O fascismo no cotidiano do Brasil: todo dia morremos um pouco

Há aquele conceito de que não podemos tolerar o intolerante. Algo assim quase nos faz repensar sobre quais atitudes devemos tomar perante um flerte com o fascismo.

Pode um cargo público usar um discurso fascista? Pode usar uma música que está diretamente relacionada à Hitler? Isso fere os ideais dos Direitos Humanos? E após o flerte dessa figura pública, exonerar do cargo, prender, revogar o discurso… resolve a questão?

O que, de fato, acontece quando as ideias já foram espalhadas? quando o flerte com o fascismo já se mostrou e, tragicamente, ganhou mais alguns adeptos?

A Segunda Guerra Mundial nos mostrou um dos piores lados da humanidade. O ódio pelo diferente, pela minoria. A disputa por territórios, a luta pela família, pela honra e pela pátria, já poderia ser uma história a não ser repetida por tamanha violência e estupidez. No entanto, muitos povos possuem a habilidade de esquecer o passado ou não se importar com o que a História ensina.

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Não é mais possível o silenciamento. Aliás, nunca deveria ter sido, mas adormecemos no abraço de nossas próprias individualidades. E de repente, o cotidiano traz a sensação de recuo, sem saber o que fazer todos os dias perante essa ladeira descontrolável chamada extrema direita no poder, que apresenta as diversas camadas do fascismo no cotidiano do Brasil.

Que toda essa corja chegue ao fim. Que toda a arte sobreviva, pensam aqueles que não toleram o intolerante. Por outro lado, a beleza da flor que nasce solitária no asfalto precisa ser tão reverenciada?

Em que momento sairemos de nossos sofás confortáveis, de nossos livros iluminadores, dos discursos cravados em poesia para partir para o campo de batalha?

Haverá um campo? Ou apenas seremos sugados em nossas individualidades, como se nossa passividade fosse a câmara de gás que, de forma lenta, mata todo dia um pouco.