Ao Farol é o sexto livro publicado por Virginia Woolf. Era o ano de 1927 quando a obra chegou às mãos dos leitores. E como todos os livros que ela escreveu, o cansaço era tanto que ela registrou em seu diário que após ter acabado o romance, se sentia “virgem, passiva, vazia de ideias”.  Isso é o registro de quanto Virginia se entregava à sua arte, o quanto o ato de escrever era levado à sério, era especial. Leonard Woolf, marido dela, leu e revelou que ali estava um grande livro, uma obra-prima, o que deixou Virginia Woolf aliviada.

    A Editora Autêntica irá lançar em breve uma nova tradução de Ao Farol, feita por Tomaz Tadeu, o mesmo que traduziu Mrs Dalloway. E a beleza disso tudo é que apenas aqui no blog Livro&Café você poderá baixar gratuitamente o primeiro capítulo do romance. Isso não é lindo? 🙂  Antes, que tal ler um trechinho?

    “Sim, claro, se amanhã fizer bom tempo”, disse a Sra. Ramsay. “Mas terão de acordar com os galos”, acrescentou.
    Ao filho essas palavras passavam uma alegria extraordinária, como se a questão estivesse resolvida, a expedição estivesse destinada a se realizar, e a maravilha pela qual tinha ansiado por anos a fio parecesse estar, após a escuridão de uma noite e o velejar de um dia, ao alcance da mão. Como ele pertencia, mesmo com seis anos, àquele imenso clã que não consegue manter este sentimento separado daquele, mas deve deixar as possibilidades futuras, com suas alegrias e tristezas, nublar o que está realmente à mão, como para essas pessoas, mesmo na mais tenra infância, qualquer giro na roda da sensação tem o poder de cristalizar e transfixar o momento sobre o qual ela lança sua obscuridade ou sua radiância, James Ramsay, sentado no chão, recortando gravuras do catálogo ilustrado das Lojas do Exército e da Marinha, conferia à gravura de um refrigerador, enquanto a mãe falava, um gozo celestial. Ela estava envolta em prazer. O carrinho de mão, o aparador de grama, o som dos álamos, as folhas empalidecendo antes da chuva, as gralhas grasnando, as vassouras batendo, os vestidos farfalhando – todas essas coisas eram tão coloridas e distintas em sua mente que ele já tinha o seu código pessoal, a sua linguagem secreta, embora aparentasse a imagem de absoluta e intransigente severidade, com sua fronte elevada e seus penetrantes olhos azuis, impecavelmente cândidos e puros, franzindo levemente os cenhos à vista da fragilidade humana, de maneira que a mãe, observando-o manejar habilmente a tesoura em volta do refrigerador, imaginou-o todo em arminho e rubro no tribunal ou administrando um caso espinhoso e decisivo nalguma crise dos negócios públicos.
    “Mas”, disse o pai, parando em frente da janela da sala de estar, “não fará bom tempo.”

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    Copyright © da tradução de Tomaz Tadeu
    Copyright © da imagem Marshall P. Hydorn

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