Conheça um pouco de Clarice Lispector, uma das mais importantes escritoras brasileiras.

    Clarice Lispector (1920 -1977) nasceu na Ucrânia e veio para o Brasil aos 2 meses de vida. Seu nome era Haia e quando chegou em terras brasileiras, a família toda mudou de nome e ela, então, passou a ser Clarice.

    Um pouco da infância de Clarice Lispector

    Desde pequena escrevia histórias, algumas há apenas a recordação, pois foram perdidas. Outras, lá por 1931, foram recusadas pelo Jornal de Pernambuco, pois, diferente das histórias das outras crianças, as de Clarice não possuíam enredo nem fatos, apenas sensações (o estilo moderno já presente em sua espontaneidade infantil). Quando cresceu, leu Rachel de Queiroz, Machado de Assis, Eça de Queiroz, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Dostoiévski, Júlio Diniz, Virginia Woolf, Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Fernando Pessoa, Manuel Bandeira, Katherine Mansfield entre outros. Também cursou Direito, trabalhou como secretária, deu aulas particulares de português e matemática, traduziu textos científicos, foi redatora e repórter, colunistas de diversos jornais e, claro, sempre foi escritora.

    O primeiro livro da autora

    Perto do Coração Selvagem é o primeiro livro de Clarice, publicado em 1943, antes disso, ela teve alguns contos publicados em revistas e jornais. E como toda nova escritora, recebeu críticas positivas e negativas, inclusive comparações com Virginia Woolf e James Joyce, que – na época – ela nem tinha lido.

    Ela casou-se, teve filhos, viajou para diversos países e não parou de escrever, anotava tudo em qualquer pedaço de papel para depois construir a sua literatura. De escritora mais amada no twitter e afins (muitas vezes por frases que nem são dela) a mulher mais enigmática da literatura, Clarice Lispector deixou uma marca muito forte por meio de sua escrita singular, a ousadia em querer sempre desconstruir os sentidos da vida para depois remontá-los no caos. Muitas vezes me pergunto se cada linha que Clarice escreveu foi analisada e pensada friamente ou era a sua incrível sensibilidade e inteligência de deixar tudo fluir e “ver o que acontece no final”. Nunca saberei, mas garanto que ler Clarice Lispector – os livros e não as frases soltas das redes sociais – é um grande acontecimento para a vida.

    Clarice e os enigmas

    A introdução da biografia “Clarice,” (lê-se Clarice vírgula) é justamente sobre o enigma Clarice Lispector. Conta sobre quando ela conheceu o Egito e as impressões que teve ao ver a esfinge e que 28 anos depois escreveu que “estava pensando em fazer outra visita” para descobrir “quem devora quem”. Há muito de Clarice Lispector nisso, a “briga” dela era com os grandes enigmas do mundo, talvez, por isso que ela se tornou um ser misterioso, não gostava de dar entrevista, pois além de não se sentir à vontade não via interesse nas perguntas feitas pelo entrevistador: “fatos e pormenores me aborrecem”. A impressão que tenho é que qualquer comentário profundo a respeito da vida, da literatura, da humanidade, para Clarice é algo banal, que ela já estava cansada de saber.

    Clarice Lispector publicou 8 romances, 1 novela, diversas coletâneas de contos, e crônicas. Após sua morte em 1977, surgiram livros com suas correspondências, entrevistas e anotações.

    Abaixo uma entrevista que Clarice concedeu a TV Cultura em 1977, o mesmo ano de sua morte. Ela estava triste e cansada.