Naquela época fiquei em casa, terminei o meu livro e comecei a estudar por conta da lei de reinserção de ex-combatentes.

Que livro é esse que Kerouac terminou de escrever e só recebe uma pequena menção em On the Road? Bom, esse livro não é nada menos do que o PRIMEIRO romance de Jack: Cidade Pequena, Cidade Grande. Escrito logo depois da morte de seu pai, é diferente de todos os outros livros de Jack Kerouac que eu já li.

Para ambientar, o autor praticamente narra um travelling descrevendo cada pedaço, detalhe de lugar onde tudo irá acontecer: Galloway. Pronto, já temos a cidade, do que precisamos? Personagens. Não vamos economizar. Que tal uma família com vários filhos? Ótimo. Somos apresentados a todos eles e logo já descobrimos características peculiares nessas crianças e em seus pais: A família Martin.

“Não há nada mais que uma casa a noite quando a família esta dormindo, algo estranhamente trágico, algo eternamente belo.”

Kerouac brinca com as palavras, com os nossos sentimentos e dessa vez brinca até com o tempo. Passa por todas as estações de uma forma extremamente agradável e acaba passando por um ano em um capítulo. Em um ano todo ser humano muda e assim, todos aqueles personagens aos quais você foi apresentado são outros.

Uma história centrada na família

O romance todo é centrado na família, algumas horas o foco da narrativa está em Joe, outra em Francis e assim você vai conhecendo essa família que tem todo o jeito de uma clássica família americana. Mas ao nos aprofundarmos descobrimos rachaduras, tristezas. O tempo corre e aqueles que eram crianças no começo agora já estão envelhecendo. Então, é como olhar para os lados, ver que todos aqueles envelheceram, e você, não? Essa sensação de efemeridade que o romance transmite é muito grande. Afinal, é um romance sobre seres humanos. Acompanhamos de perto a saída da infância e o encontro com a vida real. Desgastes familiares, conflitos no mundo. Todo o universo entrando para dentro de nós.

Tratando de temas como guerras que realmente existiram, mudanças. É um livro fundamental para quem admira (ou não) a obra de Jack Kerouac. A complexidade é enorme, e minha vontade é fazer um estudo sobre o livro, não uma resenha. Há tanto que se falar! A vida, a cidade e a família. Ainda mais porque ele não é “tão” biográfico, ressalto. Um pouco depois do meio, começamos a sentir a vibe frenética, jazz, drogas, estrada e mar que Jack Kerouac trata nos seus outros livros. Uma das partes finais é o relato nítido de uma das experiências que Jack passou e que estimulou a escrever o romance.

Ao terminar, o pensamento que ficou foi esse vazio e a reflexão que talvez a vida seja tão pequena que caiba inteira dentro de um livro. Mas, agora que estamos vivendo, ela pode ser tão grande.

Onde Comprar Cidade pequena, cidade grande: Amazon
Conheça mais sobre as obras de Jack Kerouac:
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5 Comentários

  1. francineramos on

    Estou louca para ler esse livro e Big Sur. Aliás, estou louca para ler TUDO de Jack Kerouac. Literatura viciante! 🙂

  2. Que resenha linda! E que fotos legais anexas com a resenha! Kerouac é viciante mesmo. Como não estou lendo seus livros em ordem alguma, ainda não li este. Muito legal, me deu uma vontade enorme de adiantá-lo na minha lista mental hahaha. Bacana! Vou publicar um link para ele na página sobre geração beat que ajudo a gerenciar no facebook, se quiser, passa conhecer: https://www.facebook.com/GeracaoBeat
    🙂

  3. Hey! Sou uma apoixonada por Kerouac e fico feliz que tenha gostado da resenha! O livro já entrou para os meus favoritos!

  4. Somos duas então! Big Sur eu li logo após On the Road. O contraste entre os dois é incrível!

  5. Paulo Nikoleski on

    Tenha esse livro faz um tempo e sempre “enrrolava” pra ler ele. Tive a mesma reflexão quando terminei. Legal o site (:

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