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    5 poesias de Maria Firmina dos Reis

    Bruna BengoziBy Bruna Bengozi09438 Mins Read
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    Maria Firmina dos reis
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    Além do forte teor crítico, a produção poética de Maria Firmina dos Reis traz influências do Ultrarromantismo do século XIX, que marcou diversas obras brasileiras do período.

    Quando pensamos em poesia brasileira, não é raro que os primeiros nomes sejam de poetas… Carlos Drummond de Andrade, Manoel de Barros e por aí vai.

    As mulheres ainda não ganharam o devido destaque. E quando se trata de poetas negras, a situação ainda é mais dramática, e sabemos que não é por falta de excelentes escritoras em nosso país. E uma das poetas negras que vem ganhando reconhecimento, ainda que tardiamente, é Maria Firmina dos Reis.

    Primeira poeta maranhense, Maria Firmina nasceu em 1825 e morreu em 1917, aos 92 anos de idade. Em 1859, publicou Úrsula, primeiro romance brasileiro anti-escravagista e primeiro escrito por uma mulher no Brasil, e, em 1871, lançou Cantos à beira-mar. Além do pioneirismo na literatura, Maria Firmina também desafiou os padrões no campo da educação. Ela foi primeira mulher a ser aprovada em um concurso público no Maranhão para o cargo de professora de primário. Com o próprio salário, sustentava-se sozinha em uma época em que isso era incomum e até mal visto para mulheres. Oito anos antes da Lei Áurea, criou a primeira escola mista para meninos e meninas – que não chegou a durar três anos, tamanho escândalo que causou na cidade de Maçaricó, em Guimarães, onde foi aberta (fonte: Revista Cult) .

    Além do forte teor crítico, sua produção poética também traz influências do Ultrarromantismo do século XIX, que marcou diversas obras brasileiras do período. Deixamos, aqui, cinco poesias para conhecermos mais a obra da escritora e professora Maria Firmina dos Reis!

    MELANCOLIA
    
    Oh! se eu morresse no cair da tarde,
    De tarde amena, quando a lua vem
    Chovendo prata sobre o liso mar,
    Trajando as vestes, qu’a pureza tem.
    Então talvez eu merecesse afetos,
    Desses qu’apenas alcancei sonhando;
    Talvez um pranto bem sentido, e triste,
    Meu frio rosto rociasse brando.
    A ti poeta ─ mais te vale a morte
    Na flor da vida ─ a sepultura, os céus!
    Quem sofre a terra te compreende as dores?
    Teus sofrimentos, quem compreende? Deus!
    Sim, venha a morte libertar-me, amiga
    Da triste vida, qu’a ninguém comove…
    Bem-vinda sejas ─ teu palor me agrada,
    E a crua foice, que tua destra move.
    E tu sepulcro, ─ tu gélido, e negro,
    Eu te saúdo, oh! companheiro nu!
    Talvez meus cantos te penetrem o seio,
    Pálido afeto, me dispenses tu.
    Não terá prantos sobre a lisa campa,
    Quem peito humano a lhe gemer não tem;
    Oh! não poeta: ─ se alvorada chora
    Bebe esse pranto, qu’adoçar-te vem.
    Inda me resta no correr da vida,
    Essa esperança de morrer… a só.
    Sentida ─ triste, qu’o sofrer ameiga,
    Que segue o homem té fundir-se em pó.
    Morra eu ao menos no cair da tarde,
    A hora maga, que se pensa em Deus,
    Em que se escuta misteriosos cantos,
    Concertos sacros nos longínquos céus.
    Então já queixas não farei da sorte,
    Rirei da vida qu’amargar sentia;
    Compensa as dores d’um viver sentido,
    Morrer a hora do cair do dia.
    
    - In: Úrsula e outras obras. Brasília: Câmara dos
    Deputados, Edições Câmara, 2018. p. 220.
    O MEU DESEJO
    A um jovem poeta guimaraense
    
    Na hora em que vibrou a mais sensível
    Corda de tu’alma ─ a da saudade,
    Deus mandou-te, poeta, um alaúde,
    E disse: Canta amor na soledade.
    Escuta a voz do céu, ─ eia, cantor,
    Desfere um canto de infinito amor.
    
    Canta os extremos d’uma mãe querida,
    Que te idolatra, que te adora tanto!
    Canta das meigas, das gentis irmãs,
    O ledo riso de celeste encanto;
    E ao velho pai, que tanto amor te deu,
    Grato oferece-lhe o alaúde teu.
    
    E a liberdade, ─ oh! poeta, ─ canta,
    Que fora o mundo a continuar nas trevas?
    Sem ela as letras não teriam vida,
    Menos seriam que no chão as relvas:
    Toma por timbre liberdade, e glória,
    Teu nome um dia viverá na história.
    
    Canta, poeta, no alaúde teu,
    Ternos suspiros da chorosa amante;
    Canta teu berço de saudade infinda,
    Funda lembrança de quem está distante:
    Afina as cordas de gentis primores,
    Dá-nos teus cantos trescalando odores.
    
    Canta do exílio com melífluo acento,
    Como Davi a recordar saudade;
    Embora ao riso se misture o pranto;
    Embora gemas em cruel saudade…
    Canta, poeta, ─ teu cantar assim,
    Há de ser belo, enlevador, enfim.
    
    Nos teus harpejos, juvenil poeta,
    Canta as grandezas que se encerram em Deus,
    Do sol o disco, ─ a merencória lua,
    Mimosos astros a fulgir nos céus;
    Canta o Cordeiro, que gemeu na Cruz,
    Raio infinito de esplendente luz.
    
