“Quero ler Virginia Woolf, mas por onde eu começo?” É uma das perguntas que sempre tenho de responder. E eu respondo essa pergunta com muito prazer!
Uma das perguntas que sempre tenho de responder é sobre o que ler primeiro quando o tema é Virginia Woolf. E eu respondo essa pergunta com o maior prazer do mundo, afinal, é tão raro encontrar pessoas que gostam de ler e mais difícil ainda aquelas que querem ler o mesmo que eu. Então, cada mensagem no Facebook, Twitter, e-mail, WhatsApp, aviãozinho, garrafa, etc, me deixa muito feliz pelo simples fato de que eu reconheço essas perguntas como conexões literárias que, mesmo lentas, vão se espalhando por aí.
Assim que li Virginia Woolf pela primeira vez (uma frase num livro de Sociologia que não me lembro mais) eu fiquei curiosíssima sobre ela e iniciei uma simples pesquisa que me levou rapidamente ao livro As Ondas. Mas quando comecei a ler não entendi quase nada, o que me deixou muito frustrada… mas eu não desisti e comecei a pesquisar um pouco mais: conheci a tal técnica Fluxo de Consciência, a qual eu nunca tinha ouvido falar, e também descobri que Virginia Woolf escrevia contos. Fui então atrás deles e hoje sei que tudo começou exatamente ali, nos contos.
Quero ler Virginia Woolf e vou começar nos contos…
O livro escolhido foi o Contos Completos, da CosacNaify, uma edição que além de linda, possui quase todos os contos da Sra. Woolf. Eu lia um por dia e anotava as frases que me atraíam. Reli os que eu mais gostava e assim eu fui me apresentando a Virginia. Sim, é isso mesmo, foi quase como pedir licença para então poder estar ao lado dela, como se o livro fosse um barco e ela o capitão que me guia até hoje…
Após os Contos, claro, tentei novamente ler As Ondas, mas não deu muito certo, eu li até o fim, mas compreendi pouco, pois no final dele fiquei com a sensação de que eu o conhecia como um livro maravilhoso, pura prosa-poética, mas os personagens ainda não estavam claros para mim, tampouco o seu enredo, sua estrutura, tão difícil por conta dos contínuos diálogos entre os personagens e o tempo, passando tão rápido. Eu sabia que faltava muito mais em mim para que a leitura se tornasse como um alimento para completar minha alma.
Eu quero ler Virginia Woolf, então vou para um romance
Mudei novamente a estratégia e fui ler Noite e Dia, que amei, o segundo romance dela, sem fluxo de consciência, mas muito lindo! lembra um pouco os romances de Jane Austen. Depois li Flush, Orlando (que se tornou um dos meus favoritos), Mrs Dalloway, Entre os Atos, A Viagem, O Quarto de Jacob… e pronto, assim me tornei fã da escritora. Li os outros livros e hoje só me resta o romance Os Anos, o penúltimo que ela escreveu e alguns contos. As Ondas, li mais uma vez e ainda acho que não entendi tudo (por isso que a literatura clássica é tão legal, porque sempre temos mais a aprender com um mesmo livro). Mrs. Dalloway e Orlando foram os que mais li, 3 vezes cada um. E cada leitura é uma nova descoberta.
Então, para mim, há duas boas formas de começar a ler Virginia Woolf:
1.) Ler na ordem cronológica de publicação, pois assim como Virginia Woolf foi ficando cada vez melhor em cada livro que escreveu, o leitor também cresce junto dela. E os contos, ensaios e artigos, podem ser lidos aleatoriamente.
Romances:
- A viagem (1915) – Leia a resenha aqui
- Noite e Dia (1919) – Leia a resenha aqui
- O quarto de Jacob (1922) – Leia a resenha aqui
- Mrs. Dalloway (1925) – Leia o meu Diário de Leitura – Mrs. Dalloway
- Ao Farol (1927) – Leia a resenha aqui
- Orlando (1928) – Leia a resenha aqui
- As Ondas (1931) – Leia a resenha escrita por Caio F. Abreu aqui
- Flush (1933) – Leia a resenha aqui
- Os Anos (1937)
- Entre os Atos (1941)
Ensaios, Diários e Artigos:
- O leitor comum I (1925)
- Um Teto Todo Seu (1929) – Leia a resenha aqui
- O leitor comum II (1932)
- Diários
2.) Ler os romances por estilo e os contos, ensaios, artigos, diários, aleatoriamente.
- Clássico: A viagem, Noite e Dia, Flush, Orlando
- Fluxo de Consciência: O quarto de Jacob, Ao Farol, Mrs. Dalloway, As Ondas, Entre os Atos, Os Anos.
Espero que este post colabore para termos mais leitores woolfianos espalhados por aí. 😉
Respostas de 29
Oi Francine!
