Minha metade silenciosa, livro do escritor norte-americano Andrew Smith, lançamento da editora Gutenberg, é sobre transformação, aquela que acontece quando deixamos de lado a inocência e temos de encarar a crueldade natural da vida.
Stark é o personagem-narrador, o apelido dele é Palito, tem 13 anos, um irmão mais velho, o Bosten, que ele ama muito, a amizade de Emily, vizinha e amiga de escola, e pais violentos. Na escola, ele sofre provocações constantes porque ele não tem uma orelha e também foi prejudicado pela própria escola que o via como uma criança com problema mental.
Família sem diálogo
Na família de Stark não há diálogo, tudo funciona na base da agressão física e do castigo severo. Os sentimentos que os irmãos têm pelos pais é apenas de medo e revolta. E por conta de tudo que eles sofrem na escola e que não conseguem dividir com a “família”, a vida deles é uma sucessão de espancamentos e dormir num quarto escuro sem higiene alguma. Rapidamente percebemos que a família, na verdade, é composta apenas de dois membros: Bosten e Stark que precisam, desesperadamente, se livrarem dos próprios pais.
Mas como nem tudo são espinhos, os irmãos podem contar com pessoas boas durante essa transformação que eles sabem que precisam realizar. O que dá coragem aos irmãos são as palavras amigas de Emily para Stark e, principalmente, os dias que passam na casa da tia Daliah, na Califórnia, que revelam como a vida pode ser leve e sem violência.
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Antes de começar a leitura, todo o ritual de olhar a contracapa fiz como de costume, porém me incomodou um pouco as informações contidas, pois pareciam revelar quase tudo da história, porém eu estava enganada, pois Minha Metade Silenciosa guarda grandes surpresas, muito além da falta de orelha do narrador (e no livro) e a violência doméstica. O que fica é uma história de coragem, feita para jovens adultos (YA), mas que não deixa de ser bela para todos os públicos, pois os personagens lidam com questões atuais e profundas, muito além daquelas que estereotipam os adolescentes.
2 Comentários
Fiquei bem curiosa depois de ler essa resenha! Já tinha visto a capa em alguns grupos literários do facebook, mas não sabia do que se tratava. Parece bem interessante. Acho até que meus alunos dos anos finais iriam gostar de ler algo assim.
Seus alunos vão gostar sim! 🙂 O livro expõe muito bem as primeiras atitudes maduras de uma pessoa, de um adolescente. Muito bom!