A paz dura pouco (Chinua Achebe): choques culturais

Escolhi o livro porque achei o título bonito, melancólico, sincero. E assim também é a história que o escritor africano Chinua Achebe (1930-2013) desenvolveu no romance A Paz Dura Pouco.

O herói da história chama-se Obi Okonkowo, é um nigeriano que se formou em Letras na Inglaterra e retornou para a sua terra natal (Nigéria) como um exemplo de cidadão que “deu certo”, pois foi estudar no exterior.

Chinua Achebe

O que o leitor vivencia é a experiência de Obi, um choque cultural e moral, tanto do lado positivo quanto negativo. Primeiramente, temos os motivos que levou Obi a aceitar a bolsa de estudos, que na verdade é um empréstimo. Temos também as histórias do povo antigo da África, o folclore e as religiões tradicionais batendo de frente com outras religiões.

Há também a história de amor entre Obi e Clara, uma moça também africana, porém pertence a um povo que, pelos olhos dos outros povos africanos, não pode se misturar. Ou seja, Obi e Clara vivem uma história como Romeu e Julieta, porém o final não é igual para os dois.

A cultura africana na obra

Interessante é o constante aprendizado sobre a cultura africana amarrada a uma crítica social feita por Chinua Achebe. Assim como aprendemos sobre a riqueza cultural do povo nigeriano, percebemos o quanto ela diverge da cultura europeia, ao mesmo tempo que os personagens da história veem o povo europeu como superiores.

Obi, um anti-herói como personagem, um herói para a história em si e um criminoso revelado logo nas primeiras páginas do livro é também uma vítima, que vê todas as suas crenças (novas e velhas) jogadas ao vento perante as próprias circunstâncias do destino, que o tornam solitário e perdido na sua própria casa.

O que esse livro me revelou é que o desejo de um povo em melhorar a si mesmo não significa que um modelo exterior irá funcionar para ele. Cada cultura, com toda as suas peculiaridades, deve enfrentar cada passo, cada caminho que o leve para a realização de uma melhoria cultural, social e política. Copiar modelos, pular etapas, principalmente na área educacional é uma ilusão que constrói grandes buracos na humanidade. Não basta a mudança visual, a coisa tem de começar de dentro, sempre, em tudo.

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Respostas de 5

  1. É bom ler essas resenhas sensacionais porque daí, quando a gente for ler o livro, vamos ‘tar mais preparados. Eu ri muito do “porém o final não é igual para os dois”, mesmo, ri demais. Tô adorando desvendar esses autores africanos. e_e ‘Tão sendo meu novo latino americanos. E a capa, minha gente, que capa é essa? *O*

  2. eu queria comentar sobre o amor impossível, mas tb achei importante destacar que os dois não morrem no final, então….hahahaha

  3. O livro parece ser interessante como também sua crítica. Fiquei curiosa, vou providenciar a leitura dele. Vc tem razão, a mudança tem de vir de dentro e isso não é fácil

  4. Oi, Jossely! Eu não conhecia essa escritora. Depois desse livro que li, fiquei muito interessada na literatura africana. Vou procurar algum livro dela para ler. Obrigada pelo contribuição!
    Beijos

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