Conheci e me interessei pela Virginia depois de ver o filme As Horas, com a Nicole Kidman, e desde então venho acompanhando esse blog como anônimo. Não estava nos meus planos sair do anonimato (rs), mas assim que vi esse post, pensei “Não é possível!” porque ele me apareceu justo no momento em que estou no meu primeiro livro da Virginia: Orlando. Numa primeira folheada, achei que não iria gostar muito (“Como assim, sem diálogo?”) mas mesmo assim me joguei. E quer saber de uma? Não só estou gostando como estou apaixonado! Estou na parte em que o Orlando (já uma lady) passa a frequentar a sociedade “intelectual” londrina, e não pensei que “aquele livro sem diálogo” seria assim tão engraçado. Comprei esse e o Mrs. Dalloway, que decidi “economizar” para ler depois (desse eu já sei que vou gostar, pelo que vi no filme As Horas). Mal posso esperar pra lê-lo, tanto ele quanto as outras obras da Virginia!
Abraço, e parabéns pelo blog!
Francine, o primeiro
livro que li da Virginia Woolf foi Orlando e foi um “divisor de
águas” na minha vida de leitora, já tinha lido outros autores
clássicos, mas fiquei completamente apaixonada pela escritora e pelo livro…depois
li outros livros dela…sua obra é maravilhosa, mas Orlando tem um lugar de
destaque…insuperável. 🙂
Oi Francine,
Confesso que outro dia começei a ler Mrs. Dalloway e me perdi na leitura, abondonei e deixei para ler mais a frente. Tenho vontade de conhecer a obra dessa autora e acho que como você começarei por Noite e Dia já que lembra Jane Austen, minha escritora favorita.
Beijos!
Obrigada, Aline!
O quarto de Jacob também é um livro que ficou um pouco obscuro para mim, preciso ler novamente!
Ao Farol é incrível! Até hoje fico tão admirada com o que Virginia Woolf conseguiu fazer no romance…. o segundo capítulo é de tirar o fôlego! Maravilhoso!!! 🙂
Os contos são ótimos! Nem sei dizer quais são os meus preferidos! rs
Beijos!
Oi, Igor! Que bom que vc saiu do anônimato! 🙂 Comentei sempre, apareça sempre, viu?!
Orlando é MARAVILHOSO! Também acho o romance muito bem humorado. E legal vc comentar isso pq Virginia Woolf tem fama de ser uma escritora melancólica, triste, deprimida… são poucos os que percebem esse humor nela, que eu adoro!
Mrs Dalloway sou até suspeita para falar, pois, AMO tudo nesse romance! 🙂
Bjos, obrigada pelas visitas.
Oi, Adriana!
Eu fico em dúvida sobre o melhor livro de Virginia Woolf. Fico divida entre Orlando, Ao Farol e Mrs Dalloway! rs
Bjos!
Noite e Dia ou A Viagem são ótimos para começar 🙂 Bjos!!
Adorei o texto! Eu comecei com “A Viagem”, mas ainda era uma leitora imatura para Virgínia. Recentemente comprei “Ao Farol” depois de assistir um de seus vídeos. Quando começo a ler os livros da autora sinto um estranhamento muito semelhante a escrita do Joyce. Vou tentar fazer o diário de leitura para compreender melhor. Bjs
Muito bom o post. Às vezes, o medo de ler autores consagrados nos paralisa e acabamos perdendo grandes leituras. Li dois livros da V. Woolf até agora: Flush e Mrs. Dalloway. Achei tranquilo e recomendo esses para quem quer começar com algo mais “leve”.
bjo
Também comecei, recentemente, lendo os contos. Anteriormente eu havia conseguido ler Mrs. Dalloway vagarosamente porém acabaram roubando meu livro…
Esse ano comprei-o novamente depois de ler alguns contos (ainda não li todos) e parti para Mrs. Dalloway. A leitura não flui de primeira, mas com bastante atenção consegui terminar. Mesmo assim creio que não consegui extrair algo (ou muita coisa) do livro, talvez porque esperava outro final. Mesmo assim valeu a experiência, com certeza voltarei a reler depois de ler mais alguns como Orlando que morro de vontade de ler. A propósito, adorei diversos contos, foi uma maneira realmente ótima de começar, mesmo não tendo compreendido totalmente alguns contos, deixando-os pra depois para ler outros.
Adorei esse guia! Toda vez que eu indicar a Virginia vou usa-lo como referência.
Obrigada, Michelle! É mesmo, rola um medo sim, mas acho importante persistirmos, afinal, os escritores consagrados permitem a nós uma experiência de leitura maravilhosa, gigante! 🙂
Vc gostou de Flush? Eu adorei!!! e Mrs. Dalloway…bem… sou suspeita para falar, amo! rs
Bjos
Oi, Liziane! O diário de leitura ajuda muito! Ao Farol é surreal, nossa… fico em choque até hj qdo penso no livro rsrs mto bom. Bjos!!
