Alice Munro é uma escritora canadense e dona de uma livraria muito famosa no país. Em 2013, foi laureada com o Prêmio Nobel de Literatura, o que foi uma grande surpresa para muitas pessoas, uma vez que Alice escreve apenas contos e o Nobel nunca havia sido destinado a um escritor do gênero. Desde então, Munro ganhou mais espaço na mídia, tendo seus livros traduzidos e reeditados em vários idiomas.

    Em 2013 a Companhia das Letras publicou Vida Querida no Brasil, livro que Alice declarou como sua última obra. Numa entrevista ao jornal National Post a escritora disse, em outras palavras, que escrever é algo solitário e por isso ela provavelmente pare, para deixar de ser solitária.

    Vida Querida contém quatorze contos, divididos em duas partes, sendo a segunda parte, chamada de Finale, autobiográfica. Todos os contos abordam temas cotidianos, como o amor, o casamento, a morte, o adultério, a infância, a juventude, a velhice e a solidão. A maioria dos personagens são pessoas simples, que trabalham, cuidam dos filhos e sofrem com fatos que aconteceram no passado. O espaço ficcional é o interior do Canadá. As personagens femininas têm destaque na obra de Munro, todas se sobressaem na narrativa, mostrando características fortes.

    Os contos que mais gostei foram:

    Que chegue ao Japão, no qual Greta é uma mulher cansada da rotina do casamento e das obrigações da maternidade, até que se vê disposta a vivenciar novas aventuras em uma viagem de trem.

    Amundsen que retrata parte da vida de uma professora que vai lecionar em um hospital para crianças com tuberculose e acaba se envolvendo em uma relação afetiva com seu patrão. O final é surpreendente, pois o conto parece ser mais uma história clichê, até Alice captar a atenção do leitor com sua escrita refinada e levá-lo até um desfecho inesperado.

    Cascalho apresenta a história de uma mulher que traiu o marido, engravidou e decidiu viver com o amante, levando as filhas com ela. As filhas são o grande destaque da trama, seus sentimentos são bem destacados e o final é emocionante.

    Deixando Maverley mostra uma moça que trabalha em um cinema e é proibida de ver os filmes por sua família que é extremamente conservadora. A moça conhece Rey, outro funcionário do cinema, que vive com sua esposa doente. Ambos se encontram e se desencontram ao longo da história, até que a solidão une os dois.

    Nos contos que compõe Finale somos apresentados a algumas memórias de Alice, de várias etapas de sua vida. Nessas pequenas narrativas também encontramos temas comuns, como a descoberta do sexo oposto, a infância, a morte, a escola, a família, a compaixão e até mesmo alguns pensamentos inadequados.

    Os demais contos do livro também são muito bons. Munro possui uma grande capacidade de contar histórias, seus temas cotidianos são gostosos de ler, e seus contos mesmo após o término, permanecem na memória. O Nobel foi um prêmio merecido e se Vida Querida for realmente seu último livro, é um “Grand Finale!”.

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    4 Comentários

    1. Quero muito ler, Aléxia. Li “O Amor de uma Boa Mulher” e simplesmente amei. Esse Vida Querida parece ser ainda mais interessante por conta desses temas autobiográficos. Mas será que é o último dela mesmo?
      Beijo!
      P.S. Não sabia que ela era dona de uma livraria.

    2. Aléxia Roche on

      Estou com “O Amor de uma Boa Mulher” na fila de leituras, pretendo ler em 2015. Vida Querida é um livro ótimo e os temas autobiográficos são, na minha opinião, uma das coisas mais legais na obra! Leia que vale muito a pena!
      Espero que não seja o último, tenho esperanças de que ela fique com saudades de escrever e publique mais algum. 😀
      Beijos!

    3. Também estou curiosa por “Vida Querida”!
      Dela eu li “Ódio, amizade, namoro, amor, casamento” e gostei muito! Um dos contos do livro entrou pra minha lista de melhores contos lidos na vida. É “o urso atravessou a montanha”, fala sobre Alzheimer de uma forma muito tocante…

    4. Aléxia Roche on

      Leia, Fran! Você não vai se arrepender! Esse conto “Amundsen” também é um dos melhores que já li na vida! 😉

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