Com Este Lado do Paraíso aprendi que algumas vezes é preciso persistir em livros, e na maioria das vezes, esses livros são os que te surpreendem mais.

    Em Este Lado do Paraíso acompanhamos a vida de Amory, começando com o encontro dos seus pais, e quase como Jane Austen, F. Scott. Fitzgerald nos mostra que Beatrice, sua mãe, precisava de um marido e seu Pai, precisava ser marido de alguém. Dessa união, mais do que normal e sem graça, surgiu Amory. Um criança e adolescente chato, e um burguês muito sem graça.

    Até uma boa parte do livro, ele só se sustenta porque existe muitas conversas sobre livros e autores. Mas só existem mudanças em Amory quando ele conhece uma garota, e ai que a narrativa vai para a frente. Porém, as primeiras garotas são tão sem graça, e o próprio Amory acha isso também, então a sua falta de interesse nelas se torna a nossa falta de interesse também. Ele vai crescendo e eu, particularmente, ficava mais entendiada.

    “Ela é selecionada por meio daquele sistema de mudança de par durante os bailes, o que favorece a sobrevivência do mais apto”

    Uma grande mudança na narrativa

    Até que, não basta mudar a vida do personagem, o queridíssimo Scott resolve mudar toda a narrativa. Primeiro de uma narrativa em terceira pessoa para cartas e depois para teatro. Não a toa que ele cita muito Shakespeare e Oscar Wilde, e não a toa que a garota que traz toda essa mudança se chama Rosalind.

    Na minha cabeça, eu até me desconcentrava, ia para a peça Como Gostais (a minha preferida do Shakespeare) e ficava comparando as duas Rosalind, em Shakespeare ela se veste de garoto, em Fitzgerald, ela é tão igual a Amory (que finalmente, se torna uma pessoa interessante) que você até chega a confundir as falas e jeitos dos dois.

    “Ela: Oh, sou brilhante, bastante egoísta, emotiva quando provocada, gosto que me admirem…
    Ele (subitamente): Não quero me apaixonar por você…
    Ela: Ninguém lhe pediu”

    Por isso, persistência é algo que precisamos ter com livros. Depois dessa virada (praticamente na página 200) o personagem evolui, junto com uma geração toda, cheia de princípio que finalmente são questionados, aquele filho mimado do começo se revolta contra toda aquela sociedade, traz todos os ensinamentos, que acompanhamos junto dele, para uma discussão ainda maior, juntando filosofia, religião e literatura.

    Por fim, digo mais: um finalzinho que traz um gostinho da geração beat, que estava anos à frente.

    Amory se apegara a mil livros, a mil mentiras.

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    1 comentário

    1. Amory Blaine não se sente enquadrado na sociedade em que vive. Pode-se dizer que é um revoltado da sociedade, mas ele vê méritos em todos os sistemas, sejam eles políticos, sociais ou de ordem religiosa. O problema é que não se encaixa em nenhum deles. Existe um desenraizamento, um mal-estar, uma angústia .
      Sente uma deriva moral. Precisa de novos valores e a sua geração também.

      Como ? Qual o caminho?

      “Conheço-me a mim próprio, mas apenas isso”

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