Oi, Donizete!
Ah, roubaram o seu livro, q raiva!! :/
Fico muito feliz em vc ver este post como um guia. Muito obrigada!
Eu gosto mto de reler os contos. Depois de um tempo, um mesmo conto pode ganhar uma nova interpretação, um novo olhar. 🙂 Bjo
Adorei Flush! O jeito como a autora descreve o mundo pela perspectiva do cão é incrível. Aliás, o poder de descrição da V. Woolf é impressionante. Me senti nas ruas de Londres enquanto lia Mrs. Dalloway. Quero me aventurar em outras histórias em breve 🙂
Eu comecei lendo os contos: a série sobre a festa de Mrs. Daloway. Depois o próprio romance Mrs. Dalloway. Empaquei no Noite e Dia, não por falta de compreensão, mas por achar chato. Li o ensaio Um Teto Todo Seu e, agora, estou lendo os Diários, na edição da Bertrand. Falta ler Flush q é a história do cachorro da E.B.B..
Eu gosto das frases dela, tocam onde tem que tocar.
Acho que para compreender Virginia Woolf tem q ser Virginia Woolf!
Fiquei, de certa forma, aliviada em ver que não fui a única que tive alguma dificuldade com Virginia Woolf. Minha primeira leitura foi “Mrs. Dalloway” (por causa de “As Horas”), mas quando li me perdi demais na leitura, acabei por entender quase nada. Mesmo guardei o livro para uma leitura posterior, pois sinto um fascínio pela Virginia Woolf. E a cada post que leio neste blog fico mais fascinada e vejo que fiz uma boa coisa em não julgar o livro pela minha primeira leitura. “Orlando” também está na minha listo para ser re-lido.
Seguindo suas orientações, meu próximo Woolf será “A Viagem” – que, por acaso, foi minha última aquisição.
Adorei seu post! Com certeza vou voltar a ler ele no futuro 🙂
Oi Francine. A viagem também se desenrola através de fluxo de consciência?
Nossa, vi seu vídeo sobre Ao Farol e pensei, poxa que péssima leitora eu sou pois não tinha entendido nada do livro, já li alguns clássicos que me fascinaram, mas com a Virginia empaquei, decidi reler. Não aceito não entender essa obra e você me recomendou esse post, o que foi um alivio pq saber que não fui a única a não entender assim de começo. Mas cá estou no 5 capitulo de Passeio ao Farol e estou começando a achar interessante e isso está me prendendo direitinho! Uffa! Espero ler mais e compreender Virginia.
Oi, Suelen!
Obrigada!
Continue vindo aqui pra contar suas impressões sobre os livros woolfianos. Vou adorar! Bjos!
Eba! Que bom que vc não desistiu! 🙂 Virginia Woolf é uma escritora especial, vale muito o esforço. Depois me conte o que achou.
Bjos!
Eu to morrendo pra tentar gostar dos contos dela, mas tá dificil… Pelo menos seu texto me deu um empurrao pra tentar mais un pouco 🙂
Fran, boa tarde. Adorei a postarem. Sobretudo porque sou apaixonada por Virginia e nem sei te explicar a a razão. Afinal, a escritora veio a mim antes da obra.
Tenho a biografia do Herbert Marder, O Valor do Riso e Mrs. Dalloway e procuro as demais obras pra completar a coleção. Obrigada pelos esclarecimentos. Pelos comentários vi que não fui a única a sentir dificuldade. Sucesso pra você. Já tô seguindo no insta. Beijos.
Obrigada! Sucesso para vc também 🙂
não desista! no começo pode haver um pouco de dificudalde mesmo, mas vale a pena 🙂
Olá Francine Ramos me fale sobre Virgínia estou curiosa sobre ela . Será que poderia me fazer um resumo sobre os livros delas os principais e incluindo todos os outros ? Me manda no meu email.
Adorei seu post! E também quero aprender a amar Virgínia Woolf que é uma autora completamente nova pra mim!
Obrigada por ser tão maravilhosa em compartilhar essa sua experiência.
Meu livro favorito é “As ondas”
Amo Virginia! Meu primeiro foi Mrs Dalloway, depois O Quarto de Jacob e depois Flush.
Tenho vários outros dela na coleção, mas ainda nao li.
O que ajuda tbm é um tradutor que conheça e consiga transpor sua linguagem de uma forma clara. Quando li Mrs Dalloway com tradução de Mauro Quintada, não entendi nada. Quando li a tradução de Tomaz Tadeu é sensacional.