As cores da escravidão, lançado em 2013, esteve entre os 10 indicados na categoria Juvenil do Prêmio Jabuti 2014.
Ieda de Oliveira é escritora, compositora e especialista em Literatura Infantojuvenil, com vários livros publicados sobre o tema no Brasil e exterior.
As cores da escravidão (96 páginas, Editora FTD), lançado em 2013, esteve entre os 10 indicados na categoria Juvenil do Prêmio Jabuti 2014. Além de ter o selo Altamente Recomendável, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil e fazer parte do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) do governo federal.
O livro conta a história de Tonho que sonhava em ter uma vida melhor. A avó Tonha contava histórias para o garoto e uma delas era sobre o Gato de Botas. Um dia, surgiu no bairro onde eles moravam o Gato Barbosa – homem que recrutava trabalhadores para empreitadas. Tonho, inocente, acredita que aquela é a chance de mudar de vida. E acaba seguindo viagem com o Gato e seu amigo João.
“Um dia a gente estava jogando bola no campinho, quando começou a ver um mundo de gente passar com pressa. Fomos atrás. Tinha um homem falando alto e dizendo coisas muito boas. Que ele sabia onde tinha serviço bom pra todo mundo e que dava para ganhar muito dinheiro. Olhei bem para ele. Era grande, quase gordo, chapéu na cabeça, bigode fino e uns cabelos caídos nos ombros. Nas pernas, grandes botas. Era o Gato Barbosa. Estava ali para ajudar todo mundo a ficar rico.” (p. 13)
A escritora Eliane Brum disse, em sua recente autobiografia: “Há realidades que só a ficção suporta”. Ieda leva para ficção temas reais que devem ser sempre motivos de alerta, as formas desumanas em que alguns trabalhos são realizados no país e o uso da mão de obra infantil. Mesmo ao tratar de assuntos sérios, a escritora não deixou de lado a sensibilidade, e acaba presenteando ao leitor uma história bonita, de esperança, amizade e amor.
A sensibilidade das palavras de Ieda e as belas ilustrações de Rogério Borges fazem com que As cores da escravidão nos incomode e emocione.
“O despertar já não incomodava mais. Que nem pé descalço, sempre pela terra e pedra. Cria resistência. Na memória, a palavra da vó Tonha: a gente se acostuma com tudo, mas sem história é arriscado de morrer.” (p. 55)
“O que me movia era um misto de raiva e medo. Raiva do sonho usurpado e medo de me perpetuar escravo da raiva. Difícil conciliar justiça e liberdade, desafio tênue das humanidades.” (p. 81)