Adentrar no universo da literatura italiana é mergulhar em narrativas que atravessam séculos, influenciando não apenas a Itália, mas deixando uma marca indelével na expressão literária global.
A literatura italiana tem origens que remontam à Idade Média, com obras notáveis como “A Divina Comédia” de Dante Alighieri, escrita no início do século XIV. Este épico poético não apenas marcou o início da literatura italiana, mas também estabeleceu as bases para a língua italiana moderna, combinando elementos de dialetos regionais em uma forma unificada.
Principais Características
A literatura italiana, ao longo de sua rica trajetória, ostenta características distintivas que a tornam uma joia literária única. Em sua fase inicial, destacam-se a maestria na utilização da língua vulgar, como evidenciado por Dante Alighieri em “A Divina Comédia”. Este épico poético não só consolidou a língua italiana, unificando dialetos regionais, mas também introduziu a profundidade temática e a exploração da condição humana que se tornariam marcas registradas.
A abordagem realista e perspicaz dos temas sociais e filosóficos por autores como Giovanni Boccaccio, em “Decameron”, é outra característica marcante. A literatura italiana, ao longo do Renascimento e além, exibiu uma habilidade única em mesclar o quotidiano com a reflexão profunda, proporcionando uma experiência literária que transcende o tempo.
A contemporaneidade da literatura italiana mantém essa tradição, encontrando novas formas de expressar as complexidades da sociedade moderna. Elena Ferrante, por exemplo, na série “A Amiga Genial”, tece uma narrativa cativante sobre amizade e identidade em um contexto de mudanças sociais, mostrando como a literatura italiana continua a ser uma voz relevante e atemporal. A fluidez entre o realismo e o simbolismo, aliada a uma habilidade inata de capturar a essência humana, solidifica a literatura italiana como um legado literário que não apenas resistiu ao teste do tempo, mas também continua a enriquecer o panorama literário global.
Reverberações atuais
A influência da literatura italiana se estende muito além das fronteiras nacionais. A obra de autores como Italo Calvino, com “Se um viajante numa noite de inverno“, transcendeu barreiras linguísticas, inspirando escritores e leitores em todo o mundo. A sofisticação narrativa e a riqueza cultural dessas obras continuam a ser fontes de inspiração para muitos.
A literatura italiana contemporânea mantém a tradição de explorar questões sociais e humanas. Autores como Elena Ferrante, com a série “A Amiga Genial“, abordam temas como amizade, identidade e desigualdade de gênero, mantendo a literatura italiana relevante e impactante nos dias de hoje.
Conheça abaixo nossa lista de 17 livros da Literatura Italiana que merecem ser lidos já!
1. “A Divina Comédia” – Dante Alighieri
A Divina Comédia descreve, de forma épica, a jornada de três dias de Dante, tendo como ajudante Virgílio, a voz da razão e Beatriz, o símbolo da Palavra de Deus. É o retrato alegórico da vida humana até Deus. O longo poema épico é narrado em primeira pessoa, onde Dante é o narrador e, ainda, o personagem principal. Saiba mais em 5 motivos para ler A Divina Comédia – Dante Alighieri
2. “Decameron” – Giovanni Boccaccio
Giovanni Boccaccio é considerado uma das grandes vozes do Renascimento italiano – ao lado de Dante e Petrarca – e, com O Decamerão, que inaugurou a prosa de ficção ocidental, foi capaz como poucos de canalizar um manancial de narrativas em uma estrutura complexa, mas ao mesmo tempo acessível e atrativa. As cem histórias desta obra monumental versam sobre os mais variados traços da vida humana, com suas riquezas e contradições, suas paixões e armadilhas. A obra-prima de Boccaccio, ao se desprender da moral medieval e abrir caminho rumo ao realismo, tornou-se um marco singular na literatura e uma fonte de influência para luminares como Shakespeare e Cervantes, além de muitos modernos que vieram posteriormente. COMPRE NA AMAZON
3. “Os Noivos” – Alessandro Manzoni
Situado na Lombardia durante o domínio espanhol do final da década de 1620, Os noivos conta a história de dois jovens e humildes camponeses, Renzo e Lucia, impedidos de se casarem e perseguidos por Dom Rodrigo, fidalgo mais poderoso das redondezas que, por causa de uma aposta, decidiu seduzir a moça. Forçados a fugir, os noivos são cruelmente separados e devem enfrentar infortúnios como a peste, a fome e a prisão, além de se confrontar com vários personagens — a misteriosa freira de Monza, o impetuoso Padre Cristoforo e o sinistro Inominado —, sem nunca perder a confiança na Providência.
