O ócio criativo, de Domenio De Masi: 7 trechos selecionados e comentados

O ócio criativo, livro de Domenico De Masi, fala sobre um futuro em que as pessoas teriam mais tempo para explorar atividades criativas e culturais. Estamos nesse caminho ou ao contrário?

Domenico de Masi (1938 – 2023) foi um sociólogo, escritor e professor italiano, conhecido por suas contribuições nos campos da sociologia, economia e cultura. De Masi é amplamente reconhecido por seu trabalho no estudo do tempo livre, lazer e as mudanças na sociedade contemporânea. Ele cunhou o termo “ócio criativo”, que enfatiza a importância do equilíbrio entre trabalho e tempo livre na vida das pessoas. Sua obra mais famosa, “O Ócio Criativo” (1988), tornou-se um best-seller internacional e teve um impacto significativo ao explorar como a sociedade pós-industrial estava evoluindo em direção a um novo paradigma, onde as pessoas teriam mais tempo para explorar atividades criativas e culturais.

Além de suas contribuições teóricas, Domenico De Masi desempenhou um papel importante como palestrante e educador, ministrando aulas em universidades ao redor do mundo e promovendo a ideia de que o ócio criativo é essencial para o desenvolvimento pessoal e o avanço da sociedade. Ele também participou ativamente de debates sobre políticas públicas e questões sociais. Domenico de Masi é uma figura respeitada no campo da sociologia contemporânea e suas ideias continuam a influenciar as discussões sobre o equilíbrio entre trabalho e vida, inovação e criatividade.

o ócio criativo

Sobre a obra “O ócio criativo”, de Domenico De Masi

Em O Ócio Criativo Domenico De Masi elabora não apenas os temas da sociedade pós-industrial, do tempo livre e da criatividade, como também as questões da globalização, do desenvolvimento sem emprego, do declínio das ideologias tradicionais e dos sujeitos sociais emergentes. A conversa tem como pano de fundo uma profunda insatisfação com o modelo social elaborado pelo Ocidente, sobretudo pelos Estados Unidos, centrado na idolatria do trabalho, do mercado e da competitividade.

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Conheça 7 trechos do livro O ócio criativo, de Domenico De Masi:

“A plenitude da atividade humana é alcançada somente quando nela coincidem, se acumulam, se exaltam e se mesclam o trabalho, o estudo e o jogo; isto é, quando nós trabalhamos, aprendemos e nos divertimos, tudo ao mesmo tempo.” (p. 148)

p. 148

Este trecho enfatiza a importância de equilibrar trabalho, estudo e lazer na vida humana. O autor argumenta que a verdadeira plenitude é alcançada quando essas atividades coincidem e se complementam, permitindo que as pessoas trabalhem, aprendam e se divirtam simultaneamente. Isso sugere que a harmonia entre esses aspectos da vida é essencial para uma existência satisfatória.

“Uma parte do nosso tempo livre deve ser dedicada a nós mesmos, ao cuidado com o nosso corpo e com a nossa mente. Uma outra parte deve ser dedicada à família e aos amigos. Devemos dedicar uma terceira parte à coletividade, contribuindo para a sua organização civil e política. Cada cidadão deve dosar estas três partes em medidas adequadas, de acordo com a sua vocação pessoal e a sua situação concreta.”

p. 187

Nesse trecho, o autor fala sobre como o tempo livre deve ser dividido. Ele destaca a importância de dedicar parte do tempo a cuidar de si mesmo, parte à família e aos amigos, e uma terceira parte à sociedade. O autor argumenta que o equilíbrio entre essas áreas é fundamental e deve ser personalizado de acordo com a vocação e situação de cada indivíduo.

“Na sociedade pós-industrial, as máquinas trabalharão, e os seres humanos terão sempre mais tempo para refletir e “bolar”, idear. Mas só quem é capaz de idear, ou seja, inventar e patentear a idéia antes dos outros, adquirirá o direito de receber ROYALTIES.”

p. 199

Aqui, o autor discute a transição para uma sociedade pós-industrial, na qual as máquinas realizam o trabalho pesado. Ele ressalta que a capacidade de criar, patentear e implementar ideias inovadoras se torna crucial. Aqueles que conseguem fazê-lo têm o potencial de receber royalties, tornando a criatividade um recurso valioso.

“O ócio é necessário à produção de idéias, e as idéias são necessárias ao desenvolvimento da sociedade. Do mesmo modo que dedicamos tanto tempo e tanta atenção para educar os jovens para trabalhar, precisamos dedicar as mesmas coisas e em igual medida para educá-los ao ócio.”

“Existe um ócio dissipador, alienante, que faz com que nos sintamos vazios, inúteis, nos faz afundar no tédio e nos subestimar. Existe um ócio que nos depaupera e outro que nos enriquece. O ócio que enriquece é o que é alimentado por estímulos ideativos e pela interdisciplinaridade.”

p. 235

Aqui o autor fala sobre a importância do ócio para a sociedade: O autor destaca que o ócio desempenha um papel vital na geração de ideias, que por sua vez impulsionam o progresso da sociedade. Ele diferencia entre um ócio improdutivo que leva ao vazio e um ócio enriquecedor, que é alimentado por estímulos criativos e pela interdisciplinaridade.

O tédio abordado pelos existencialistas é sobretudo uma falta de sentido. Uma falta e uma busca de sentido, que nascem, justamente, do excesso de tempo disponível e da inexistência de compromissos que sirvam para preenchê-lo. Como quando estamos carentes de alguma coisa fundamental que possa servir de âncora para a nossa existência, ou como quando não compartilhamos objetivos para os quais possamos canalizar as nossas energias mais positivas.

p. 256

Aqui o autor traz uma ideia sobre tédio e falta de sentido: Aqui, o autor aborda a questão do tédio, principalmente a partir da perspectiva dos existencialistas. Ele argumenta que o tédio frequentemente surge quando não conseguimos encontrar um sentido ou propósito em nossas vidas, especialmente quando temos muito tempo disponível e poucos compromissos para nos envolver.

O que mais ainda é necessário ensinar aos jovens da sociedade pós-industrial? Não tanto as novidades já existentes, que logo logo se tornarão obsoletas, mas sobretudo os métodos para aprender a infinidade de coisas novas que estão por vir. De modo que, qualquer que seja a novidade que surja, os jovens estarão em condições de assimilá-las com segurança.

p. 295

Neste trecho o assunto é Educação na sociedade pós-industrial: O autor ressalta a importância de ensinar aos jovens não apenas informações específicas, mas também métodos para aprender continuamente, dado o ritmo acelerado das mudanças na sociedade pós-industrial. A ênfase está na capacidade de adaptar-se a novas informações e situações, em vez de simplesmente acumular conhecimento estático.

Para Platão, as principais matérias a serem ensinadas aos jovens eram sobretudo ginástica, que harmoniza o corpo, e música, que harmoniza o espírito.

p. 331

Aqui ele faz referência à filosofia de Platão, destacando a importância que Platão dava à ginástica para harmonizar o corpo e à música para harmonizar o espírito na educação dos jovens. Isso reflete a crença de Platão de que o desenvolvimento físico e espiritual eram igualmente essenciais para uma formação completa.