Como muitos de vocês devem saber, a Francine e eu, Bruna, somos mediadoras do clube de leitura Leia Mulheres Sorocaba e gostaríamos de deixar o convite para o último encontro deste ano, que será um especial sobre ditadura militar brasileira vivenciada e retratada pelas mulheres, no campo da ficção e da não-ficção.

    Mas por que a escolha desse tema? Quem acompanhou a triste campanha política que tivemos neste ano percebeu as constantes tentativas de negação de um período histórico terrível no Brasil: o golpe de 1964 e a posterior ditadura militar que durou até 1985. Além dessa “releitura” para explicar mais de duas décadas de história brasileira, há também a persistente ausência das vozes das mulheres em boa parte dos relatos sobre essa época, seja sobre os abusos cometidos, os atos de resistência etc.

    Por isso, optamos por não indicar apenas uma leitura para este encontro, mas uma lista de sugestões com livros – ficcionais, autobiográficos e de cunho jornalístico – escritos por mulheres. Abaixo, segue a listagem com uma pequena sinopse de cada título. Lembramos, é claro, que não precisa ler todos e que é possível trazer outras leituras para o bate-papo:

    “Sem liberdade, eu não vivo: mulheres que não se calaram na ditadura”, de Laura Bordin e Suelen Lorianny (ComPactos, 2013)
    Seis mulheres, diferentes histórias, inúmeras lembranças. No livro Sem Liberdade, Eu Não Vivo – Mulheres que não se calaram na ditadura -, Laura e Suelen contam a história da ditadura sob um ponto de vista incomum: o das mulheres. Ao entrevistarem mulheres que viveram os anos de chumbo, as autoras descrevem como o fato de ser mulher marcou a luta contra a repressão e a tortura de uma maneira peculiar e, muitas vezes, mais cruel. Com o sonho de um Brasil melhor, as personagens mostram que a década de 60, decisiva para mudar o papel feminino na história, foi também um período de incertezas, sofrimento e esperança. A História, normalmente escrita por homens, ganha, neste livro, uma versão feminina e reveladora. Compre na Amazon

    “Tropical sol da liberdade”, de Ana Maria Machado (Alfaguara, 2012)
    Maria Helena é uma jornalista que, após um longo período de exílio em função da ditadura militar no Brasil, volta para recuperar sua vida anterior e reencontrar a família. Instalada numa casa de praia em companhia da mãe, ela revisita cenas da infância e da juventude, e repassa os motivos que a fizeram deixar o país. Juntas, mãe e filha rememoram os momentos mais agudos da repressão, enquanto passam a limpo sua delicada convivência. Ao mesclar ficção e realidade, Ana Maria Machado reconta alguns dos eventos mais marcantes do período – as primeiras manifestações estudantis, o endurecimento do regime, as formas de resistência – e discute não só como os mecanismos da repressão podem controlar uma sociedade, mas como a transição para a democracia pode ser lenta e dolorosa. Compre na Amazon

    “Volto semana que vem”, de Maria Pilla (Cosac Naify, 2015)
    Volto semana que vem” é o que a narradora deste livro responde ao pai ao sair de casa num dia de 1970, quando ele pergunta, espantado, aonde ela vai. “Mais de dez anos se passaram até eu voltar àquela cozinha”, conclui ela em seguida. Composto por recortes de memória, o livro é o retrato de uma vida brasileira exemplar: a de quem foi criança logo depois da Era Vargas (o dia do suicídio de Getúlio é uma das primeiras cenas evocadas aqui), cresceu nos tempos de Juscelino, foi jovem com a ditadura, militou com a esquerda, conheceu a prisão, a tortura e o exílio.  Importante: como este livro não é mais publicado, pois a Cosac Naify fechou, e os exemplares à venda na Estante Virtual estão muito caros, deixamos – excepcionalmente – o link para download da versão em e-Book (pdf, epup e mobi): http://lelivros.love/book/baixar-livro-volto-semana-que-vem-maria-pilla-em-pdf-epub-e-mobi-ou-ler-online/?fbclid=IwAR3ePQLMjTzMM0ROfg9T1x3inTPvNZCxM4Ipb3Ku0gdt3KxJv6knrJU1Pf4

