A novela “A morte de Ivan Ilitch” é uma grande reflexão sobre as dores da existência humana e sobre o quanto a vida é efêmera…

    A obra “A Morte de Ivan Ilitch” foi escrita pelo autor russo Lev Tolstói, publicada pela primeira vez em 1886. O livro é uma reflexão profunda sobre a vida, a morte e o sentido da existência humana.

    É uma história muito mais comum do que você pode imaginar. No entanto, o que o autor nos dá é um mergulho muito dolorido na consciência da morte. Ela não virá daqui um tempo, ela virá de forma breve. E parece que o próprio fato de saber que ela está chegando, acelera-se o destino.

    A Morte de Ivan Ilitch
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    Sobre Ivan Ilitch

    Imagine um cidadão comum. Vivendo sua vida: com família, emprego e uma rotina que ele considera ok. É sobre essa pessoa que o livro vai focar. O nome do personagem é Ivan Ilitch que, a partir do momento que ele descobre uma doença que o levará à morte, toda a sua vida é voltada para si.

    É como se antes ele cumprisse os padrões da vida – com uma vida aparentemente medíocre. E ao constatar a morte lhe aproximando, a sua existência ganha um sentido difícil de explicar, mas que, nas palavras de Tolstói nos conduz a um lugar íntimo de reflexão sobre a existência que todos nós podemos ter, mesmo pequenos, infames…

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    Assim como Ivan Ilitch, Tolstói enfrentou questões existenciais profundas ao longo de sua vida. Ele experimentou crises espirituais e questionou o propósito da existência humana, temas que são refletidos na novela.

    “O que é que você quer?” foi a primeira coisa possível de ser traduzida em palavras que ouviu. O que você quer? O que você quer?, repetia a voz.
    “O que eu quero? Parar de sofrer. Viver”, respondeu. E novamente pôs-se a escutar com tamanha atenção que nem mesmo sua dor conseguiu distraí-lo.
    “Viver. Viver como?”, perguntava a voz.
    “Ora, viver como antes – viver bem, agradavelmente.”
    “Como vivia antes? Bem e agradavelmente?”, indagou a voz.
    E ele começou a repassar em sua imaginação os melhores momentos de sua agradável vida. Mas, estranhamente, nenhum desses melhores momentos de sua vida tão agradável agora lhe pareciam o que pareceram na época – nenhum deles, exceto as primeiras lembranças de infância. Lá na infância, havia alguma coisa realmente afgradável com a qual seria possível viver, se pudesse recuperá-la. Mas a pessoa que conhecera essa felicidade já não existia; era como a lembrança de outra pessoa.

    p. 62

    Cada página do livro é como se escutássemos um batimento cardíaco diminuindo. E Tolstói vai nos entregando esse dissipar da vida de uma forma brilhante – porque estamos falando de um autor muito genial – e também uma lentidão que nos absorve completamente, ao relatar todos os momentos e digressões do personagem acamado. É um livro que nos deixa atordoado…

    E por que eu digo que parece que se acelera o destino? Porque conforme a doença e a morte certa aproxima-se do personagem (e do leitor), é como se a vida anterior à doença ganhasse mais sentido e, dessa forma, consagrasse a vida de um grande homem, e que no início parecia tão banal. Vem essa amplitude do passado em um contraponto que tudo está indo embora, para sempre.

    (Ler o trecho da página 10)

    “Nesse momento, também, quanto mais para trás olhasse mais vida encontrava. Houve mais coisas boas e mais vida em si, lá atrás. E as duas coisas se juntavam. ‘Assim como a dor piora cada vez mais, minha vida toda foi progressivamente piorando. Há um ponto de luz lá longe, no início da vida, mas, depois disso, tudo foi ficando cada vez mais negro e afastando-se cada vez mais, em proporção inversa à distância que me separa da morte’, pensou Ivan Ilitch.”

    Uma grande experiência

    Quando peguei o livro para ler, foi porque a história parecia curta, e como foi uma leitura no Kindle, prefiro livros assim. Outro fator motivador de leitura é que tenho comigo que preciso ler mais os russos. E apesar do título entregar o enredo da obra, o impacto vem. Porque como seres humanos proclamadores da vida, nunca esperamos a morte.

    Sem contar que em muitos livros, esse sentido da morte pode ser uma metáfora. Em Ivan Ilitch ela também pode ser vista como um recurso de linguagem porque o autor busca:

    • Esse laço com a vida, com o passado e com o sentido da existência.
    • O nosso pensamento sobre uma vida superficial e material x uma vida atrás de algo realmente verdadeiro
    • A alienação sobre si mesmo – tão comum em nossos dias…
    • Mas também esfrega na nossa cara que morrer deve ser isso. Exatamente isso.

    Se recomendo a leitura? Sim! Muito! Esses livros sobre a morte também podem ser uma maneira de valorizar a vida que a gente tem, as pequenas coisas, os pequenos prazeres e, acima de tudo: a saúde.

    Assista ao vídeo no canal:

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