Aprender a escrever com Ernest Hemingway: conheça a “Iceberg Theory”

Muitos escritores nos fornecem ao longo de suas carreiras ideias importantes para a escrita. Assim fez o escritor americano Ernest Hemingway. Neste artigo você irá conhecer a “Teoria do Iceberg”, uma técnica narrativa que fará você compreender o estilo do autor e também repensar o seu próprio estilo.

Ernest Miller Hemingway, nascido em 21 de julho de 1899, em Oak Park, Illinois, foi um renomado escritor e jornalista americano. Ele é amplamente reconhecido por sua contribuição significativa para a literatura do século XX, particularmente por seu estilo de escrita conciso e realista. Hemingway viveu uma vida intensa e trágica, que influenciou profundamente sua obra.

Vida e principais obras

Hemingway começou sua carreira como jornalista, servindo como correspondente de guerra durante a Primeira Guerra Mundial. Essa experiência moldou sua abordagem direta e desapaixonada em relação à escrita. Suas experiências em Paris, como parte da “Geração Perdida” de expatriados americanos na década de 1920, também tiveram um impacto profundo em sua visão de mundo.

Entre suas principais obras estão:

  1. O Velho e o Mar” (1952): Este romance curto, que lhe rendeu o Prêmio Pulitzer, é um dos trabalhos mais conhecidos de Hemingway. Conta a história de um velho pescador cubano, Santiago, e sua luta com um grande peixe no Golfo do México.
  2. Por Quem os Sinos Dobram” (1940): Ambientado na Guerra Civil Espanhola, o livro narra a história de um americano chamado Robert Jordan, que se junta à luta contra o fascismo.
  3. O Adeus às Armas” (1929): Inspirado em suas experiências como motorista de ambulância na Itália durante a Primeira Guerra Mundial, este romance aborda os horrores da guerra e o impacto nos indivíduos.
  4. Paris é uma festa“: publicado postumamente em 1964, é outra obra significativa de Ernest Hemingway. Neste livro, Hemingway oferece uma visão nostálgica de sua vida em Paris na década de 1920, durante o período em que era parte da comunidade de escritores expatriados. Ele compartilha memórias de sua convivência com outros artistas notáveis, como F. Scott Fitzgerald, Gertrude Stein e Ezra Pound.
  5. O Sol Também se Levanta” (1926): Este romance é ambientado em Paris e na Espanha, retratando a vida de expatriados após a Primeira Guerra Mundial. A história segue um grupo de amigos, incluindo o narrador Jake Barnes e sua relação com a bela Lady Brett Ashley.

Estilo de escrita: concisão e minimalismo

Hemingway é conhecido por seu estilo conciso, direto e minimalista. Ele acreditava na eliminação do excesso de palavras e na busca pela “iceberg theory”, onde o significado subjacente é deixado para ser inferido pelo leitor. Seu uso de frases curtas e diálogo objetivo contribui para a clareza e a intensidade emocional de sua prosa. Assim, Hemingway é considerado uma referência de qualidade na escrita por várias razões. Sua capacidade de transmitir emoções complexas com simplicidade e economia de palavras é notável. Ele valorizava a autenticidade e a honestidade na escrita, muitas vezes incorporando suas próprias experiências de vida em suas obras. Seu foco na observação detalhada e na atenção aos detalhes também contribuiu para a profundidade de suas narrativas.

Contribuições sobre Escrita: “escrever a verdade”

Hemingway deixou uma série de reflexões sobre o ofício da escrita em suas cartas, livros e entrevistas. Ele enfatizava a importância da clareza e da honestidade, aconselhando os escritores a “escrever a verdade”. Além disso, suas ideias sobre o “iceberg theory” eram uma instrução para que os escritores confiassem na imaginação do leitor.

Levantava-me, punha-me a contemplar os telhados de Paris e pensava: “Não se aborreça. Você sempre escreveu antes e vai escrever agora. Tudo o que tem a fazer é escrever uma frase verdadeira. Escreva a frase mais verdadeira que puder.”

“Paris é uma festa” (p. 26)

Iceberg Theory / A Teoria do Iceberg”

A “Iceberg Theory” (Teoria do Iceberg) de Ernest Hemingway é uma abordagem literária que sugere que o significado completo de uma história reside abaixo da superfície, assim como a maior parte de um iceberg está submersa na água. Hemingway acreditava que os escritores deveriam omitir detalhes explícitos e deixar que os leitores inferissem o significado subjacente por meio de pistas e sugestões.

A analogia do iceberg implica que o escritor fornece apenas uma pequena porção visível da história, enquanto a maior parte do significado está implícita, subentendida. Hemingway aplicou essa teoria em seus próprios escritos, destacando a importância do não dito, das entrelinhas e da sugestão para criar uma narrativa mais profunda e envolvente.

Ernest Hemingway - A Teoria do Iceberg
Representação da Teoria do Iceberg, de Ernest Hemingway. Há sempre muito mais em cada personagem do que está escrito. Perceba as nuances e as entrelinhas. Um bom personagem se faz assim: há muito mais nele, sempre.

A Teoria do Iceberg é sobre simplicidade e clareza

Ao seguir a “Iceberg Theory”, Hemingway buscava simplicidade e clareza em sua prosa. Ele acreditava que o poder de uma história residia naquilo que não era dito explicitamente, mas que podia ser intuído e sentido pelo leitor. Em vez de explicar diretamente as emoções ou mensagens, Hemingway confiava na habilidade do leitor de captar sutilezas e nuances.

A Teoria do Iceberg é sobre a participação ativa do leitor

Essa abordagem também se alinha com o estilo minimalista de escrita de Hemingway, que evitava o excesso de palavras e procurava transmitir significado de forma econômica. Ele buscava capturar a essência das experiências humanas sem recorrer a explicações excessivas, permitindo que os leitores participassem ativamente da construção do significado.

Assim, a “Iceberg Theory” de Hemingway representa uma filosofia literária que desafia os escritores a confiar na capacidade dos leitores de inferir significados mais profundos, tornando a leitura uma experiência mais participativa e envolvente.

Em resumo, Ernest Hemingway continua a ser uma figura influente na literatura devido à sua escrita distintiva, estilo conciso e contribuições duradouras para a compreensão da condição humana. Sua obra reflete seu compromisso com a autenticidade e a busca pela essência da experiência.