limitações impostas pela vida.

Esperamos que você tenha gostado de nossa seleção de poesias curtas para as crianças. Se você tiver alguma outra sugestão, envie uma mensagem para nós!

No YouTube tem um vídeo que te ensina como ler para as crianças!

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