O livro Orgulho e Preconceito, publicado em 1813, é sobre um homem e uma mulher diferentes em suas posições sociais, porém iguais em orgulho e preconceito, como sugere o título.

    Jane Austen (1775 – 1817) foi uma grande escritora, mesmo vivendo nas amarras sociais que lhe eram impostas, por não ter dinheiro, por ser mulher, o que ela conseguiu fazer como profissional da escrita – mesmo não tendo a sua profissão reconhecida verdadeiramente – é para deixar qualquer pessoa em estado de admiração.

    Virginia Woolf, no artigo que leva o nome “Jane Austen” criou uma pequena ficção, mas que poderia ser real, sobre como seria a sua rotina para conseguir escrever. Imagine, então, se Jane Austen estivesse no canto de uma sala, aos 15 anos, escrevendo. Como seria a cena? Para Virginia Woolf, a garota estaria já no auge do que é considerado ser uma escritora, quando a escrita consegue ser “para todo mundo, para ninguém, para a nossa época, para a dela”*. E do canto da sala ela estaria também rindo do mundo. E assim, ainda nas palavras de Virginia Woolf, a alma liberta de Jane Austen fez com que o seu talento entrasse em ação, “nossos sentidos disparam de imediato; somos possuídos pela peculiar intensidade que só ela sabe transmitir”*, sendo ela uma atiçadora de fogo, “que está entre os satiristas mais consistentes de toda a literatura”*, que sabe criar personagens sólidos porque tem uma mente lúcida e sensata, para fazer rir e chorar.

    Portanto, quando o leitor está diante de uma obra de Jane Austen ele deve compreender que ali não mora apenas uma história de mulheres que desejam se casar, mas sim uma obra questionadora, atemporal e irônica sobre convivência social, meritocracia, sexismo, entre outros temas ainda tão importantes nos dias de hoje.

    O livro Orgulho e Preconceito, publicado em 1813, é sobre um homem e uma mulher diferentes em suas posições sociais, porém iguais em orgulho e preconceito, como sugere o título.

    Elizabeth tem quatro irmãs, mora no campo, não tem um bom dote (algo importantíssimo para a época), preocupa-se com a moral, é a filha preferida do pai, possui um senso crítico muito além dos seus familiares e deseja casar-se por amor.

    Sr. Darcy é um homem milionário, que não gosta das pessoas do campo (os pobres), não tem irmãos, o pai faleceu, preocupa-se com a moral, tem alguns bons amigos e um senso crítico também muito além das pessoas que convivem com ele.

    Assim, quando os dois se conhecem, nada dá certo. Em um momento é por orgulho, em outros por preconceito. Há ainda um terceiro ingrediente que é a falha de comunicação e assim, o romance é construído em uma narrativa elegante, acolhedora, irônica e que deixa o leitor muito curioso com o que vai acontecer no próximo capítulo.

    Orgulho e preconceito no imaginário coletivo

    Há um imaginário coletivo sobre a obra que, como o mais famoso da autora, faz com que todos os leitores, até os menos familiarizados com o romance, saibam sobre a força do amor de Elizabeth e Sr. Darcy, portanto, saber que no final da história tudo vai dar certo não muda em absolutamente nada a força da narrativa, porque, conforme observou Virginia Woolf, o importante é a sátira, a ironia.

    A todo tempo Jane Austen parece sussurrar em nosso ouvidos: olha como a sociedade é ridícula; olha como as pessoas se importam demais com as aparências; olha como a mulher é desrespeitada; perceba a mesquinhez; perceba a pobreza de espírito…

    Outras coisas o leitor também vai perceber, como a relação difícil e sem diálogo dos próprios pais de Elizabeth. A diferença no comportamente das irmãs, cada uma possui uma particularidade em especial. O jeito como a família se comporta, o jeito como os ricos veem essa família. O jeito como os pobres veem os ricos. A arrogância, a simplicidade, a prepotência, o orgulho, muitos preconceitos nas relações de todos os personagens, de acordo com a sua condição moral e social.

    O melhor de tudo é que, de acordo com a condição moral e social do leitor, é que a história fará menor ou maior sentido; em um aspecto ou outro. A única certeza é que existem corações que vencem porque sempre buscam a verdade.


    * WOOLF, Virginia. O valor do riso e outros ensaios. p. 135

    Assista ao vídeo sobre Orgulho e Preconceito no canal Livro&Café!

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