A mansão onde Orlando vive é inspirada naquela onde nasceu e viveu até a mocidade Vita Sackville-West, a nobre que serviu de inspiração à Virginia para a figura de Orlando. A mansão chamada Knole, segundo a tradição britânica de dar nome às casas importantes, pertence à família Sackville-West desde 1566, quando foi doada a Thomas Sackville pela rainha Elizabeth, tendo antes pertencido ao arcebispado de Canterbury. Ficcionalmente, Virginia transformou-a, de simples residência de arcebispos, em monastério, o que ela nunca foi. Curiosamente, no romance, Virginia não lhe confere nenhum nome. É possível que, em vez de dar-lhe um nome fictício, Virginia tenha preferido não nomeá-la, deixando ao leitor a tarefa de preencher o vazio com o nome “Knole”, restituindo assim à Vita, como era um de seus propósitos ao escrever o romance, a mansão que, quando da morte do pai, passara às mãos do parente masculino mais velho na ordem de sucessão. Knole está situada no vilarejo de Sevenoaks, no condado de Kent, a cerca de 40 km de Londres. Curiosamente, em 1813, a linha masculina de herança foi interrompida com a morte do último Sackville ainda vivo na época, sendo a sucessão transmitida, pela linha feminina, a Elizabeth Sackville, que se casou com George John West, o qual acrescentou ao seu sobrenome o da mulher, passando a se chamar George Sackville-West. Foi assim que a família Sackville transformou-se em Sackville-West e, ao mesmo tempo, teve restabelecida a linha masculina de sucessão.


    [O texto acima é uma das notas da edição de Orlando: Uma biografia, publicada pela Autêntica Editora, com tradução e notas de Tomaz Tadeu.]


    Texto gentilmente cedido por Tomaz Tadeu e pela Editora Autêntica, para o Livro&Café, como introdução do projeto “Lendo Orlando“, que começará na segunda quinzena de outubro. Vamos ler Orlando?

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