Baseado em uma rigorosa pesquisa histórica e linguística, Manzoni pinta o ambiente italiano do século xvii e oferece um painel dos inúmeros tipos humanos que podemos encontrar durante a vida. COMPRE NA AMAZON
4. As pequenas virtudes (Natalia Ginsburg)
O livro reúne onze textos da italiana Natalia Ginzburg situados entre o ensaio e a autobiografia. Lançado em 1962, é considerado uma das grandes obras da escrita memorialística do século XX. Trata-se de uma prosa límpida, elegante, aliada ao vigor típico dos escritores que, ao falar das coisas mais prosaicas, desvelam as vivências mais profundas. + Amazon
5. “O Leopardo” – Giuseppe Tomasi di Lampedusa
Ambientado num universo intensamente melancólico e sensual e repleto de elementos de ironia e humor, O Leopardo acompanha a história de Dom Fabrizio Salina e de sua decadente família aristocrática siciliana ― cujo brasão carrega inscrito o Leopardo que dá nome ao livro ―, ameaçados pelas forças revolucionárias e democráticas durante os embates dessa transição. Nesse intrincado contexto, Salina precisa decidir como encarar as novas mudanças que se impõem tanto em sua vida pública como privada. Único romance do escritor italiano, O Leopardo foi recusado por duas editoras e só veio a ser publicado um ano depois da morte de Lampedusa, em 1958, quando ganhou atenção da crítica e transformou-se num cultuado best-seller na Itália. COMPRE NA AMAZON
6. “Se um viajante numa noite de inverno” – Italo Calvino
Nesta obra-prima, Italo Calvino faz do próprio Leitor seu personagem principal, cuja grande missão é ler romances. E tal como você, leitor(a), ele compra um exemplar de Se um viajante numa noite de inverno e se vê imerso em uma trama fascinante, cheia de mistério e expectativa, mas que se interrompe por volta da página 30. Há um erro de encadernação e é preciso voltar à livraria e trocar o exemplar para prosseguir a leitura. Assim começam os obstáculos que o herói vai encontrar: erros de encadernação, roubo de livro, suicídio do autor, confisco, uma prisão inesperada. Na busca da satisfação do prazer da leitura, o Leitor envolve-se em situações kafkianas, encontra personagens bizarros, vive momentos cômicos e, como nas grandes histórias de amor, conhece uma Leitora.
Repleto de engenhosidade, inteligência e humor, Se um viajante numa noite de inverno é um elogio à literatura e à arte do romance, feito por um dos grandes autores do século XX. LEIA A RESENHA
7. “O Nome da Rosa” – Umberto Eco
É impossível pensar em O nome da rosa sem considerar seu extraordinário sucesso global, tanto para a crítica quanto para o público. Trata-se de um desses raros fenômenos editoriais, um best-seller literário que transcende as fronteiras linguísticas.
Esse é o primeiro romance de Umberto Eco, um dos mais importantes teóricos da comunicação de massa do século XX. O autor utiliza um roteiro policial, no estilo de Conan Doyle, que se desenvolve na última semana de novembro de 1327, em um mosteiro franciscano da Itália medieval. COMPRE NA AMAZON
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8. “A Filha Perdida” – Elena Ferrante
Lançado originalmente em 2006, o terceiro romance da autora que se consagrou por sua série napolitana acompanha os sentimentos conflitantes de uma professora universitária de meia-idade, Leda, que, aliviada depois de as filhas já crescidas se mudarem para o Canadá com o pai, decide tirar férias no litoral sul da Itália. Logo nos primeiros dias na praia, ela volta toda a sua atenção para uma ruidosa família de napolitanos, em especial para Nina, a jovem mãe de uma menininha chamada Elena que sempre está acompanhada de sua boneca. Cercada pelos parentes autoritários e imersa nos cuidados com a filha, Nina parece perfeitamente à vontade no papel de mãe e faz Leda se lembrar de si mesma quando jovem e cheia de expectativas. COMPRE NA AMAZON
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9. “As Oito Montanhas” – Paolo Cognetti
As oito montanhas é um livro memorável, que explora relações complexas e fortes. De modo tocante, aborda a tentativa de aprender e de buscar nosso lugar no mundo com uma narrativa literária, intensa e lírica, que atravessa três décadas de uma amizade inigualável e nos inebria com o ar puro, a luz e as cores das estações alpinas. + AMAZON
10. “A Trégua” – Primo Levi
