Já cantava Michael Stipe, vocalista do R.E.M: “It’s the end of the world as we know it” (É o fim do mundo como o conhecemos). Coronavírus veio com tudo para abalar todas as estruturas, sejam elas econômicas, políticas, sociais, culturais… Veio para escancarar todas as desigualdades, para mostrar a importância do coletivo e das responsabilidades individuais (especialmente dos nossos governantes, cof cof cof), e, também, do papel da arte em momentos que exigem demais da nossa sanidade mental.

    Já comentamos na Livro & Café o quanto as expressões artísticas – aqui destacamos a música – têm o poder de nos salvar em momentos de crise. Uma canção pode colocar em letras e melodias nossos sentimentos mais confusos, nos abraçar de alguma forma… E isso se torna essencial em situações de incertezas, de isolamento, de medo.

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    Na playlist que a Rossana Pinheiro-Jones preparou, brinca-se um pouco com os títulos apocalípticos em tempos de Covid-19. Desde a Mystery Disease (Doença Misteriosa) cantada pela dupla MGMT, passando pelo distanciamento do Joy Division, em Isolation, chegando até o coitado do personagem infectado em Infected, do Bad Religion. E a vontade é sair gritando Help a la Beatles, e exercitar um pouco da solidariedade e empatia com quem está na linha de frente ao som de Heroes, na bela versão de Peter Gabriel para o clássico de David Bowie.

    Muitas das músicas selecionadas expressam justamente o colapso daquilo que conhecemos, e isso vale para as imagens que construímos e idealizamos a respeito de pessoas, de projetos de vida, até mesmo de sociedade. Como bem lembra o maravilhoso Eddie Vedder, em Dance Of The Clairvoyants: “When the past is the present / And the future’s no more” (Quando o presente é o passado / E o futuro não existe mais), talvez seja o momento de reavaliarmos tudo que sabemos e queremos para, quem sabe, fazer um amanhã diferente.

    Enquanto isso, o show tem que continuar… E que as músicas possam nos acompanhar pelas ruínas deixadas pelo coronavírus.

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