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Julio Cortázar: o escritor que amava gatos

Em 12 de fevereiro de 1984 faleceu o autor argentino Júlio Cortázar. Suas obras literárias permanecem vivas até hoje, com dezenas de publicações entre romances, contos, entrevistas, poesia e teatro. Um fato que não pode passar despercebido em sua biografia é sua poderosa admiração pelos felinos, presente em vários de seus escritos e em seu cotidiano.

Julio Cortázar foi um dos maiores escritores argentinos do século passado. Com mais de trinta publicações, entre romances, prosa, poesia, crítica e entrevistas. O professor e tradutor ainda está nas prateleiras dos mais vendidos quarenta anos após sua morte.

Um dos temas que se repete em seus escritos é o dos gatos, animais domésticos que são realmente cativantes. A eles dedicou histórias, poemas e trechos de seus livros e, em vida, teve uma gata fiel que chamou de Flanelle, por causa de seu pelo macio, e outra que viu em algumas férias de verão, que cunhou como Theodor W. Adorno, assim como o filósofo.

Gatos em Cortázar

Julio Cortázar

Sua extensa bibliografia tem os gatos como tema recorrente, ora são personagens principais, ora possuem uma simples menção ou referência. Podem ser metáforas, gatilhos de enredo ou mesmo, em alguns casos, funcionar como um fio condutor que une seus diversos livros de histórias.

Cortázar cresceu em Banfield, nos arredores de Buenos Aires, diz-se que a casa de sua infância era repleta de felinos de estimação. É por isso que durante toda a sua vida ele foi visto acompanhado de gatos.

Durante quinze anos ele teve Flanelle, a gata vista em algumas de suas fotos mais conhecidas. No livro de contos “Queremos Tanto a Glenda” há diversas referências, principalmente na história “Orientación de los gatos”. A mascote morreu em 1982 em Paris, enquanto seu dono viajava.

Um gato famoso na vida do autor foi Teodoro W. Adorno, que aparece no conto “La entrada en religión de Teodoro W. Adorno“.

Julio Cortázar

Durante vários verões Cortázar saiu de férias para uma casa de praia, lá encontrou esse gato que ano após ano chegava sujo e ferido, ele cuidava dele e mimava-o, deixando-o por perto enquanto escrevia. Um ano, porém, o gato não apareceu, o autor então pensou que ele havia morrido. Caminhando pela cidade mais tarde, encontrou-o dormindo em outra casa…

No Brasil, seus contos estão na coletânea “Todos os Contos”, organizado pela Companhia das Letras.

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Outros trabalhos com felinos

Julio Cortázar

“A verdade, a triste ou bela verdade, é que cada vez gosto menos de romances, da arte romanesca tal como é praticada nestes tempos. O que estou escrevendo agora será (se algum dia eu terminar) algo assim como um antirromance, uma tentativa de romper os moldes em que esse gênero está petrificado”, escreveu Julio Cortázar numa carta de 1959, quando iniciava a escrita do que viria a ser O jogo da amarelinha.

Em sua lendária obra “Jogo da Amarelinha”, há referência ao gato filósofo, especificamente no capítulo 59.

Em “Un tal Lucashá a história “Cómo se pasa ao lado“. Da mesma forma, “Diário de Andres Fava” temos “Fragmento”. Referências também são encontradas no livro La vuelta al día en ochenta mundos.

Na obra Octaedro há três histórias com felinos: “Liliana llorando”, “Lugar llamado Kindberg” e “Cuello de gatito negro.”

Os últimos anos de Julio Cortázar

O autor viveu na Argentina durante seus primeiros anos, na década de 1950 mudou-se para a França, obtendo a nacionalidade europeia em 1981 em protesto à ditadura que existia no país transandino. Durante esse período os seus livros foram censurados, alcançando simultaneamente grande reconhecimento internacional. Viajou diversas vezes ao seu país de origem, e uma certa influência argentina também pode ser percebida em suas obras.

Julio Cortázar

Cortázar faleceu em 12 de fevereiro de 1984, em Paris, devido à leucemia linfoide aguda que o afetou nos últimos anos. Sua esposa, Carol Dunlop, havia morrido alguns anos antes – meses depois de Flanelle – então todos os direitos de suas obras estavam a cargo de Aurora Bernárdez, que havia sido seu primeiro casamento.

Ao contrário de seus colegas escritores, o tradutor também não recebeu prêmios importantes que reconhecessem sua contribuição global para a escrita latino-americana. Miguel Ángel Asturias, García Márquez e Vargas Llosa, por exemplo, receberam o Prêmio Nobel da Literatura, este último apenas em 2010. Mesmo assim, a sua transcendência e importância literária são inegáveis ​​e fundamentais.


Referência: LaTercera

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