Interessante que quando a gente começa a estudar os gêneros literários, percebemos que tudo caminha para dois nomes muito conhecidos: Platão e Aristóteles. Porém, acredito na importância de reconhecê-los como são usados hoje em dia, de forma mais livre, como uma bailarina que mistura o clássico e o contemporâneo.

    Mas também é complicado abordar os gêneros literários sem entender as produções de conhecimento que, de uma forma bastante geral, buscam dar nomes aos movimentos literários vigentes.

    Por exemplo: na época de Platão falava-se da tragédia e da comédia, hoje em dia falamos mais dos romances, dos contos…

    E assim chegamos a um conceito de Bakhtin sobre percepção: além dos traços da linguagem, é necessário levar em conta as expectativas do receptor, bem como a maneira como a obra literária capta a realidade. 

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    O ciclo de reconhecer, aprender, fazer, comunicar…

    Então, a princípio, devemos ter em mente que estudamos os gêneros literários justamente porque reconhecer e nomear os textos já é uma forma de capturar a nossa realidade e entregar um “filtro” ao leitor do texto literário e ampliar nossos estudos sobre o tema. E esse leitor, ao mesmo tempo, faz o seu próprio reconhecimento. Um ciclo.

    Reconhecer os gêneros literários para quê?

    Segundo Angélica Soares, no livro Gêneros Literários, devemos considerar que:

    a.) Mais importante que identificar um traço isolado na obra é observar como cada traço se relaciona com outros da mesma obra, para que então ele seja reconhecido como lírico, narrativo ou dramático. 

    b.) A teoria dos gêneros é vista como meio auxiliar que, entre outros, nos leva ao conhecimento do literário, mas nunca deve ser usada para valorização e julgamento da obra.

    Os principais gêneros literários são as formas narrativas:

    • Romance
    • Conto
    • Novela

    Há ainda a poesia e as formas dramáticas (a tragédia, a comédia e o drama). Porém, é fácil perceber que elas podem coexistir em uma mesma obra. Afinal, como não falar em drama no romance Ao Farol de Virginia Woolf? Ou sua poesia no romance As Ondas?

    Cada qual, à sua maneira, irá contribuir para a produção da arte literária, a ficção. E também colabora para estudar o assunto enquanto leitor comum ou um leitor crítico.

    No livro “Escrever Ficção”, Assis Brasil traz uma definição muito bacana quanto aos gêneros literários, de forma que fica evidente que eles não constituem a literatura em si, apenas trabalham como meios auxiliares de identificação:

    “Narrativa é uma história contada sob forma literária, com uma preocupação tanto com o conteúdo quanto com a forma, tanto com os fatos que compõem a história quanto com a linguagem, tanto com a organização quanto com o efeito que essa organização provocará no leitor.” (p. 23)

    Por fim, Assis Brasil também nos esclarece que o leitor, mesmo inconscientemente, quer saber o que irá ler. Portanto, é fundamental para o escritor deixar perceptível o que e como se está falando. O leitor espera por isso.

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