Era uma tarde chuvosa e resolvi ler Psicose. Engraçado é que o livro também começa com chuva, não tão engraçado é sua luz acabar junto com o primeiro capítulo. O bom foi que, como eu estava sem energia elétrica e sem distrações, consegui ler o livro todo de uma vez (com a lanterninha do celular), algo que deixou a minha experiência com Psicose mais incrível ainda.
A princípio, o autor conta duas histórias paralelas: a de Norman e de Mary. Norman é dono do motel em que Mary chega depois de vários eventos, pra passar a noite. Esses dois personagens, mais a mãe de Norman, conseguem passar deixar um clima estranho no ar. Robert Bloch sabe usar extremamente bem da ironia (Mary pensou se que seria melhor uma banheira) e manipulação dos seus leitores. Fazendo assim que a história de um psicopata seja algo mais divertido que aterrorizante.
Até que ponto você realmente conhece alguém?
Algumas questões muito interessantes são colocadas, como: até que ponto você realmente conhece alguém, relações entre filho e mãe, complexo de Édipo e podemos dizer que essas questões estão na “primeira camada”, com o decorrer da narrativa, vamos desvendando Norman e percebendo que o que parecia ser, pode ser outra coisa. Por isso elogio o poder de manipulação do autor, que consegue brincar com esses detalhes.
Outra coisa interessante que observei é que desde o primeiro capítulo estamos na casa de Norman (além de outros ambientes), porém a descrição da casa só é feita em detalhes quase no final do livro, assim toda a nossa visão muda, observamos aquilo de outra forma e outra vez podemos nos questionar: Até que ponto realmente conhecemos as pessoas?
Muito sangue e surpresas em Psicose
Além de muito sangue e surpresas Psicose consegue deixar algumas questões no ar, junto com um arco da história que não termina. Bons livros fazem com que seus leitores sejam necessários para complementar a narrativa e nesse e em muitos aspectos, Psicose me surpreendeu.
E claro, não poderia acabar de falar de Psicose sem elogiar a edição da DarkSide, além da minha edição ser capa dura, alguns detalhes são super bem pensados, como o número de capítulos em chaveiros, uma arte diferente para a abertura de cada capítulo, as últimas páginas dedicadas a imagens da adaptação do livro feito por Hitchcock e o mais sensacional é uma plaquinha do Bates Motel.
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