Gustave Flaubert (1821-1880) foi um renomado escritor francês, conhecido por sua meticulosidade na escrita e por ser um dos principais representantes do realismo literário. Nascido em Rouen, na França, Flaubert demonstrou desde cedo um interesse pela literatura e, após estudos em Direito, se dedicou inteiramente à escrita. Sua vida foi marcada por uma intensa busca pela perfeição literária, culminando em sua obra mais famosa, “Madame Bovary” (1856), que gerou controvérsia devido ao retrato realista das questões sociais e morais da época.

    Gustave Flaubert fazia parte da escola literária do “Realismo“, que floresceu na França no século XIX. Essa corrente valorizava a representação fiel da realidade, abordando os aspectos cotidianos da vida das classes média e baixa. Flaubert, com sua prosa detalhada e minuciosa, foi um dos principais expoentes desse movimento literário. Sua obra foi fundamental para a época, pois provocou uma ruptura com o Romantismo, questionando a idealização e a subjetividade presente nas obras anteriores, e trazendo um retrato mais objetivo e cru da sociedade.

    A escrita de Flaubert é marcada por uma profunda atenção aos detalhes, conferindo um alto grau de realismo às suas narrativas. Além disso, o autor apresenta uma análise psicológica profunda de seus personagens, explorando suas motivações e comportamentos de maneira minuciosa e lúcida. Suas histórias muitas vezes abordam temas controversos e os dilemas humanos, apresentando uma visão crítica da sociedade da época.

    Conheça 6 livros de Gustave Flaubert para se aprofundar no Realismo e na Literatura Francesa

    1. “Madame Bovary” (1856)

    Reconhecido por autores como Henry James como “o romance perfeito”, Madame Bovary é a obra fundamental de Gustave Flaubert (1821-80). Trata-se de um raridade, mesmo em um clássico, um exercício meticuloso de escrita que igualmente desafiava as estruturas literárias e as convenções sociais. Não à toa, a época de lançamento o impacto foi duplo: um sucesso de público e a reação feroz do governo francês, que levou o autor a julgamento sob a acusação de imoralidade. Flaubert inventou um estilo totalmente novo e moderno, praticando uma escrita que, ao longo dos cinco anos que levou para terminar o livro, literalmente avançou palavra a palavra. Cada frase devia refletir o esforço em obtê-la, sendo reescrita e reescrita ad infinitum. Mestre do realismo, o autor documenta a paisagem e o cotidiano da segunda metade do século XIX, ironizando os romances sentimentais e folhetins, gêneros que considerava obsoletos. A história faz um ataque à burguesia, desmoralizando-a com a descrição exuberante de sua banalidade. Em um tempo em que as mulheres eram submissas, Emma Bovary encontra nos tolos romances dos livros o antídoto para o tédio conjugal e inaugura uma galeria de famosas esposas adúlteras atormentadas na literatura. + AMAZON

    2. “Salammbô” (1862)

    Flaubert escreveu Salammbô imediatamente depois do abalo estético e moral provocado por Madame Bovary (1856). Do retrato realista de uma mulher insatisfeita na província francesa no século XIX, o escritor saltou para essa aventura épica ambientada no norte da África no século III a.C. O romance cartaginês foi uma de suas principais empreitadas literárias. Para escrevê-lo, Flaubert dedicou cinco anos de sua vida, municiou-se de documentos, fez longas viagens para o Oriente Médio e leu mais de 200 obras. Tudo para reconstruir minuciosamente a antiga Cartago, inserindo no enredo personagens e episódios fictícios. A história começa durante um banquete nos jardins da casa do general cartaginês Amílcar Barca, para celebrar o aniversário da batalha de Monte Érice. É ali, durante o festim, que o mercenário líbio Mâthos avista Salammbô, filha do general e sacerdotisa de Tanit, a deusa da Lua e protetora de Cartago. Salammbô não sairá da memória do soldado, que no entanto será um dos líderes da revolta dos mercenários contra Amílcar, depois que este reconhece não ter recursos para pagar o soldo devido aos estrangeiros que lutaram sob seu comando contra os romanos. + AMAZON

