Nascida em São João del-Rei, Minas Gerais, em meados do século XIX, Francisca Senhorinha da Motta Diniz foi jornalista, escritora e educadora. Em 1886, publicou no Rio de Janeiro seu único romance, A judia Raquel, escrito em colaboração com a filha Albertina Diniz.

    Francisca teve grande atuação no mundo jornalístico criando e colaborando para revistas e jornais como “A estação”, “A primavera” e “A voz da verdade”. Em 1873, fundou o semanário “O sexo feminino”, um dos primeiros periódicos a tratar da emancipação da mulher, abordando temas como a educação feminina e o direito ao voto. Com a proclamação da República, o jornal passou a chamar-se “O Quinze de Novembro do sexo feminino”. Depois de dedicar-se ao magistério por algum tempo, após a morte do marido fundou em 1890 a Escola Doméstica do Liceu Santa Izabel no Rio de Janeiro. A autora faleceu em 1910 na mesma cidade. 

    Resgate pela Livraria do Senado

    A obra foi reeditada como o quinto volume da Coleção Escritoras do Brasil, coordenada pela Biblioteca do Senado Federal. Os outros títulos são: Ânsia eterna, de Júlia Lopes de Almeida (que já foi adaptado em HQ pela Verônica Berta); A mulher moderna, de Josefina Álvares de Azevedo; Opúsculo humanitário, de Nísia Floresta Brasileira Augusta; e Mármores, de Francisca Júlia.

    A reedição do seu único romance pelo Senado Federal vai ao encontro do crescente interesse acadêmico pela produção jornalística e literária de Francisca Senhorinha da Motta Diniz, muito em virtude do resgate feito pela crítica feminista de obras e autoras ignoradas ou esquecidas pela historiografia literária tradicional. Boa parte dos estudos acerca da autora tem-se debruçado sobre sua produção jornalística, mais expressiva que sua produção literária – alguns críticos classificam A judia Raquel como um romance “de aprendizagem”. Todavia, essa narrativa, que se filia ao chamado “gótico feminino”, fornece subsídios significativos para examinar a literatura de autoria feminina e os temas que as mulheres com algum grau de instrução no Brasil discutiam na virada dos oitocentos para o século XX, especialmente no que se relaciona ao direito à igualdade de papéis.

    O livro está disponível na Livraria do Senado. As versões digitais de todos os livros da coleção são gratuitas e as edições impressas estão à venda com frete grátis.


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