Quando penso em On The Road, crio a seguinte imagem: uma estrada plana, num dia de muito sol, um carro vermelho conversível a mais de 130 Km por hora. Mas On The Road, do beat-doidão Jack Kerouac (1922-1969) não é apenas isso, é muito mais. Em seu livro mais famoso há uma chuva de informações frenéticas de um cara em busca de alguma coisa que ele não tem a intenção de explicar, mas vou chamar aqui de vida, e cada um dá a dimensão que quiser para isso.

A história é narrada pelo personagem Sal Paradise, que nada mais é que o próprio Kerouac, pois isto é uma característica de sua literatura, a autobiografia. E ele percorre a conhecida Rota 66 junto de seus amigos em busca de algum conforto para as suas vidas, mas sem perder a liberdade. Dean Moriarty, um dos personagens mais marcantes da história (dizem ser o escritor e amigo de Jack, Neal Cassady), é de extrema importância para o frenesi de toda a obra, inclusive os caminhos que Sal decide seguir, pois ele é visto como um amigo sábio.

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A obra tem o seu valor literário porque Jack Kerouac conseguiu trazer a velocidade da viagem nas páginas do livro, como se em cada curva na estrada de terra fizesse o leitor comer pó junto com os personagens e, principalmente, por desvendar o espírito de uma geração que parecia não ter identidade. On the Road é uma obra para ser sentida e para fazer parte é necessário sentar no banco de trás e acompanhar a deliciosa aventura dos amigos beats. Beat, é um termo que o próprio Kerouac inventou e pode significar: batida, porrada, pulsação, trilha, enfim, e mais um monte de outras palavras que Jack respondia impaciente nas entrevistas que concedeu após o estouro de On the Road.

O livro foi escrito muito rápido, numa máquina de escrever e papel manteiga recortado e colado para que Jack não precisasse mudar as folhas e interromper o lampejo frenético de ideias. Quando o entregou para a editora, eu fico imaginando um rolo gigante parecido com papel higiênico, foi necessário muitos ajustes a fim de ganhar “sentido” e ser aprovado para a publicação, pois ele não se preocupou com a estrutura das frases, parágrafos e a gramática, apenas escreveu, escreveu e escreveu.

on the road

Jack Kerouac, corajoso e totalmente entregue à literatura, deixou sua marca rebelde no século XX, mostrou ao mundo o sub-mundo e o amor pela liberdade em seu sentido mais amplo, como se ela fosse a ponta daquela montanha que, daqui, ele conseguiu tocar.  

“Toda aquela velha estrada do passado desenrolava-se vertiginosamente como se a taça da vida tivesse sido entornada e tudo houvesse enlouquecido. Meus olhos ardiam naquele pesadelo acordado.”

“On the Road”, p. 287.

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