    3. “A Educação Sentimental” (1869)

    Setembro de 1840. O navio La Ville-de-Montereau parte pelo rio Sena em direção a Paris. A bordo se encontra Frédéric Moreau, jovem que sonha com os sucessos que o aguardam em sua futura vida na capital francesa. Mas seu destino começa a se desenrolar ainda durante a viagem, quando pousa os olhos pela primeira vez na sra. Arnoux. Considerado por muitos a obra prima de Flaubert, este romance retraça a história de um jovem ávido por amor, riqueza e glória, mas que, em uma época de profundas turbulências políticas e sociais, cujo apogeu é a Revolução de 1848, revela-se incapaz de se engajar em uma causa. Esta edição conta com um prefácio inédito de Maria Rita Kehl, que relaciona o jovem Frédéric à mais famosa personagem criada pelo autor, Emma Bovary, além do texto clássico de Marcel Proust acerca do romance e do estilo de Flaubert. + AMAZON

    4. “Três Contos” (1877)

    Os Três contos de Gustave Flaubert (1821-1880) constituem um dos pontos mais altos da literatura francesa. Ao retornar a temas, figuras e paisagens que o acompanhavam desde a juventude, o autor de Madame Bovary destilou uma suma de sua obra nas breves páginas deste último livro que chegou a completar. Seja narrando o meio século de servidão de uma criada em “Um coração simples”, seja desdobrando a tapeçaria alucinada da “Legenda de São Julião Hospitaleiro” ou ainda reinventando um episódio bíblico em “Herodíade”, Flaubert levou a arte da ficção a territórios ainda pouco explorados. Seu contemporâneo Henry James não tardou a ver “um elemento de perfeição” neste livro de 1877; e o próprio Flaubert, a meio caminho de sua redação, confIdenciou numa carta: “Tenho a impressão de que a Prosa francesa pode chegar a uma beleza de que mal se faz ideia”. + AMAZON

    5. “Bouvard e Pécuchet” (1881)

    Com suas frases lapidadas exaustivamente, suas palavras precisas, o romance Bouvard e Pécuchet, do francês Gustave Flaubert, atravessou o tempo sem perder seu impacto e sua força expressiva. Esta edição traz notas explicativas e os roteiros manuscritos que o escritor deixou para o final da primeira parte do romance, bem como para a segunda parte, como o famoso Dicionário das idéias feitas. Nesse romance inacabado, Flaubert coloca em cena dois personagens crédulos, os escreventes Bouvard e Pécuchet, que, caminhando na rua, na hora do almoço, sentam num mesmo banco de praça e acabam se tornando grandes amigos. O sonho desses dois ‘homenzinhos’, como o escritor a eles se referia, era conseguir largar o trabalho insano de copistas para se dedicarem aos estudos, aos altos conhecimentos, científicos ou não, do mundo. Um dia, um deles recebe uma bela herança, suficiente para passar o resto da vida sem trabalhar. Combinam, então, trocar a vida parisiense pela vida no campo, onde poderiam se dedicar aos estudos e às experiências, procurando pôr em prática, nesse laboratório da natureza, tudo que aprenderiam nas grandes obras de referência. + AMAZON

    6. Cartas Exemplares

    As cartas de Flaubert são uma das maiores obras-primas epistolares da era moderna, só comparáveis à correspondência de George Bernard Shaw, ou às cartas entre Walter Benjamin e Gershom Scholem, ou entre Edmund Wilson e Nabokov. De forma mais tocante do que qualquer outro documento de sua vida, essa extraordinária correspondência aborda os mistérios da criatividade e da personalidade, e as alquimias da sobrevivência. Ela nos permite confrontar as mesmas questões de acordo com as nossas próprias obsessões, nossas dores e triunfos, nossos fracassos. + AMAZON

    Share.

    1 comentário

    1. Pingback: 17 clássicos franceses para ler em 2023 (ou quando der)

    Leave A Reply