    “As meninas”, de Lygia Fagundes Telles (Companhia das Letras, 2009)
    Num pensionato de freiras paulistano, em 1973, três jovens universitárias começam sua vida adulta de maneiras bem diversas. A burguesa Lorena, filha de família quatrocentona, nutre veleidades artísticas e literárias. Namora um homem casado, mas permanece virgem. A drogada Ana Clara, linda como uma modelo, divide-se entre o noivo rico e o amante traficante. Lia, por fim, milita num grupo da esquerda armada e sofre pelo namorado preso. Lygia Fagundes Telles constrói um romance pulsante e polifônico, que capta como poucos o espírito daquela época conturbada e de vertiginosas transformações, sobretudo comportamentais. Obra de grande coragem na época de seu lançamento (1973), por descrever uma sessão de tortura numa época em que o assunto era rigorosamente proibido, As meninas acabou por se tornar, ao longo do tempo, um dos livros mais aplaudidos pela crítica e também um dos mais populares entre os leitores da autora. Compre na Amazon

    “Não falei”, de Beatriz Bracher (Editora 34, 2004)
    Um professor, militante da educação, que tinha 24 anos em 1964. Quarenta anos depois, à beira da aposentadoria e prestes a mudar de cidade, ele se vê às voltas com a visita de um irmão, o convite para uma entrevista e a necessidade de organizar seus papéis na casa que já foi vendida. Com uma prosa ímpar, espécie de “invenção reflexiva” que combina devaneio e esforço de investigação, Beatriz Bracher criou uma narrativa arriscada, necessária e incomum no panorama da nossa ficção contemporânea. Compre na Amazon

     

    “Azul corvo”, de Adriana Lisboa (Alfaguara, 2014)
    “Minha situação era óssea, era da ordem das estruturas, sem carne, sem glacê. Eu cabia dentro de um corpo de treze anos de idade e todos os meus bens materiais cabiam, agora, numa mala pesando vinte quilos”, escreve Adriana Lisboa, em Azul Corvo, romance magistral, selecionado pelo jornal inglês The Independent como um dos melhores livros de 2013. Após a morte da mãe, Evangelina, uma menina de apenas treze anos, troca Copacabana pelo Colorado, nos Estados Unidos, onde vai morar com seu padrasto Fernando. Sobre seu verdadeiro pai, ela sabe apenas que é norte-americano e que pode estar em qualquer lugar do mundo. Mesmo assim, está decidida a encontrá-lo. Ao deixar o Rio de Janeiro para morar em Lakewood, Vanja sente que está na interseção entre dois mundos, mas não pertence exatamente a nenhum deles. Viajando em busca do pai e mergulhando nas lembranças das pessoas que a cercam, ela tenta encontrar seu lugar. Aos poucos, a menina começa a se aproximar de seu padrasto e, por meio dessa nova amizade, descobre detalhes obscuros do passado recente do Brasil. Ex-guerrilheiro no Araguaia, ele viveu na pele a violência da ditadura. Agora, compartilha com a enteada as terríveis verdades que foram maquiadas para entrarem na história “oficial” do país. Em Azul corvo, Adriana Lisboa, uma das escritoras essenciais da nova geração da literatura brasileira, entrelaça com sensibilidade a vida de personagens em trânsito e em busca de si mesmos. Compre na Amazon

    “Cabo de Guerra”, de Ivone Benedetti (Boitempo, 2016)
    Finalista do Prêmio São Paulo de Literatura de 2010, Ivone Benedetti lança pela Boitempo seu segundo romance, o arrebatador Cabo de guerra, que invoca fantasmas do passado militar brasileiro pela perspectiva incômoda de um homem sem convicções transformado em agente infiltrado. Assistido por uma irmã devota e rodeado por uma série de personagens emersos de páginas infelizes, ele chafurda numa ferida eternamente aberta na história do país. Compre na Amazon

     

    Após o encontro do Leia Mulheres, vamos continuar na Pupa e faremos a nossa confraternização de final de ano com muita coisa boa! O evento é gratuito e só precisa pagar o que consumir/comprar!

    COMIDA E BEBIDA
    —> Chopp, suco e refri
    –> Comidinhas da Quadrúpede Comida Vegana

    ARTES DAS MINAS
    Alarme Feminista (zine)
    Momatsu (desenhos)
    Gato Preto Ateliê (fofuras feitas em tecido)
    Berinjela Cibernética (acessórios)

    MÚSICA!
    Também vai ter música! A querida amiga Lauren Giraldi comandará o nosso som.

    E como não podia faltar, também vai rolar a nossa brincadeira “Amigx Secretx”. Quem quiser participar, é só trazer um livro escrito por uma autora e faremos o sorteio na hora!!!

    Serviço
    Leia Mulheres Sorocaba – especial de dezembro “A ditadura militar brasileira sob o olhar feminino”
    Pupa Eventos Criativos (Rua Aparecida, 569, Santa Rosália – Sorocaba/SP)
    Das 16h às 23h
    Entrata gratuita (paga apenas o que consumir e comprar)
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