Recentemente, escrevi uma resenha sobre o livro Vou deixar de ser feliz por medo de ficar triste?, do ator Yuri Ribeiro e que conta a sua história de amor com a empresária artística Cláudia Wildberger. A obra, fruto da apresentação teatral também escrita por Yuri e que foi sucesso de público e crítica em 2018, traz de forma bem-humorada as alegrias e tristezas de qualquer relacionamento, mas com um algo a mais: a diferença de idade, já que Claudia é 25 anos mais velha que o parceiro.

    Para falar um pouco mais sobre a peça, o livro e o amor, a querida Claudia, que além de inspiração para o projeto, também foi produtora da peça, se dispôs a fazer uma entrevista com o marido para a nossa revista. Confira!

    Cláudia Wildberger:  Yuri, qual foi sua intenção ao escrever o projeto VOU DEIXAR DE SER FELIZ POR MEDO DE FICAR TRISTE? Você  acha que a mensagem da peça pode mudar a cabeça dos preconceituosos? Pode ajudar as pessoas que amam outras de idades bem diferentes e que não têm coragem para assumir a relação?
    Yuri Ribeiro: Eu queria usar nossa história de amor como pano de fundo para falar sobre coragem. Sobre ter medo sim, mas nunca deixar de viver algo pelo fato de ter medo. O teatro tem o poder de mudar nosso ponto de vista, nosso comportamento, podendo nos tirar do modelo de repetição de padrões que ocorre na sociedade e por isso acredito que a peça pode colocar um bichinho na cabeça de quem tem qualquer tipo de preconceito, ou seja, coloca um bichinho na cabeça de qualquer um. O ser humano nasce e cresce numa sociedade preconceituosa, isso me leva a crer que todos somos em instâncias e intensidades diferentes, preconceituosos. Desde que a peça estreou eu já ouvi ou li depoimentos de algumas pessoas me dizendo que a peça falou diretamente com elas e que depois dela tomariam a decisão de assumirem seus amores. Também tive a oportunidade de conversar com pessoas que se sentiram “abraçadas” pela peça, apesar de não terem decidido nada sobre assumir a relação ou não, apenas viram que não estavam sozinhas… Que não eram as únicas a sofrer determinado tipo de preconceito e passaram a olhar com mais humor para suas relações.

    Elenco da peça “Vou Deixar de ser Feliz por Medo de Ficar Triste?”

    Cláudia Wildberger: As pessoas em geral acham que fomos muito corajosos em  transformar a história verdadeira da nossa vida em uma obra de ficção, sem esconder, do público, que aquilo é a nossa história. Conta para os leitores da Revista Livro & Café como  surgiu a ideia e o que motivou isso?
    Yuri Ribeiro: Até hoje agradeço a maneira torta que o universo encontrou pra me dar um empurrãozinho… Um dia estávamos num restaurante da Gávea, em um jantar romântico, apenas eu e você, namoradinhos, beijinhos. Não havia dúvidas de que éramos um casal. Mas… Quando decidimos pedir a conta, eu fiz aquele gesto mudo de quem pede a conta anotando em um papel imaginário. O garçom veio até a mesa, já com a conta na mão, eu meu cartão em suas mãos ele enfiou na maquininha e perguntou “DÉBITO OU CRÉDITO, SENHORA?”, eu disse “DÉBITO, QUERIDO!”. Eu digitei a senha na maquininha, ele arrancou a via do cliente e entregou do seu lado da mesa, me ignorando totalmente. E ali, ficamos os dois, com cara de pastel. Sem entender por que diabos aquele garçom havia feito isso logo no dia que eu decidi pagar a conta sozinho. Peguei trauma, nunca mais quis pagar. (risos) Decidi escrever umas esquetes de humor, pois sempre tentamos enxergar a vida com o máximo da graça em todos os sentidos. Meu enteado mais velho, Hugo,  perguntou “Por que você não faz uma peça?” e eu respondi “Por que não?”. E aí está nossa história em peça, livro e em breve pelo mundo!!!

    Cláudia Wildberger:  Em algum momento, você achou que a decisão de contar a história do casal não poderia ser um bom negócio? Por quê?
    Yuri Ribeiro: Nunca passou pela minha cabeça, quando veio a ideia me empolguei e mergulhei, obviamente existe um pouco de inconsequência no meu temperamento, mas acho que ela sempre age para o bem e por isso não fiz muito questionamentos sobre isso pra mim mesmo, fiz mais pra você do que pra mim. Nós já somos figuras públicas, embora eu não seja conhecido mundialmente, ainda, e nem no Brasil todo, ainda, mais cedo ou mais tarde falariam sobre nós, falarão sobre nós, falarão sobre isso. Sempre falarão sobre amor, por bem ou por mal, mas falarão. Então acho ótimo podermos falar primeiro e contar a do jeito que a gente enxerga.

