Muitas vezes ficamos quebrando a cabeça para descobrir a melhor forma de introduzir a arte das palavras para as crianças. Uma boa forma de iniciar o mergulho infinito no maravilhoso reino das palavras é com a leitura de poemas curtos para crianças. Pensando nisso, selecionamos lindos poemas para ler e se emocionar com os pequenos. Com certeza, a partir de perguntas simples, elas conseguirão interpretar esses poemas curtos de forma surpreendente!

    1. Receita de espantar a tristeza, de Roseana Murray

    Faça uma careta
    e mande a tristeza
    pra longe pro outro lado
    do mar ou da lua

    vá para o meio da rua
    e plante bananeira
    faça alguma besteira

    depois estique os braços
    apanhe a primeira estrela
    e procure o melhor amigo
    para um longo e apertado abraço.

    2. O Cuco – Marina Colasanti

    Mais esperto que maluco
    este é o retrato do cuco.
    Taí um que não se mata
    pra fazer um pé-de-meia
    e nem pensa em bater asa
    pra construir a casa.
    Para ele o bom negócio
    é morar em casa alheia,
    e do abuso nem se toca.
    Os seus ovos, rapidinho,
    põe no ninho do vizinho
    depois vai curtir um ócio
    enquanto a vizinha choca

    3. O Menino Azul – Cecília Meireles

    O menino quer um burrinho
    para passear.
    Um burrinho manso,
    que não corra nem pule,
    mas que saiba conversar.

    O menino quer um burrinho
    que saiba dizer
    o nome dos rios,
    das montanhas, das flores,
    – de tudo o que aparecer.

    O menino quer um burrinho
    que saiba inventar histórias bonitas
    com pessoas e bichos
    e com barquinhos no mar.

    E os dois sairão pelo mundo
    que é como um jardim
    apenas mais largo
    e talvez mais comprido
    e que não tenha fim.

    (Quem souber de um burrinho desses,
    pode escrever
    para a Ruas das Casas,
    Número das Portas,
    ao Menino Azul que não sabe ler.)

    Se você está gostando desses poemas curtos para crianças, conheça também: Literatura de Cordel para crianças em 10 livros

    4. Quando as crianças brincam – Fernando Pessoa

    “Quando as crianças brincam
    E eu as oiço brincar,
    Qualquer coisa em minha alma
    Começa a se alegrar.

    E toda aquela infância
    Que não tive me vem,
    Numa onda de alegria
    Que não foi de ninguém.

    Se quem fui é enigma,
    E quem serei visão,
    Quem sou ao menos sinta
    Isto no coração.”

    5. Pontinho de Vista – Pedro Bandeira

    Eu sou pequeno, me dizem,
    e eu fico muito zangado.
    Tenho de olhar todo mundo
    com o queixo levantado.

    Mas, se formiga falasse
    e me visse lá do chão,
    ia dizer, com certeza:
    — Minha nossa, que grandão!

    6. O amor aprendemos inteiro – Emily Dickinson

    “O Amor aprendemos Inteiro –
    O Alfabeto – As Palavras –
    Um Capítulo – e o Livro todo –
    E da Revelação – o segredo –
    Mas nos olhos Uma da Outra
    Divisou-se a Ignorância –
    Mais divina do que a Infância –
    Uma e Outra, Crianças –
    Buscando explicações –
    Nenhuma entendeu – nada –
    Ai! Como é largo o Saber –
    E a Verdade – que complicada –”

    Se você está gostando desses poemas curtos para crianças, conheça 8 livros de arte para crianças

    7. A porta – Vinicius de Moraes

    Sou feita de madeira
    Madeira, matéria morta
    Não há nada no mundo
    Mais viva que uma porta

    Eu abro devagarinho
    Pra passar o menininho
    Eu abro bem com cuidado
    Pra passar o namorado

    Eu abro bem prazenteira
    Pra passar a cozinheira
    Eu abro de supetão
    Pra passar o capitão

    Eu fecho a frente da casa
    Fecho a frente do quartel
    Eu fecho tudo no mundo
    Só vivo aberta no céu!

    poemas curtos para crianças
    Se você está gostando desses poemas curtos para crianças, vai adorar o livro “A arca de Noé”! Veja um pouquinho dele na AMAZON

    8. Poeminha do Contra – Mario Quintana

    Todos estes que aí estão
    Atravancando o meu caminho,
    Eles passarão.
    Eu passarinho!

    9. A bailarina – Cecília Meirelles

    Esta menina
    tão pequenina
    quer ser bailarina.
    Não conhece nem dó nem ré
    mas sabe ficar na ponta do pé.

    Não conhece nem mi nem fá
    Mas inclina o corpo para cá e para lá

    Não conhece nem lá nem si,
    mas fecha os olhos e sorri.

    Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
    e não fica tonta nem sai do lugar.

    Põe no cabelo uma estrela e um véu
    e diz que caiu do céu.

    Esta menina
    tão pequenina
    quer ser bailarina.

    Mas depois esquece todas as danças,
    e também quer dormir como as outras crianças.

