O Tempo Passa é uma parte do romance Ao Farol e foi publicado pela primeira vez na revista francesa Commerce, a pedido da Princesa de Bassiano.

    Na primavera, as floreiras do jardim, cheias de plantas aleatoriamente semeadas pelo vento, estavam vivas como nunca. As violetas cresciam, e os narcisos. Mas a calma e a claridade do dia eram tão estranhas quanto o caos e tumulto da noite, com as árvores ali, e as flores ali, olhando à sua frente, olhando para cima, mas sem nada verem, sem olhos, e tão terríveis.

    p. 35

    Escritores fazem escolhas, filtram temas, limitam situações, para atingir a melhor forma de dizer (fazer sentir) tal coisa. Para Virginia Woolf em “O Tempo Passa”, o próprio tempo pode ser revelado por meio de uma casa, desde o ar que penetra pela janela aos sons quase inexplicáveis que ocorrem durante a noite, quando “a luz das estrelas e a luz da lua e toda a luz do céu e da terra se apaga” (p. 9). É a vida que mora no que é imóvel que se revela nas marcas do tempo, que mora numa casa e vai de encontro à natureza, as estações do ano que complementam o tempo, ora robusto, forte, feliz; ora melancólico, fraco e adormecido. E tudo isso se dá, se faz perceber, por uma forma de vida, o ser humano, domesticado, atento aos seus afazeres diários e que não sente o tempo como grande antagonista de sua história.

    O antagonista é um tipo de personagem sempre necessário, é ele que produz o problema do protagonista, nem sempre é o vilão, mas, simplificando, podemos dizer que é. Numa história de amor, por exemplo, é o antagonista que rouba a mocinha do príncipe encantado, ou seja, é por meio da ação dele que a história acontece. No texto de Virgina Woolf, a casa e a empregada (a Sra. McNab) são os protagonistas e o tempo, tão discreto, é o antagonista, um vilão poderoso que sempre revela mais que o suportado.

    Uma parte do romance Ao Farol

    O Tempo Passa é uma parte do romance Ao Farol e foi publicado pela primeira vez na revista francesa Commerce, a pedido da Princesa de Bassiano (1880-1963), diretora da revista, em março de 1927. O texto que Virginia Woolf enviou para publicação difere da versão que faz parte do romance Ao Farol, pois após o envio à revista, Virginia Woolf fez diversas alterações no texto.

    A história permeia a casa, a Sra. MacNab e a possível visita dos proprietários dela. O farol, revelado em pequenos momentos no texto, faz entender que a casa de O Tempo Passa está perto do tal farol e que, cedo ou tarde, receberá a visita de seus donos.

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