Grandioso é o adjetivo que resume o livro Amada. Uma obra única, sensível, poética, com uma história trágica e lindamente escrita por Toni Morrison, primeira escritora negra a receber o prêmio Nobel de literatura em 1993.

    Morrison além de ser uma excelente escritora, é também uma grande leitora. Na infância seus autores preferidos eram Jane Austen e Leon Tolstói. Graduou-se em Letras e fez mestrado em Literatura, dissertando no seu trabalho de conclusão de curso sobre o suicídio nas obras de William Faulkner e Virginia Woolf. Amada é o seu quinto livro, ganhador do prêmio Pulitzer e primeiro best-seller. Também ganhou uma adaptação para o cinema com Oprah Winfrey no papel da protagonista.

    Amada

    Amada nos apresenta a história de Sethe, uma ex-escrava que foge de uma fazenda em Kentucky em direção à casa de sua sogra Baby Suggs, em Cincinnati. Nessa travessia, Sethe dá à luz a Denver com o auxílio de uma mulher que ela encontra no meio do caminho. No início da história já se sabe que o marido de Sethe desapareceu e que ela teve outra filha antes de Denver, a qual está morta. Na lápide do bebê apenas as palavras “Bem-Amada” podem ser lidas, uma vez que Sethe não tinha como pagar mais letras.

    Sethe também tem outros filhos, dois meninos mais velhos, que fugiram de casa. Então, logo se vê apenas com Denver e Baby Suggs. Mas a sogra morre, e sua filha caçula se torna sua única companhia na casa mórbida. Durante anos, a casa é atormentada pelo fantasma do bebê de Sethe, até que um dia, Paul D., um dos ex-escravos que moravam com Sethe na fazenda em Kentucky, aparece e afugenta o espírito e tudo permanece tranquilo até que uma jovem, com o nome de “Amada” surge perto da casa, parecendo precisar de ajuda, e logo se torna amiga de todos, conquistando todos ao redor, e logo, mostra que é mais do que aparenta ser.

    Temas difíceis

    Toni Morrison dialoga sobre temas difíceis. Seus personagens são aqueles que não se encaixam no sonho americano, como por exemplo, as mulheres negras, os escravos, os ex-escravos e os descendentes de escravos.  Na sua prosa, destacam-se quatro questões que são abordadas como pano de fundo para todos os seus romances, todas interligadas: o racismo, a escravidão, a comunidade afro-americana e a presença feminina.

    Fiquei impressionada com as personagens femininas. Todas fortes e muito bem construídas. Sethe, por exemplo, depois de todos os maus tratos que sofreu continuou ali, como tantas outras escravas continuaram.  E seu amor por suas filhas é surpreendente, um amor que dói e emociona.

    A aversão ao branco também é interessante de destacar. Na obra, poucos brancos são realmente bons para os negros, de modo que a maioria é vista com maus olhos pelos negros, o que é compreensível. Toni destaca “homembranco” e mulherbranca”, os escrevendo dessa maneira em Amada.

    Amada apresenta múltiplos narradores, que podem ser tanto observadores quanto personagens, o que pode confundir um leitor iniciante. O tempo é cronológico, mas não é linear. A presença do fantasma na obra, e de outros elementos, fazem de Amada um dos expoentes do realismo mágico na literatura de língua inglesa.

    É importante dizer que o livro foi inspirado na história de Margaret Garner, após Morrison ler uma notícia em um jornal.

    Há livros que precisam ser lidos e Amada é um deles. Imperdível!

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