    10. A Lua foi ao Cinema – Paulo Leminski

    A lua foi ao cinema,
    passava um filme engraçado,
    a história de uma estrela
    que não tinha namorado.

    Não tinha porque era apenas
    uma estrela bem pequena,
    dessas que, quando apagam,
    ninguém vai dizer, que pena!

    Era uma estrela sozinha,
    ninguém olhava para ela,
    e toda a luz que ela tinha
    cabia numa janela.

    A lua ficou tão triste
    com aquela história de amor,
    que até hoje a lua insiste:
    – Amanheça, por favor!

    11. A Centopeia – Marina Colasanti

    Quem foi que primeiro
    teve a ideia
    de contar um por um
    os pés da centopeia?

    Se uma pata você arranca
    será que a bichinha manca?

    E responda antes que eu esqueça
    se existe o bicho de cem pés

    será que existe algum de cem cabeças?

    12. Para ir à Lua – Cecília Meirelles

    Enquanto não têm foguetes
    para ir à Lua
    os meninos deslizam de patinete
    pelas calçadas da rua.

    Vão cegos de velocidade:
    mesmo que quebrem o nariz,
    que grande felicidade!
    Ser veloz é ser feliz.

    Ah! se pudessem ser anjos
    de longas asas!
    Mas são apenas marmanjos.

    13. Convite – José Paulo Paes

    Poesia
    é brincar com palavras
    como se brinca
    com bola, papagaio, pião.

    Só que
    bola, papagaio, pião
    de tanto brincar
    se gastam.

    As palavras não:
    quanto mais se brinca
    com elas
    mais novas ficam.

    Como a água do rio
    que é água sempre nova.

    Como cada dia
    que é sempre um novo dia.

    Vamos brincar de poesia?

    Se você está gostando desses poemas curtos para crianças, leia: O Carnaval nos livros infantis: 6 livros para ler com as crianças

    14. Se – Paulo Leminsky

    Se
    nem
    for
    terra

    Se
    trans
    for
    mar.

    15. Ser criança – Tatiana Belinky

    “Ser criança é dureza-
    Todo mundo manda em mim-
    Se pergunto o motivo,
    Me respondem “porque sim”.

    Isso é falta de respeito,
    “Porque sim” não é resposta,
    Atitude autoritária
    Coisa que ninguém gosta!

    Adulto deve explicar
    Pra criança compreender
    Esses “podes” e “não podes”,
    Pra aceitar sem se ofender!

    Criança exige carinho,
    E sim! Consideração!
    Criança é gente, é pessoa,
    Não bicho de estimação!”

    16. A Canção dos tamanquinhos – Cecília Meireles

    Troc…  troc… troc…  troc…
    ligeirinhos, ligeirinhos,
    troc…  troc… troc…  troc…
    vão cantando os tamanquinhos…

    Madrugada.   Troc… troc…
    pelas portas dos vizinhos
    vão batendo, Troc…  troc…
    vão cantando os tamanquinhos…

    Chove.  Troc… troc…  troc…
    no silêncio dos caminhos
    alagados, troc…  troc…
    vão cantando os tamanquinhos…

    E até mesmo, troc…  troc…
    os que têm sedas e arminhos,
    sonham, troc…  troc… troc…
    com seu par de tamanquinhos…

    17. Baile no sereno – Ruth Rocha

    Cantador canta tristeza,
    canta alegria também.
    É de sua natureza
    cantar o mal e o bem.
    Pois ele tem dentro dele
    o canto que o canto tem…

    Por isso, se o mar secar,
    se cobra comprar sapato,
    se cachorro virar gato,
    se o mudo puder falar,
    Se a chuva chover pra cima,
    se barata for grã-fina,
    Quando o embaixador for em cima,
    Cantador vai se calar.

    Se você está gostando desses poemas curtos para crianças, conheça 11 livros de Ruth Rocha que o seu filho vai amar ler!

    18. As borboletas – Vinicius de Moraes

    Brancas
    Azuis
    Amarelas
    E pretas
    Brincam
    Na luz
    As belas
    Borboletas.

    Borboletas brancas
    São alegres e francas.

    Borboletas azuis
    Gostam muito de luz.

    As amarelinhas
    São tão bonitinhas!

    E as pretas, então…
    Oh, que escuridão!

    19. Ao pé de sua criança – Pablo Neruda

    O pé da criança ainda não sabe que é pé,
    e quer ser borboleta ou maçã.

    Mas depois os vidros e as pedras,
    as ruas, as escadas,
    e os caminhos de terra dura
    vão ensinando ao pé que não pode voar,
    que não pode ser fruta redonda num ramo.

    Então o pé da criança
    foi derrotado, caiu
    na batalha,
    foi prisioneiro,
    condenado a viver num sapato.

    Pouco a pouco sem luz
    foi conhecendo o mundo à sua maneira,
    sem conhecer o outro pé, encerrado,
    explorando a vida como um cego.

    Conheça nossas publicações sobre Literatura Infantil aqui

    Imagem: Edsurge.com

    Share.