A menina que roubava livros é o segundo livro do autor australiano Markus Zusak, lançado em 2005 com tradução para português apenas em 2007. Publicado no Brasil pela Editora Intrínseca, teve tanto sucesso que em 2013 já estava em sua 3ª edição, sendo inclusive adaptado para o cinema.

    Algumas pessoas dizem que A menina que roubava livros tem um começo complicado e por isso sente dificuldade em prosseguir com a leitura. E realmente, começar um livro que é narrado em primeira pessoa pela própria Morte é algo incomum em toda a literatura mundial. Pensar em uma história que seja cativante o bastante para ter a atenção especial da ceifadora de vidas é o que nos faz manter a leitura. E, sem pudor algum, a Morte acaba por revelar tantas coisas de si ao mesmo tempo em que nos coloca em um dos piores cenários que o ser humano pode vivenciar na história contemporânea: o Nazismo.

    A morte como narradora

    O leitor se depara com a perspectiva peculiar da Morte e, então, vem o primeiro impacto: ela não tem o papel aterrorizador que lhe coube no imaginário popular, e é revelada de maneira tão desvinculada do misticismo que convivemos que o leitor se rende. Nesse livro a Morte assume um papel de testemunha histórica, proporcionando uma reflexão crítica através de uma vida que reservou para o nosso conhecimento: a de Liesel Memimger.

    Liesel, filha de uma mãe comunista, é adotada por Hans e Rosa Hubermann e, desde cedo, tem que conviver com a dor da perda. Sua vida em seu novo lar desperta uma ansiedade pela leitura que a faz roubar livros para satisfazer sua mente sagaz e inquieta. E com eles descobre as palavras e o sentido que elas proporcionam. É nesse contexto que Liesel conhece Max, um judeu que vive escondido no porão dos Hubermann para que não seja enviado aos campos de concentração nazistas.

    As feridas da guerra

    É um livro tão rico que, mesmo sendo ficcional, é capaz de registrar a sociedade alemã da época. Retrata uma sociedade pobre e ferida com a perda da Primeira Guerra Mundial, onde a maior parte da população não reflete sobre as palavras de Hitler e direciona seu ódio ao povo judeu. Mas os Hubermann são uma espécie de exceção e por isso Liesel consegue desenvolver sua mente de modo liberto de preconceitos.

    O sucesso de A menina que roubava livros não se restringe apenas à temática, pois a abordagem também é muito poética. É um livro capaz de revelar a humanidade dos seres vivos, mesmo nos momentos mais improváveis, desfazendo estereótipos. Também revela como as ideologias e pensamentos preconceituosos podem ser questionados. Mas, a Morte declara: “Os seres humanos me assombram…” porque mesmo com pessoas tão munidas de humanidade, Nazismos, Holocaustos e Guerras estão longe de ficar para trás na nossa História.

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    3 Comentários

    1. Juliana Barbosa on

      Muito bom o artigo. Desperta a saudade dos que já leram o livro e a curiosidade dos que ainda não.

    2. Depois que li fiquei dias sem saber o que fazer porque não conseguia começar outra leitura com esse livro na minha cabeça. Para mim, uma das relações mais marcantes foi de Liesel com o pai e Liesel e Max.

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