Mario Quintana, um dos mais renomados poetas brasileiros do século XX, deixou um legado literário que é reverenciado até os dias de hoje. Nascido em Alegrete, Rio Grande do Sul, em 1906, Quintana dedicou sua vida à escrita e à poesia, tornando-se uma figura icônica no panorama cultural brasileiro.

    As obras de Mario Quintana foram fundamentais para a construção da identidade da poesia brasileira. Sua escrita lírica, delicada e repleta de metáforas e imagens poéticas, encantou gerações de leitores ao longo de sua carreira. Com uma habilidade única para explorar a linguagem, Quintana foi capaz de expressar os sentimentos mais profundos de forma simples e acessível, cativando tanto os amantes da poesia como aqueles que ainda não se aventuravam no mundo literário.

    Um dos aspectos marcantes da obra de Quintana é a sua capacidade de explorar temas universais, como o amor, a solidão, a passagem do tempo e a efemeridade da vida. Suas palavras tocantes e cheias de sensibilidade despertaram emoções e reflexões em seus leitores, conectando-os com as questões fundamentais da existência humana. Mario Quintana foi capaz de capturar a essência da experiência humana e transmiti-la através de seus versos, deixando um impacto profundo na literatura brasileira.

    Além da poesia

    Além de seus poemas, Quintana também escreveu crônicas e traduziu obras de grandes escritores internacionais, como Virginia Woolf. Essa abordagem versátil e cosmopolita fez com que sua obra transcendesse fronteiras e alcançasse reconhecimento além do território brasileiro. Seus escritos eram verdadeiras pérolas de sabedoria, que inspiraram e influenciaram muitos escritores e artistas contemporâneos.

    A contribuição de Mario Quintana para a construção da identidade da poesia brasileira é inegável. Suas obras, marcadas pela sensibilidade e pelo domínio da linguagem, ajudaram a moldar a forma como a poesia é percebida e apreciada no país. Seu estilo único e atemporal, pertencente à segunda onda do Modernismo no Brasil, ainda ressoa na produção literária brasileira, inspirando novas gerações de poetas a explorar a linguagem de maneiras inovadoras e expressivas.

    Mario Quintana faleceu em 1994, mas sua poesia continua viva e presente na cultura brasileira. Sua capacidade de expressar emoções universais de forma acessível e profunda, aliada à sua habilidade para explorar as nuances da linguagem, tornam suas obras fonte de inspiração e referência para poetas e amantes da poesia em todo o Brasil. Seu legado perdura como um farol poético, iluminando o caminho daqueles que buscam a verdade e a beleza nas palavras.

    Algumas de suas poesias mais famosas de Mario Quintana

    Poeminha do Contra

    Todos esses que aí estão
    Atravancando meu caminho,
    Eles passarão…
    Eu passarinho!

    Os Poemas

    Os poemas são pássaros que chegam
    não se sabe de onde e pousam
    no livro que lês.

    Quando fechas o livro, eles alçam voo
    como de um alçapão.
    Eles não têm pouso
    nem porto
    alimentam-se um instante em cada par de mãos
    e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
    no maravilhado espanto de saberes
    que o alimento deles já estava em ti…

    Envelhecer

    Antes, todos os caminhos iam.
    Agora todos os caminhos vêm
    A casa é acolhedora, os livros poucos.
    E eu mesmo preparo o chá para os fantasmas.

    O pobre poema

    Eu escrevi um poema horrível!
    É claro que ele queria dizer alguma coisa…
    Mas o quê?
    Estaria engasgado?
    Nas suas meias-palavras havia no entanto uma ternura mansa como a que se vê nos olhos de uma criança doente, uma precoce, incompreensível gravidade
    de quem, sem ler os jornais,
    soubesse dos seqüestros
    dos que morrem sem culpa
    dos que se desviam porque todos os caminhos estão tomados…
    Poema, menininho condenado,

    bem se via que ele não era deste mundo nem para este mundo…
    Tomado, então, de um ódio insensato,
    esse ódio que enlouquece os homens ante a insuportável
    verdade, dilacerei-o em mil pedaços.

    E respirei…
    Também! quem mandou ter ele nascido no mundo errado?

    A rua dos cataventos

    Da vez primeira em que me assassinaram,
    Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
    Depois, a cada vez que me mataram,
    Foram levando qualquer coisa minha.

    Hoje, dos meus cadáveres eu sou
    O mais desnudo, o que não tem mais nada.
    Arde um toco de Vela amarelada,
    Como único bem que me ficou.

    Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
    Pois dessa mão avaramente adunca
    Não haverão de arrancar a luz sagrada!

    Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
    Que a luz trêmula e triste como um ai,
    A luz de um morto não se apaga nunca!

    Relógio

    O mais feroz dos animais domésticos
    é o relógio de parede:
    conheço um que já devorou
    três gerações da minha família.

