Não há nada lá é como uma revelação, um milagre, algo divino, em contraponto ao terror, ao maligno, que também, analisando em linhas…

    Joca Reiners Terron, é um escritor brasileiro, nascido em Cuiabá em 1968. tem vários livros publicados e neste ano é finalista do Prêmio São Paulo de Literatura com o livro “A tristeza extraordinária do leopardo-das-neves”, que li no ano passado e simplesmente amei. Estou na torcida para que ele leve o prêmio.

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    “Não há nada lá” é o segundo livro dele que leio, lançado pela Companhia das Letras em 2011 e faz parte do selo “Má Companhia” da editora.

    Diferente do que aconteceu com a leitura de “A tristeza extraordinária”, que mergulhei no livro até o fim e gostei tanto ao ponto de querer ler outros livros do escritor, Não Há Nada Lá me provocou reações diferentes, que até agora que escrevo estas linhas não sei muito bem o que isso quer dizer.

    Por que? Porque a história tem um ingrediente que acho muito interessante, o insólito, o misterioso, a fantasia sem ser infantil. Por outro lado, a história ficou tão carregada disso que se tornou um pouco repetitiva para mim.

    Os personagens são pessoas que realmente existiram, porém em situações ficcionais com alguns “ingredientes” reais. Estão lá: William Burroughs, Raymond Roussel, Torquato Neto, Jimi Hendrix, Ducasse, Arthur Rimbaud, Aleister Crowley e Lúcia, testemunha das aparições de da Virgem de Fátima.

    No livro, o que promove a junção de todos esses grandes personagens da história da humanidade é a busca por alguma coisa muito profunda, alguns podem chamar de visão, imagem, satisfação, deus, felicidade, um livro. E sim, há livros na história e coisas que desaparecem no céu. O que tem lá, do outro lado, permanece misterioso, ou se o leitor quiser, é possível transformar a história de Joca Reiners Terron em uma grande verdade, afinal, quanto mais provamos doses homeopáticas do terror da vida, mais fácil fica acreditar em histórias surreais.

    Objetos malucos podem aparecer no céu, da mesma forma que Jimi Hendrix era amigo de Torquato Neto; Fernando Pessoa fez amizade com Aleister Crowley, mago e poeta conhecido como o próprio diabo; Russel se meteu em confusão por se aproximar de um Papa andrógino; Burroughs fica louco por causa de um livro (ou poderia ser apenas drogas); Rimbaud tá preocupado com o haxixe; Ducasse encontrou uma edição do livro As Flores do Mal e tem alucinações, e tudo, tudo, para mostrar o que o próprio título do livro sugere.

    É possível compreender o livro como uma revelação, um milagre, algo divino, em contraponto ao terror, ao maligno, que também, analisando em linhas gerais, está tão presente na vida real.


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