Close Menu

    Receba as novidades em seu e-mail!

    Novidades

    Como é uma sala montessoriana e preciosos livros para educadores

    Os 7 melhores livros de Rubem Fonseca: palavras afiadas e realidades cruas

    Facebook X (Twitter) Instagram
    • Home
    • Literatura
    • Listas
    • Artes
    • Resenhas

      A Letra Escarlate (Nathaniel Hawthorne): um julgamento social implacável

      O Poderoso Chefão (Mario Puzo): um clássico sobre crime e redenção

      Cinderela chinesa (Adeline Yen Mah): o poder transformador da arte

      Toda luz que não podemos ver (Anthony Doerr): conexões humanas vencem guerras!

      O Ateneu (Raul Pompeia): um microcosmo da sociedade da época

    • Séries
    • Educação
    • Sobre
    YouTube Facebook X (Twitter) Instagram Pinterest
    Livro&Café
    INSCREVA-SE
    HOT TOPICS
    • Virginia Woolf
    • Literatura Brasileira
    • Livros
    • Dicas
    • Feminismo
    Livro&Café
    Você está aqui:Início » “Quimera” ou sobre a capacidade de se encantar pelo belo em meio ao aprisionamento da vida
    Literatura

    “Quimera” ou sobre a capacidade de se encantar pelo belo em meio ao aprisionamento da vida

    Rossana Pinheiro-JonesBy Rossana Pinheiro-Jones1104 Mins Read
    Compartilhe Facebook Twitter Pinterest LinkedIn Tumblr Email
    Share
    Facebook Twitter LinkedIn Pinterest Email

    Era noite quando um menino de nove anos soltou um grito que ecoou pela aldeia. Atraídos por aquele lamento por socorro, seus pais retornaram para acudi-lo. E assim começa a saga de Kizua e sua família rumo a um mundo desconhecido, em um monstro de asas brancas que engole homens e desbrava mares. Kizua era pequeno para sua idade. Magro. Uma criança que sonhava em ver o mar, aquela infinitude azul esverdeada recheada de mistérios e aventuras não imaginadas. Uma criança que ainda cabia no abraço de braços musculosos da mãe, e carregava a culpa por ter gritado no momento da invasão de sua aldeia. Não era para ser assim. Não era para que Kizua, aos nove anos, testemunhasse o aprisionamento de seus pais, e fosse levado até o mar arrastando pés acorrentados. Kizua era uma criança com sonhos. Queria ver o mar. Mas era negro. E se tornou escravo.

    A história de Kizua é contada em Quimera, projeto que dá cor e imagem ao garoto que conhece a um só tempo as desventuras do mar, o aprisionamento e a opressão. Desenvolvido por Celeste Baumann e Lily Carroll, um das belezas de Quimera é apostar na união entre letra e traço, já que a história narrada por Celeste ganha vida nas ilustrações de Lily. Mas não para por aí. O livro tem a força de uma narrativa que permite adentrar em um dos eventos mais desumanos da história da humanidade – a caça, o aprisionamento, a comercialização e a escravização de pessoas negras. E faz isso através do olhar de uma criança que, diante da violência e do sofrimento, ainda é capaz de se encantar com o mundo e de interpretá-lo de forma mágica, procurando atribuir sentido àquilo que não se explica. Ou se justifica.

    Entretanto, ao longo de suas páginas, acompanhamos o crescimento de Kizua. E aqui estamos no terreno de uma literatura que tornou clássica as figuras de Holden Caulfied e Scout Finch. A perda, a proximidade com a morte, a solidão, o contato com a injustiça podem ser fatores aceleradores de amadurecimento, e em seu processo de luta para recompor o decomposto da vida, Kizua nos ensina um olhar que permite encontrar beleza naquilo que é triste, cruel. Não se tem aqui uma criança qualquer. Somos colocados diante de uma criança que sofre pela cor de sua pele e nela experimenta o gosto amargo da escravização. Em poucos dias, Kizua se vê colocado diante de uma mudança radical que exige um amadurecimento quase imediato.

    Mas a história de Kizua é mais antiga do que os poucos dias que marcam sua desventura em um navio negreiro. Sua existência começou a ganhar contornos em 2013, quando Celeste, então uma estudante de História da Universidade Federal de São Paulo, decidiu escrever uma história sobre escravidão para que virasse uma peça musical composta pelo amigo e músico Jonathan Portela, também à época estudante de História. E, de fato, basta ouvirmos peças consagradas como O Guarani, de Carlos Gomes, para sabermos que aspectos da História do Brasil já foram exaltados e mesmo romantizados. No despertar do regime republicano brasileiro, era preciso encontrar pontos de afirmação de uma identidade nacional que extrapolasse o legado europeu.

