Sebastião Salgado é conhecido mundialmente por suas fotografias em preto e branco que conseguem passar histórias completas em apenas um quadro. Um fotógrafo que consegue passar tanto sentimentos em fotos, também me surpreendeu na escrita.

    Para alguns, sou um fotojornalista. Não é verdade. Para outros, sou um militante. Tampouco. A única verdade é que a fotografia é minha vida.

    Da minha terra á Terra é uma autobiografia, mas, assim como nas suas fotos, Sebastião Salgado não se delonga, ele vai direto aos pontos importantes (talvez por isso um livro tão curto). Não sei bem o que esperava do livro, acho que uma história de um sempre apaixonado por fotografias que acabou criando uma obra maravilhosa. Mas não foi bem assim.

    O autor faz questão de nos contar que a fotografia na vida dele foi uma coisa que surgiu de uma forma simples e que tomou o seu coração. Mas, vamos deixar um pouco a fotografia de lado, um dos pontos mais interessantes do livro todo é a questão política e social, Sebastião foi morar na França por causa da Ditadura de 64, sua história de vida está envolta em um plano político muito interessante. Ele deixou o Brasil, daí um pouco da ideia do projeto Exôdos, mas jamais deixou de acompanhar a política do país.

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    Como um artista ele encaixa e vê o seu tempo, suas fotos estão aí para mostrar como o mundo é enorme. E isso foi um dos pontos da biografia que mais me tocou, Sebastião Salgado andou o mundo, conheceu culturas e respeita muito isso. O seu amor pela diversidade e humanidade é uma coisa maravilhosa de conhecer. Em partes do livro ele descreve a África, Brasil, Antártica, guerras e muito sofrimento que presenciou e fotografou principalmente para os projetos “África” e “Êxodos”.

    Ninguém tem o direito de se proteger das tragédias do seu tempo, porque somos todos responsáveis, de certo modo, pelo que acontece na sociedade em que escolhemos viver.

    É interessante notar também, como Gênesis foi uma inovação para ele. Antes ele não fotografava tanto a natureza, não da forma relatada em Gênesis, o projeto é o ponto de abertura e de fechamento do livro. Logo no começo, Sebastião Salgado conta a história de como tirou a foto de uma tartaruga na Ilha de Galápagos e como tudo isso tem ligação em todos nós, em Darwin e como o ser humano não está só ligado entre si, mas com a natureza e os animais também. Ao final ele conta um pouco mais detalhadamente como foi a criação do Gênesis, como foi conhecer lugares que pouco ou nada mudaram com o tempo.

    E outro ponto interessante é o seu contato com os índios e novamente voltamos à diversidade. O mundo é absurdamente enorme e ler ou ver coisas que Sebastião Salgado produziu é se deixar levar por elas e sentir vontade de conhecer todo esse universo enorme por aí.

    Contando sua história de vida, Sebastião Salgado também te leva a pensar na insignificância e importância do ser humano, a beleza da natureza, de como precisamos cuidar um dos outros e do planeta terra também. E que, por outro lado, existem pessoas que não pensam muito bem assim, que querem se aproveitar um dos outros, tirar vantagem e acabam destruindo a si próprios e tiram um pouco da beleza do mundo.

    O livro é curto e rápido de ler, mas consegue alcançar um nível de profundidade enorme. Me deixou pensativa e com uma sensação estranha no coração.

    Outro ponto interessante é como ele viveu desde dos seus 20 anos junto com sua esposa, como ela também faz parte da sua história, dos seus projetos e como, juntos, acabaram deixando o mundo um pouco melhor.

    O título não poderia ser melhor “Da minha terra á Terra”, vemos a visão do Sebastião sobre o Brasil e sua terra aqui e a Terra, de como esse fotógrafo viu e relata um boa parte desse mundo enorme e maravilhoso.

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