Primo Levi (Turim, 1919-87) inscreveu seu nome entre os maiores escritores do século XX, a partir da experiência de prisioneiro e sobrevivente do campo de extermínio de Auschwitz. Sua prosa literária tem a força expressiva das narrativas em que a voz da testemunha alia-se ao trabalho da memória e da recriação da vida nos limites máximos da dor e da destruição. A trégua narra a longa e incrível viagem de volta para casa depois da libertação de Auschwitz e do fim da guerra. Numa Europa semidestruída, o autor e vários companheiros de estrada viajam sem destino pelo Leste até a URSS, premidos entre as ruínas da maior de todas as guerras e o absurdo da burocracia dos vencedores. COMPRE NA AMAZON
11. Acabadora (Michela Murgia)
Sardenha, anos 1950. A pequena Maria Listru é o que se chama de filha d’alma. Nascida em uma família sem condições de sustentá-la, aos seis anos de idade é adotada por Bonaria Urrai, uma mulher mais velha, solitária e calada, mas muito respeitada no vilarejo em que vivem. Desde cedo, Maria aprende o ofício de tia Bonaria, costureira. Mas a mulher esconde uma outra vocação, proibida e controversa. Bonaria é uma acabadora, aquela que faz o sofrimento cessar. Para os habitantes de Soreni, ela é aquela que visita as pessoas que estão no fim da vida e ajuda o destino a se cumprir. + Amazon
12. Aço (Silvia Avallone)
Crítica declarada da política ‘ultraliberal’ de Silvio Berlusconi, a autora procura mostrar neste romance a falta de perspectiva dos jovens da classe operária na Itália atual. Seu livro narra a descoberta do amor e do sexo por duas adolescentes, em meio à violência de uma pequena cidade industrial italiana à beira-mar… + Amazon
13. Trabalhar cansa ( Cesare Pavese)
Marcados por um forte engajamento social, os poemas de Trabalhar cansa ― livro de estreia de Cesare Pavese, que foi lançado originalmente em 1936 e chegou à sua forma definitiva sete anos depois ― nascem da observação do cotidiano da cidade. Ao descrever as paisagens de Piemonte e seus habitantes ― camponeses, trabalhadores, prostitutas, ladrões, bêbados e outros personagens da vida comum ― em uma poesia apartada de qualquer sentimentalismo ou grandiloquência (sem, no entanto, escorregar em uma falsa espontaneidade realista), Pavese rompeu em definitivo com as tradições da época. COMPRE NA AMAZON
14. O deserto dos tártaros (Dino Buzzati)
Nesta obra-prima de Dino Buzzati, você será levado a uma atmosfera carregada de expectativa e reflexão sobre a vida e o tempo que passa. A história do jovem tenente Giovanni Drogo, destinado a um posto remoto no forte Bastiani, é uma metáfora arrebatadora da espera e da busca por significado na existência. Você irá se identificar com as emoções de Drogo, sua alegria inicial, o senso de dever e, eventualmente, a melancolia que acompanha a espera por um inimigo que parece nunca chegar. COMPRE NA AMAZON
15. O falecido Mattia Pascal (Luigi Pirandello)
O Falecido Mattia Pascal é um romance em que Luigi Pirandello explora os mistérios de identidade. Nele se conta a história de um homem que, cansado da sua vida de arquivista e do casamento, decide viajar até Monte Carlo, onde a sorte lhe permite obter no casino uma enorme fortuna. É no regresso a casa que toma conhecimento de que, por engano, foi considerado morto. Decide começar uma nova vida com fortuna e outro nome, pensando assim libertar-se de compromissos e obrigações. COMPRE NA AMAZON
16. Cara Paz (Lisa Ginzburg)
Finalista do Prêmio Strega de 2021 (Itália) “Duas irmãs, uma mãe que vai embora. Lisa Ginzburg escava na fragilidade do casal, entre os escombros da família, contando com habilidade inspiradora o cansaço feminino de crescer protegendo o outro e a si mesmo. Até nos surpreender com a hipótese de que despindo-se do escudo, compreenda-se melhor a batalha.” Domenico Starnone
O delicado e belo romance Cara paz, de Lisa Ginzburg, magistralmente traduzido por Francesca Cricelli, retrata a intensidade dos laços afetivos que unem as irmãs Nina e Maddalena, duas crianças italianas crescidas num contexto familiar de deriva emocional. COMPRE NA AMAZON
17. Caderno Proibido (Alba de Céspedes)
Valeria Cossati queria apenas buscar cigarros para o marido na tabacaria, mas acaba comprando ilegalmente um caderno preto — um item que não poderia ser comercializado aos domingos —, e faz dele seu diário. Estamos na Roma dos anos 1950, e Valeria leva a vida entediante de uma mulher de classe média, dividindo-se entre os papéis de mãe, esposa e funcionária de escritório. Há anos ela não ouve o próprio nome — o marido só a chama de “mamãe” —, e sua relação com os filhos é marcada por conflitos geracionais. Porém, conforme alimenta aquelas páginas proibidas, Valeria começa a notar uma profunda transformação em si mesma — cujas consequências ela ainda não sabe prever. COMPRE NA AMAZON