Você sabia que a Sublimação é a chave fundamental para a compreensão do processo de análise do sujeito? Mas o que isso significa?

    A sublimação é uma das saídas que o sujeito encontra para lidar com a pulsão sexual, cuja peculiaridade é o fato de utilizar essa energia para a realização de atividades como: pintar, organizar um manifesto, escrever, colecionar algo etc. Sublimar, no conceito de Lacan e Freud, significa possibilitar que a libido flua por novos caminhos.

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    No seminário sobre a ética da psicanálise, Lacan surpreende seus alunos com a seguinte afirmação: “Sublimar significa elevar um objeto à dignidade de Coisa (Das Ding)”. Sendo a “Coisa” o suposto objeto de satisfação do sujeito.

    Com a sublimação, o que acontece é que, na fantasia, esse lugar da Coisa é preenchido por um objeto qualquer. Pode-se, por exemplo, usar a escrita como meio de sublimação, assim ela passa a não constituir mais uma mera função expressiva, mas adquire, na economia psíquica do sujeito, um estatuto tal como uma válvula de escape para suas desilusões e fantasias.

    Na obra “A Sublimação, uma erótica para a psicanálise“, publicada recentemente pela Aller Editora, Érik Porge (um dos principais nomes da psicanálise lacaniana na França) traz para a atualidade um dos conceitos mais fundamentais para o processo da análise.

    A construção coesa: pulsão e fantasia

    Porge parte de sua obra anterior, “O arrebatamento de Lacan: Marguerite Duras ao pé da letra” (Aller editora/2019) e faz uma construção coesa sobre a sublimação enquanto advinda do processo analítico e sobre sua atualidade.

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    Portanto, baseado em fortes argumentos teóricos, o psicanalista afirma que só é possível falar de sublimação pelo viés dos conceitos de pulsão e de fantasia. E assim, por capítulos sedutores à leitura, Porge nos guia além do quadro da fantasia e faz advir o desejo e o impulso aí sobrepostos. Em seguida, avança apresentando o quadrângulo de Klein para então analisar a sublimação na teoria de Jacques Lacan sobre o nó borromeano.

    Por fim, o autor Érik Porge analisou com profundidade a importância desse conceito no processo analítico, diferenciando-a do desejo do analista, mas deixando clara a relação entre eles. O autor segue apontando a intersecção da sublimação com a psicanálise em extensão e com toda a elaboração da própria teoria psicanalítica.


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