    Cláudia Wildberger: No livro, você conta como foi a reação da família do casal quando souberam do relacionamento, mas qual foi a reação dos seus amigos, da sua idade, quando ficaram sabendo que estávamos juntos? Houve mais desaprovação que aceitação? Alguém se mostrou mais parceiro, a ponto de dizer que seria capaz de fazer o mesmo, se encontrasse a mulher de sua vida?
    Yuri Ribeiro: Catarina Saibro me disse que, se fosse ela, mergulharia de cabeça. Ninguém deu opinião negativa, ou falou coisas maldosas. Quer dizer, não que eu me lembre agora. Se tem uma coisa que eu tenho fraca é memória pra coisa ruim. Se eu não tivesse decidido escrever nossa história no dia seguinte ao ocorrido na Gávea, certamente eu esqueceria da história do garçom. Eu só lembraria dela se passasse a contá-la aos outros, de maneira engraçada. Não gosto de lembrar ou de contar histórias tristes.

    Cláudia Wildberger: Muitas pessoas têm curiosidade sobre a nossa rotina. Consegue descrever em poucas palavras o dia a dia desse casal real?
    Yuri Ribeiro: Vivemos quase todos os dias 24 horas juntos, pois também trabalhamos no modelo home office, ou seja, na sala de casa mesmo… Sabemos muito bem a hora de começar, mas dificilmente descobrimos onde fica escondida a hora de parar. Às vezes, esquecemos até de comer. De repente um levanta e fala: “Vou preparar uma coisinha aqui pra beliscar, quer?” Eu tento, dentro do possível, sugerir algo que você coma, pois como não come carne, o cardápio é mais restrito. Você nunca precisa, pois tem certeza que eu vou comer o que fizer. À noite, Netflix, menos do que gostaríamos. Saímos muito, vamos a muitas estreias de amigos, pré-estreias de cinema, lançamento de livros de amigos ou não. Nosso rolê é muito dentro de teatros, um pouco menos dentro de cinemas, e muito em bares depois de teatros e cinemas.

    Cláudia Wildberger: O teatro proporciona ao ator a oportunidade de uma resposta imediata.  Você sente uma aprovação quanto à sua interpretação e alguma reação, antes não percebida, em outros trabalhos que fez no palco? Em caso afirmativo, a que você atribui isso?
    Yuri Ribeiro: De cima do palco, pelo fato de nunca sairmos de cena, consigo assistir à plateia e percebo no brilho do olhar que a alquimia está acontecendo. Percebo resposta positiva, pelo fato de ser comédia, no riso por exemplo, e percebo também momentos de suspensão dramática onde sinto algo que me faz pensar que a plateia está sem respirar por alguns instantes. Graças ao belo time que juntamos conseguimos contar nossa história com primor e bons resultados. Nunca me disseram, em algum trabalho, que eu estava mal ou era um ator ruim, pelo contrário, graças a Dionísio, sempre elogiaram. Já fizeram comentários pontuais sobre isso ou aquilo, mas o saldo sempre foi positivo; no entanto, por uma questão de evolução na linha do tempo, acredito que estou me aprimorando a cada trabalho.

    Cláudia Wildberger: Qual é a  reação do público ao final de cada sessão?
    Yuri Ribeiro: Eu sinto que é um misto de euforia e reflexão. Não acho que esqueçam de nós no primeiro chope. E se por ventura esquecerem, se lembrarão no momento de pagar a conta e, talvez, no dia seguinte quando forem comprar algo… Quando alguém lhes perguntar “débito ou crédito?”. Acredito que há chances de se lembrarem do conteúdo da nossa história.

    Cláudia Wildberger: Conta para os leitores da Livro & Café os próximos passos do projeto.
    Yuri Ribeiro: Eita!!! Ainda no primeiro semestre vamos para São Paulo, esperamos que a cidade nos abrace. Depois disso partimos para turnê nacional. E em paralelo a isso tudo estamos desenvolvendo algumas pedrinhas preciosas, filhotes do nosso “Vou Deixar…”: estamos com canecas à venda conosco e, em breve, com parceiros licenciados, estamos desenvolvendo linha de camisetas, itens decorativos chaveiros e a cabeça não para… Acho que somos loucos, no bom sentido, pensamos algo e acreditamos que vai dar certo, mergulhamos nesse algo e somos abençoados com soluções para dar certo. Parceiros surgem na nossa trajetória e conseguimos realizar. Por enquanto não dá pra falar muito, mas daqui a algum tempo nossa história vai estar nas telonas e nas telinhas.

    Trailer da peça Vou deixar de ser feliz por medo de ficar triste?

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