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    2º livro. Páginas: 1127 a 1643

    O Idílio da Rue Plumet e a Epopeia da Rue Saint-Denis

    O início do 2º livro reforça a relação de Cosette e Marius, a princípio apenas um amor platônico, mas que cresce durante o desenrolar da história.

    Eponine, a casa da Rue Plumet e O Socorro da Terra pode vir do céu

    Eponine é filha dos Thernardier, diferente dos pais, nela ainda mora um pouco de dignidade. Conviveu com Cosette durante a infância e ajuda Marius a se aproximar dela. Mas Eponine é apaixonada por Marius.

    Entre Jean Valjean e Cosette mora a dificuldade em conversar sobre Fantine. A criança, que agora cresceu e é uma moça que não sabe o nome de sua mãe. Jean Valjean não tem coragem de contar a Cosette, pelo tamanho do sofrimento a ser relembrado.

    “Todas as vezes que perguntava a Jean Valjean a esse respeito, ele se calava. Se repetia a pergunta, ele respondia com um sorriso. Uma vez, insistiu demais e um sorriso acabou numa lágrima” (p. 1219)

    Cosette se torna uma pessoa distante da cruel realidade da vida. Vive em um mundo perfeito, pela super proteção que Jean Valjean oferece à garota. É compreensível, mas chega a ser irritante.

    O encontro que solidifica o amor de Marius e Cosette, traz uma reflexão interessante sobre o amor:

    “Abusaram tanto do olhar nos romances de amor que se chegou, por fim, a desconsiderá-lo. Atualmente, é muito difícil alguém ousar dizer que duas criaturas se amaram porque se olharam. Contudo, é assim mesmo que se ama, e não existe outro modo. O resto não passa do resto, e só vem depois. Nada é mais real que esse grande abalo sofrido por duas almas que se comunicam por essa centelha.” (p. 1226)

    Além de tudo, ler Os Miseráveis é sentir um desejo constante de viver em Paris:

    “É um erro pensar que se pode passear assim sozinho pelos arredores desertos de Paris sem que se encontre alguma aventura.” (p. 1250)

    O personagem Marius é legal, mas quem ganha o coração do leitor é Gavroche, pois vive, literalmente, todas as aventuras de Paris.

    Onde o fim não se assemelha ao princípio (livro 5)

    Cosette, em seu mundo cheio de amor, pelo pai, pela vida, os pássaros e agora Marius, em certos momentos se torna uma personagem ingênua demais, porém, há alguns lampejos de profundidade, um pouco de melancolia e realidade sobre a vida.

    “Havia em suas veias o sangue da boêmia e da aventureira que anda descalça. Como devemos lembrar, era mais cotovia que pomba. Seu íntimo era selvagem e sem medo” (p. 1264)

    Com essa pequena descrição, Cosette se parece muito mais com a criança que tanto sofreu na infância, mas que foi salva por Jean Valjean.

    Marius escreve uma carta de amor para Cosette. O conteúdo da carta, revela a pureza do amor e da religião, de Deus acima de todas as coisas.

    A melhor frase, de toda a carta, para mim é:

    “Se você é pedra, seja ímã; se é planta, seja sensitiva; se é homem [ou mulher], seja amor.” (p. 1271)

    O Pequeno Gavroche (livro 6)

    Gavroche vai roubando a cena aos poucos, desde o início da parte Marius ele aparece. Primeiro como exemplo das crianças de rua, depois ele se fortalece como um grande personagem da história. Neste momento sabemos o quanto adulto é Gavroche, o que nos assusta e comove, pois além de cuidar de si, Gavroche cuida das outras crianças que vivem na mesma situação que ele.

    Gavroche é filho dos Thernardier, que a cada capítulo, se mostram piores e perdidos em roubos, confusões e a vida sem dignidade alguma.

    A gíria (livro 7)

    Durante toda a obra, fica claro o quanto Victor Hugo desacelera as ações de seus personagens para explicar um pouco sobre as histórias que permeiam a obra e também sobre suas opiniões em variados assuntos. Nesta parte, ele traz uma deliciosa conversa sobre o uso da gíria.

