Alguns anos atrás eu comecei a ler ficção científica, que era algo muito desconhecido para mim. Eu tinha as referências consideradas principais: Isaac Asimov, Arthur C. Clarke e Ursula K. Le Guin. No meio dessas descobertas literárias, aprendi muitas coisas e fui surpreendida por outras também, o que é maravilhoso. Assim, fiz uma pequena lista das coisas que aprendi lendo ficção científica:

    Princípio científico e narrativas lineares

    1.) Há uma coisa chamada princípio científico. Um livro só pode ser considerado científico se ele tiver algum elemento real, uma pontinha de algo que a nossa ciência já sabe.

    2.) Percebi também que há uma forte tendência para a construção de narrativas lineares. Isso ajuda a aproximar a ciência dos leitores, por ter um texto mais simples, porém, não há beleza estética nas narrativas e para os apaixonados por um fluxo de consciência e uma prosa-poética, pode ser uma leitura um pouco monótona. Ou (o mais importante): o leitor pode estar atento às outras qualidades da narrativa.

    É muito mais que guerras intergalácticas.

    3.) É muito mais que guerras intergalácticas. E isso é maravilhoso! A ficção científica pode ser também sobre os próprios seres humanos e suas mudanças & adaptações a partir do avanço tecnológico, da conquista e das perdas que a evolução ofecere. O livro que me mostrou isso foi “A cidade e as estrelas”, de Arthur C. Clarke, pois não é uma história sobre guerra e poder, mas sim uma história para pensar nos limites da vida humana, os seus alicerces sociais, culturais e ideológicos.

    Machismo na ficção científica

    4.) A ficção científica é machista, pois há poucas mulheres em papéis importantes e quando há, a participação nos trâmites da história é muito pequena. É claro que há exceções, como a personagem Susan Calvin (Eu Robô, Isaac Asimov), mas em uma situação hipotética de nosso futuro, na visão de escritores homens, não há espaço para o avanço do papel da mulher na sociedade, tampouco propõe alguma ideia sobre as questões de gênero. Os livros de ficção científica escrito por homens (que eu li) abordaram os temas de guerra, poder e ciência.

    5.) A ficção científica escrita por mulheres é incrível, pois aborda temas muito complexos e atuais: o feminismo e as questões de gênero. No livro A paixão da nova Eva (Angela Carter), vamos ter o tema do feminismo e da transexualidade em um mundo distópico. No livro A mão esquerda da escuridão (Ursua K. Le Guin), vamos conhecer outro planeta com seres muito diferentes do padrão “homem e mulher”, que colabora para um questionamento muito maduro sobre sensibilidade e maternidade, por exemplo.

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    Sem dúvidas, eu poderia ficar aqui ampliando essa lista, mas sempre que me perguntam sobre livros de ficção científica são esses tópicos que gosto de abordar e porque também são eles que veem, imediatamente à minha cabeça. Ou seja: leia ficção científica, é maravilhoso! Mas é um pouco machista também, mas é importante conhecer para combater. E, claro! Leia escritoras de ficção científica! Você conhece Angela Carter? Não?! Deveria! E a Ursula K. Le Guin? Leia, leia, leia!

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    A lista dos livros que li (com link para você comprar na Amazon):

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