Não há como negar que Paris é uma festa mesmo. Se você já teve a oportunidade de pisar naquela cidade, vai concordar; e se você ler Paris é uma festa, escrito por Ernest Hemingway vai ter certeza logo nas primeiras páginas.

    A Paris de Hemingway (1899-1961) é do início do século XX, quando também era conhecida por ser um centro cultural para todos os artistas: escritores, músicos, pintores, etc. É claro que de lá para cá muita coisa mudou, os pontos “artísticos” do mundo estão um pouco mais espalhados, mas  jamais qualquer cidade conseguirá atingir o charme da cidade francesa, o que torna a leitura de “Paris é uma festa” não apenas um registro de um escritor iniciante, mas também de uma cidade, com todos os seus cheiros, cores e sentimentos.

    Paris

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    O início do livro, que foi publicado em 1964, pode não agradar leitores que buscam conhecer algo exótico, pois a história é simples: Hemingway se coloca como um habitué da cidade, que mora num pequeno apartamento sem luxos, mas sabe escolher lugares interessantes para a sua vida social e também reconhece o seu esforço em ter abandonado tudo para viver apenas do ofício de ser escritor.

    Como não ser feliz em Paris? É uma pergunta que fica nas entrelinhas do texto, mesmo quando o autor e sua mulher, Elizabeth Hadley Richardson, passam por dificuldades financeiras, a esperança de Hemingway em conseguir concluir um livro e escrever contos que lhe deem dinheiro é inspiradora.

    “Geração Perdida”, um título que Hemingway não gostava

    O livro, então, possui as lembranças do autor quando esteve em Paris entre 1921 e 1926, que lhe deu a oportunidade de conhecer outros escritores importantes também: Ezra Pound, Francis Scott Fitzgerald, Gertrude Stein e alguns outros que compõem a conhecida “Geração Perdida”, um título que Hemingway não gostava, por achar qualquer rótulo algo sujo e fácil.

    Cada capítulo dessas memórias, mostra pequenos acontecimentos na vida do autor que, de alguma forma, acabam refletindo em seu trabalho. Há conversa nos cafés, com garçons, e outros artista embriagados. Há visitas à casa de Gertrude Stein, à famosa livraria Shakespeare & Company, ao hipódromo e outros lugares interessantes. E o que fica permeado a tudo isso é um desejo por inspiração e a certeza de estar no lugar certo, mesmo cometendo alguns deslizes.

    Grandes encontros

    Sem dúvidas, umas das melhores passagens da história é quando Hemingway encontra-se com Fiztgerald. Os dois, que se tornaram então amigos, vivem diversas situações curiosas para qualquer leitor fã da literatura americana.

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    Hemingway consegue ser gigante em seu estilo simples, porém único. Ele não cai em sentimentalismos baratos, mas mesmo assim investiga e propõe ao leitor importantes reflexões sobre a vida, sobre as relações humanas, mas também sobre a solidão. Isto é uma característica também presente em sua obra ficcional e que, revelada nesse livro de memórias, comprava uma fala do próprio escritor, sobre o quanto é necessário ser honesto com sua própria arte.

    Levantava-me, punha-me a contemplar os telhados de Paris e pensava: “Não se aborreça. Você sempre escreveu antes e vai escrever agora. Tudo o que tem a fazer é escrever uma frase verdadeira. Escreva a frase mais verdadeira que puder.” (p. 26)

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    3 Comentários

    1. Diego Oliveira on

      Estou lendo ele e é impossível não se cativar a cada página. Ontem mesmo li o capítulo em que Hemingway encontra Ford Madox Ford e dei boas risadas no final… Aí que entendi pq o título do capítulo “Ford Madox Ford e o discípulo do diabo” rsrs… Hemingway é fantástico!!

    2. Diego Oliveira on

      Eu conheci Hemingway lendo Adeus às armas e pra mim a parte em que a protagonista morre (spoilers!! Rsrs) é perfeita… Muito bem escrita e de uma beleza que eu nunca vi em mais nada. Na verdade, o livro todo é uma obra-prima. Depois de Paris é uma festa, já tenho o próximo dele pra ler: Por quem os sinos dobram… Já leu?

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