    “Pois é preciso dizê-lo para os que o ignoram, a gíria é ao mesmo tempo um fenômeno literário e um resultado social.” (p. 1332)

    Victor Hugo relaciona a gíria como a linguagem dos miseráveis e eleva a todo tempo a sua importância para uma observação da sociedade mais à fundo.

    É também neste momento que o autor faz uma afirmação sobre as coisas mais importantes para a humanidade:

    “A verdadeira divisão da humanidade é esta: os que possuem a luz e os que só têm treva.
    Diminuir o número dos últimos, aumentar o número dos primeiros, eis a verdadeira finalidade das coisas. É por isso que gritamos: – Ensino! Ciência! – Aprender a ler é iluminar com fogo; cada sílaba é uma centelha.” (p. 1339)

    Encantamentos e desolações (livro 8)

    Voltamos para Eponine, que ama Marius. Por amor, a sua vida está condenada à tristeza. Para completar a sua infelicidade, por ser filha dos Thernardier, o quanto Eponine já sofreu e o quanto falta-lhe de amor próprio para poder viver?

    Segundo Victor Hugo, “o amor é vida quando não é morte. É berço e túmulo.”

    Enquanto o amor de Marius e Cosette se fortalece, Eponine vive o lado obscuro de amar e não ser amada.

    A barricada: 5 de junho de 1832, O Átomo Fraterniza com o furacão, Corinto, Marius entra na sombra, A Grandeza do Desespero (livro 10 a 14)

    “De que se compõem as revoltas? De nada e de tudo. Da eletricidade desprendida pouco a pouco, da chama subitamente revivida, de uma força sem objetivo, de um sopro que passa. Esse sopro encontram cabeças que pensam, cérebros que sonham, almas que sofrem, paixões ardentes, misérias gritantes, levando-os atrás de si. Para onde?” (p. 1421)

    As páginas 1421 a 1435 é uma profunda análise sobre as revoltas, sobre o povo, sobre a luta das classes, sobre o poder, o pobre, o rico, e tudo mais que compõe uma sociedade. Não preciso registrar aqui o quanto tudo isso ainda é atual. Os Miseráveis, publicado em 1862 ainda se faz tão atual. Parece que evoluímos, mas os nossos problemas ainda são os mesmos.

    Então acontece uma guerra nas ruas parisienses. Os amigos de Marius organizam uma barricada. Gavroche, rouba a cena e se mostra o mais corajoso, um contraponto à sua ingenuidade infantil que acredita que uma bala não poderá atingi-lo, como se o menino ainda não tivesse a complexa noção do que é a vida, a sua extensão. Ele é um garoto, que luta.

    “Parecia estar lá para encorajar a todos. Teria algum incentivo? Como não? Tinha a miséria. Teria asas? Sim, sua alegria, Gavroche era um turbilhão.” (p. 1497)

    Marius chega à barricada para lutar com os seus amigos. Ele acredita que perdeu o amor de Cosette, que está indo para Inglaterra, conforme o desejo de Jean Valjean. E também o seu avô não aceita o casamento dele com Cosette, uma jovem pobre.

    A confusão se dá porque as pessoas não conversam tudo o que é necessário. Cheias de boas intenções, tragédias acontecem.

    5ª e última Parte: Jean Valjean

    Marius faz um gesto muito bonito para tentar salvar Gavroche da barricada, mas ele quer lutar. O menino guerreiro leva uma carta para Cosette, despedindo-se, mas a entrega, por pressa, a Jean Valjean, que então descobre sobre o amor que Cosette e Marius estão vivendo. Por amor à Cosette, Jean Valjean também vai para a barricada, para proteger Marius.

    Quem está na barrica? Javert, preso pelos amigos de Marius, como um refém.

    Quem livra Javert da morte? Jean Valjean.

    O fim do garoto Gavroche faz o leitor respirar fundo. Tragédia e beleza se misturam com outros sentimentos. Era somente uma criança…

    Leitura concluída até a página 1643. Penúltimo diário.


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