Luciana de Gnone enfrenta os desafios de lançar thriller policial no país

thriller policial é um dos gêneros mais populares do mundo. Porém, no Brasil a leitura desses livros ainda não é tão consolidada entre os leitores. 

Para mudar esse cenário, a autora nacional Luciana de Gnone encerra a saga ficcional de Betina Zeser, em que a personagem desmascarado o tráfico de órgãos em um hospital de São Paulo. Os detalhes inéditos dessa obra policial, as dificuldades da escolha incomum do gênero literário e as inspirações para compor Delito Latente, Luciana revelou no bate-papo a seguir:

Por que você decidiu entre tantos gêneros escrever este? Teve algum escritor ou escritora como inspiração? 

Luciana de Gnone: A decisão foi meio natural. Acho que já estava no meu sangue esse gênero. Sempre gostei de histórias policiais com toques de romance. Sem dúvida a minha maior influência para escrever essa linha foi Sidney Sheldon, autor que me fascinava quando era uma jovem adulta.  

Quando e como surgiu sua paixão pela escrita? 

Luciana de Gnone: Diferentemente da maioria dos escritores, que declaram que se apaixonaram desde pequeno, eu só me interessei quando adulta. No momento em que usei a escrita como ferramenta terapêutica. Em 2009, devido ao reposicionamento profissional do meu marido, me mudei para o Cazaquistão. Na ocasião ficava muito sozinha e descobri que escrever era uma atividade que me preenchia.  

Quais são os desafios de ser escritor(a) no Brasil? 

Luciana de Gnone: Infelizmente ainda brigamos com a crença de que somente a literatura estrangeira produz livros de qualidade. Desconstruir a ideia de que a literatura nacional não tem qualidade é o grande desafio dos autores de ficção nacional. Estou sempre levantando a bandeira e incentivando a leitura dos colegas nacionais. Tem muita gente boa no mercado.  

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Como surgiu a inspiração para criar este livro? Qual foi a motivação? 

Luciana de Gnone: A ideia para criar o pano de fundo da trama policial veio de uma conversa que tive com amigos. Uma conversa sobre transplantes de órgãos. Enquanto eles falavam eu pensava, e se… E foi então que veio a inspiração principal.  

Porque resolveu trazer um tema polêmico como o tráfico de órgãos? 

Luciana de Gnone: Nos três livros da série abordei temas polêmicos. No primeiro livro, Súplica em Olhos Mortos, tratei sobre escravidão moderna no interior de Alagoas. No segundo livro, Vestígios, falei sobre a violência contra mulher, focando em um crime bastante corrente em Bogotá, quando vivia lá. Ataques com ácido. E para fechar a série, precisava trazer outro crime tão hediondo quanto os outros.  

Qual é a principal mensagem que a obra traz aos leitores? 

Luciana de Gnone: Esse livro aborda muito a questão da ética e até onde vai o seu limite. Mas o livro traz ainda algumas mensagens nas entrelinhas; como o senso de justiça que corre pelas veias da protagonista Betina Zetser; a necessidade do perdão; e sobre a importância do cuidado que precisamos ter ao disseminar notícias nas redes sociais, sem haver uma fonte confiável. Isso que eu acho bacana nos livros de ficção, pode-se aprender muito com as mensagens subliminares.  

Algum personagem do livro foi inspirado em sua vivência? 

Luciana de Gnone: Acredito que todos eles têm um pouco da minha vivência. Costumo dizer que a ficção é uma Fanfic da vida. Trato de criar as histórias e personagens inspirados no meu dia a dia e nas minhas experiências.  

Você fez alguma pesquisa para escrever o livro, qual? Quanto tempo levou para escrevê-lo? 

Luciana de Gnone: Muitas, muitas e mais um tanto ainda (risos). Gosto de misturar fatos com a ficção que crio. Para isso preciso pesquisar muito, sobre muitos temas. E a verdade é que essa é uma parte do processo que amo fazer.  

Você escreveu essa obra pensando em qual público-leitor? 

Luciana de Gnone: Apesar de os livros serem policiais, as obras têm uma pegada bastante romântica também, o que acaba atraindo mais o público feminino. Além disso, os protagonistas são pessoas mais velhas o que torna a conexão com a faixa etária de 25+ mais forte do que as demais. 

Esse livro encerra a série de obras da personagem Betina Zetser. Quais são seus próximos projetos? 

Luciana de Gnone: Estou terminando de escrever o meu quarto romance policial, a qual entrará em cena a inspetora Valéria Ricci, minha mais nova protagonista. O lançamento será no segundo semestre deste ano.

Sobre a autora Luciana de Gnone

Natural de Brasília, Luciana mudou-se aos cinco anos para a cidade do Rio de Janeiro, onde morou com a mãe e irmãs. Formou-se em Administração de Empresas, em 1997, e em 2001 concluiu a pós-graduação em Marketing pelo IBMEC/RJ. Por 15 anos trabalhou na área de comércio exterior em diferentes empresas. Em janeiro de 2009, embarcou em uma aventura familiar emocionante e foi morar no exterior. Por 12 anos viveu em diferentes países: Cazaquistão, Colômbia, México e, atualmente, na Costa Rica. Iniciou a carreira de romancista em 2014, quando lançou o primeiro romance policial “Súplica em Olhos Mortos”, traduzido também para o espanhol em 2018. 

Sobre o thriller

Luciana de Gnone

Delito Latente encerra a saga da jornalista Betina Zetser, protagonista ficcional da escritora Luciana de Gnone. Depois de denunciar trabalho escravo no interior do Brasil e comprovar a relação de ataques com ácido à violência contra a mulher nos dois primeiros volumes da série, sinais de um novo crime movimentam a curiosidade dos leitores de Luciana.

Desta vez, a investigação surge a partir da vida pessoal da jornalista, quando Bruno, marido de Betina, é submetido a um transplante de fígado. Tudo ocorre bem na cirurgia, mas, ao tomar conhecimento sobre a origem do órgão doado, começa uma obstinada pesquisa para descobrir as circunstâncias da morte do doador.

Com o apoio de Rubens, um amigo e intuitivo repórter, e de João, médico e ex-marido de Betina, a investigação toma rumos inesperados e surpreendentes. Enquanto verifica as condutas duvidosas do hospital paulista, a protagonista não percebe que o verdadeiro inimigo está mais próximo do que imagina.


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