    Canta, poeta, teu cantar singelo,
    Meigo, sereno como um riso d’anjos;
    Canta a natura, a primavera, as flores,
    Canta a mulher a semelhar arcanjos,
    Que Deus envia à desolada terra,
    Bálsamo santo, que em seu seio encerra.
    
    Canta, poeta, a liberdade, ─ canta.
    Que fora o mundo sem fanal tão grato…
    Anjo baixado da celeste altura,
    Que espanca as trevas deste mundo ingrato.
    Oh! sim, poeta, liberdade, e glória
    Toma por timbre, e viverás na história.
    Eu não te ordeno, te peço,
    
    Não é querer, é desejo;
    São estes meus votos ─ sim.
    Nem outra coisa eu almejo.
    E que mais posso eu querer?
    Ver-te Camões, Dante ou Milton,
    Ver-te poeta ─ e morrer.
    
    - In: Úrsula e outras obras. Brasília: Câmara dos
    Deputados, Edições Câmara, 2018. p. 202-203.
    NO ÁLBUM DE UMA AMIGA
     
    D'amiga a existência tão triste, e cansada,
    De dor tão eivada, não queiras provar;
    Se a custo um sorriso desliza aparente,
    Que máguas não sente, que busca ocultar!?...
    
    Os crus dissabores que eu sofro são tantos,
    São tantos os prantos, que vivo a chorar,
    É tanta a agonia, tão lenta e sentida,
    Que rouba-me a vida, sem nunca acabar.
    
    D'amiga a existência
    Não queiras provar,
    Há nelas tais dores,
    Que podem matar.
    
    O pranto é ventura,
    Que almejo gozar;
    A dor é tão funda,
    Que estanca o chorar.
    
    Se intento um sorriso,
    Que duro penar!
    Que chagas não sinto
    No peito sangrar!...
    
    Não queiras a vida
    Que eu sofro - levar,
    Resume tais dores
    Que podem matar.
    
    E eu as sofro todas, e nem sei
    Como posso existir!
    Vaga sombra entre os vivos, - mal podendo
    Meus pesares sentir.
    
    Talvez assim deus queira o meu viver
    Tão cheio de amargura.
    P'ra que não ame a vida, e não me aterre
    A fria sepultura.
    
    - In: Úrsula e outras obras. Brasília: Câmara dos
    Deputados, Edições Câmara, 2018. p. 221-222.
    ESQUECE-A
    
    Amor é gozo ligeiro,
    Mas é grato e lisonjeiro
    Como o sorriso infantil;
    Promessa doce, e mentida,
    Alenta, destrói a vida;
    É um delírio febril.
    Muito te amei… minha lira,
    Que triste agora suspira,
    Nesta erma solidão,
    Bem sabes ─ ricas de flores,
    Cantava os ternos amores,
    Do meu terno coração.
    Minha afeição era pura.
    Não era engano, cordura,
    Não era afeto mentido;
    Se ela assim te não cativa,
    Esquece-a, que sou altiva,
    Esquece-a, sim ─ fementido.
    
    - - In: Úrsula e outras obras. Brasília: Câmara dos
    Deputados, Edições Câmara, 2018. p. 228.

    Se você gosta de Maria Firmina dos Reis, conheça: Diário de Bitita (Carolina Maria de Jesus) e a memória de uma mulher às margens

    A DOR, QUE NÃO TEM CURA
    
    “O que mais dói na vida não é ver-se
    Mal pago um benefício,
    Nem ouvir dura voz dos que nos devem
    Agradecidos votos.
    Nem ter as mãos mordidas pelo ingrato
    Que as devera beijar.”
    G. Dias
    
    De tudo o que mais dói, de quanto é dor
    Que não valem nem prantos, nem gemidos,
    São afetos imensos, puros, santos
    Desprezados – ou mal compreendidos.
    
    É essa a que mais dói a um’alma nobre.
    Que desconhece do interesse a lei;
    Rica de extremos, não mendiga afetos,
    Que é mais altiva que um potente rei.
    
    É essa a dor, que mais nos dói na vida;
    É essa a dor, que dilacera a alma:
    É essa a dor, que martiriza, e mata.
    Que rouba as crenças, o sossego, a calma.
    
    Não sei, se todos no volver dos anos
    Sentem-na funda cruciante, atroz
    Como eu a sinto… Oh! é martírio – ou vele,
    Ou sonhe, – ou vague mediante a sós.
    
    Eu vi fugir-me como foge a vida
    Afeto santo de extremosos pais:
    Roubou-mos crua, impiedosa morte,
    Sem que a movessem meus doridos ais.
    
    Vi nos espasmos de agonia lenta
    Morrer aquele, que eu amei na vida…
    Trêmulos lábios soluçando – adeus!
    Ouviu-lhe esta alma de aflição transida.
    
    Dores são estas, que renascem vivas
    A cada hora – que jamais esquecem;
    Enchem de luto da existência o livro,
    Conosco à campa silenciosa descem.
    
    Ah! quantas vezes, recordando-as hoje,
    Dos roxos olhos se me verte o pranto!
    Ah! quantas vezes, dedilhando a lira,
    Rebelde o peito, não soluça um canto…
    
    Mas, se essas dores despedaçam a alma,
    O pranto em baga nos consola a dor:
    Numa outra esfera, num perene gozo,
    Vivem, partilham divinal amor.
    
    Mas ah! de quanto nos aflige, e mata
    É esta a dor, que mais nos dói sofrer;
    Cobrar frieza em recompensa a afetos,
    No peito amigo estrebuchar, – morrer!
    
    - In: Úrsula e outras obras. Brasília: Câmara dos
    Deputados, Edições Câmara, 2018. p. 265-266.

    Imagem de destaque: Arte de Antonio Hauaji/ MultiRio sobre selo comemorativo da Academia Maranhense

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