    Bilhete

    Se tu me amas, ama-me baixinho
    Não o grites de cima dos telhados
    Deixa em paz os passarinhos
    Deixa em paz a mim!
    Se me queres,
    enfim,
    tem de ser bem devagarinho, Amada,
    Que a vida é breve, e o amor mais breve ainda…

    Livros de Mário Quintana que valem a pena ter na sua estante

    1. Esconderijos do tempo

    Mario Quintana

    Esconderijos do tempo ocupa lugar de destaque na obra poética de Mario Quintana. Tudo levava a crer que, após o premiado Apontamentos de história sobrenatural, de 1976, o poeta septuagenário não tinha mais para onde ir, a não ser repetir-se. No entanto, passaram-se apenas quatro anos, e Quintana lançava este que pode ser considerado um dos melhores livros de poesia brasileira do último quarto do século passado. Alguns dos mais belos poemas escritos pelo autor podem ser encontrados neste volume. À época de seu lançamento original, em 1980, o poeta parecia liberar-se definitivamente de todas as amarras, influências, compromissos, entregando-se por inteiro ao triunfo da imaginação como forma de questionar e enriquecer o real. Neste livro, é marcante a total dissociação de Quintana em relação a qualquer influência exercida sobre ele por outros mestres de sua geração modernista. + AMAZON

    2. Baú de espantos

    Em Baú de espantos, publicado pela primeira vez em 1986, Mario Quintana reúne num só gesto poético o passado e o futuro, através do exercício da memória e das percepções que o assaltam diante das mudanças trazidas pela modernidade. Aqui aparece menos o Quintana ecológico e mais o poeta tocado pela nostalgia da vida simples, deixada para trás pelos arranha-céus e pela agitação da cidade grande. Ao mesmo tempo, o poeta absorve o imaginário do espaço sideral para alimentar seu lirismo. Ao lado das clássicas imagens do vento, da lua, da rua de bairro, aparece aqui a nave como metáfora da viagem que é a vida: “nau exposta aos quatro ventos,/ em pleno céu sulcado de relâmpagos”. + AMAZON

    3. Eu, passarinho

    Mario Quintana

    Esta antologia cobre toda a carreira do poeta, desde os livros iniciais até os publicados postumamente, e revela não só seu modo único de olhar o mundo, mas uma riqueza de temas e formas. Quintana retrata a vida nossa de cada dia – os fatos corriqueiros e também os que nos pegam de surpresa e nos transformam –, ressaltando os aspectos belos, profundos e divertidos de nossa existência. Há aqui um pouco de tudo: sonetos, versos livres, aforismos, haicais e prosa poética. impossível ficar indiferente e não se emocionar. + AMAZON

    4. O segundo olhar

    Mario Quintana

    Os sentimentos são a matéria-prima do poeta, nesta antologia inédita que resgata a atualidade e a importância da obra de Quintana. Bem-humorados ou irônicos, mas sempre intensos, seus poemas vão do amor desesperado aos dissabores da velhice. Foi pensando nas diversas possibilidades de interpretação da obra de Mario Quintana que este livro surgiu. A proposta do escritor João Anzanello Carrascoza ao organizar esta antologia foi recuperar sua veia singular ― e hoje pouco conhecida ―, demonstrando toda a força de Quintana. Daí o título, que parte da ideia de que é quando lançamos um segundo olhar sobre as coisas que conseguimos captá-las em sua plenitude. Conhecido como o poeta da infância e do cotidiano, Quintana teve suas outras facetas negligenciadas ao longo do tempo. Seus poemas percorrem muitos caminhos: são leves, engraçados, mas também são irônicos, intensos. Certa vez, ele declarou que o segredo para uma vida longa residia no interesse pelos outros e pelo mundo, e sua poesia expressa esse entusiasmo. Ele era meticuloso na composição de versos que, apesar de aparentemente simples, escondem uma inegável complexidade. + AMAZON

    5. Caderno H

    Mario Quintana

    Delícia de ler, mastigar, ruminar este livro. Ao longo de décadas, Mario Quintana publicou no jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, seu Caderno H, feito de poesia, humor, sabedoria. Da crônica ao poema, passando pelas frases cheias de espírito, esses cadernos foram os grandes responsáveis pela consagração popular de sua literatura. A cada novo trecho do Caderno, nos deparamos com a união singular, tão característica de Quintana, da inteligência com a intuição reveladora. Assim como no enquadramento jornalístico original, ao serem colocados em forma de livro, os textos deste Caderno H, por sua própria organização fragmentária, fornecem alimento cotidiano à inteligência do leitor comum, apaixonado por literatura. Um clássico brasileiro. + AMAZON

    6. Preparativos de viagem

    A presença do passado no presente, a antecipação feliz de algo bom no futuro imediato, a vertigem do instante como objeto da palavra poética, eis aí as linhas mestras do conjunto de poemas reunidos por Mario Quintana em Preparativos de viagem. Quanto mais o poeta avançava em idade, mais a alegria de viver dominava seu verso, como este volume originalmente lançado em 1987 aponta. “Velho? Mas como?! Se ele nasceu de novo na manhã de hoje…” Cada dia é um novo começo em Quintana. Não se trata de preparar-se para a última viagem, como num de seus poemas anteriores. No livro, o octogenário poeta prefere lembrar a excitação alegre que tomava conta dele, quando criança, em véspera de viagem com a família. + AMAZON

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