    Não é esse o caso de Quimera. Há delicadeza e respeito no trato da história, não exaltação, ou romantismo. E ele chega em um momento importante do nosso olhar sobre nós mesmos, com toda a carga de negacionismos e revisionismos vazios que rondam o fantasma da nossa história, da nossa identidade como povo. Atualmente, fala-se muito em Brasil e amor à pátria. Mas é possível a uma pátria, a uma nação, a um povo constituírem-se por exclusões e apagamentos, negando-se o direito ao próprio passado? Ler Quimera é uma oportunidade de pensar que nossa história está aí para fazer de nós o que somos. Não para ser julgada, negada ou esquecida. Mas para ser tratada com honestidade, sem manipulações. Para ser tocada com letras, traços, cifras, e, com isso, nos tocar. E quiçá para fazer com que possamos, um dia, ser melhores do que ontem. Ou hoje.

    Em tempo.

    Eu tive a honra de ler o livro em primeira mão, já que ele ainda não foi oficialmente lançado. Mas para quem se interessou e tiver curiosidade em acessar e apoiar o projeto, é só seguir para a página no Catarse. Quimera fica no ar até 10/06.

    Capa do livro “Quimera”. Imagem: divulgação.

    Leia mais – Escravidão: a ferida que precisamos curar (Dicionário da escravidão e liberdade)

    Celeste Baumann Escravidão jovens escritoras Lily Carroll Literatura Brasileira quimera Racismo
    Share. Facebook Twitter Pinterest LinkedIn Tumblr Email

    Você também irá gostar:

    Os 7 melhores livros de Rubem Fonseca: palavras afiadas e realidades cruas

    Noventa e três: 4 trechos do livro de Victor Hugo que explora a Revolução Francesa

    Classicismo: uma jornada pelas formas e ideais da antiguidade

    View 1 Comment

    1 comentário

    1. Avatar
      Celeste Baumann on maio 31, 2020 8:50 pm

      Muito obrigada por essas palavras tão bonitas e importantes!

    Mais acessados

    22 frases do livro “O menino, a toupeira, a raposa e o cavalo”, de Charlie Mackesy

    20.939 Views

    14 frases do livro “A biblioteca da meia-noite” para te fazer pensar

    17.486 Views

    As 10 melhores poesias de Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)

    16.327 Views

    10 poesias de Alberto Caeiro (heterônimo de Fernando Pessoa)

    14.909 Views

    20 trechos do Livro do Desassossego (Fernando Pessoa)

    13.674 Views
    Redes Sociais
    • Facebook
    • YouTube
    • Twitter
    • Instagram
    • Pinterest
    Conheça

    Como é uma sala montessoriana e preciosos livros para educadores

    Educação 5 Mins Read

    Os 7 melhores livros de Rubem Fonseca: palavras afiadas e realidades cruas

    Listas 6 Mins Read

    Ozzy Osbourne: as 10 músicas mais tocadas no Brasil e alguns livros

    Listas 6 Mins Read

    Batalha no Vale do Sol (Mari Mendes): a luta de pessoas sem-teto

    Novos autores 5 Mins Read

    15 filmes de Martin Scorsese para assistir já e suas inspirações nos livros

    Filmes 4 Mins Read

    Receba as novidades em seu e-mail

    Mais lidos

    22 frases do livro “O menino, a toupeira, a raposa e o cavalo”, de Charlie Mackesy

    20.939 Views

    14 frases do livro “A biblioteca da meia-noite” para te fazer pensar

    17.486 Views

    As 10 melhores poesias de Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)

    16.327 Views
    Últimos posts

    Como é uma sala montessoriana e preciosos livros para educadores

    Os 7 melhores livros de Rubem Fonseca: palavras afiadas e realidades cruas

    Ozzy Osbourne: as 10 músicas mais tocadas no Brasil e alguns livros

    Inscreva-se na Newsletter

    Receba um resumo semanal em seu e-mail!

    © 2023 Livro&Café - por amor à literatura, desde 2011.
    • Home
    • Literatura
    • Educação
    • Opinião
    • Sobre

    Type above and press Enter to search. Press Esc to cancel.