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    Literatura

    A máscara da ignorância e o horror cotidiano

    Talita AnnunciatoBy Talita Annunciato0154 Mins Read
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    Em 2006, li pela primeira vez o conto “A Máscara da Morte Vermelha” (ou “A Máscara da Morte Rubra”, como algumas traduções trazem), do escritor Edgar Allan Poe, e fiquei com a impressão de que era um dos textos mais bem escritos que já li na minha vida. Aquela impressão de um texto bom, atemporal, que faz sentido em qualquer época, sabe?

    O enredo é bem simples: trata-se da história da Morte Vermelha, uma peste terrível que assolou a população de um pequeno país, que provocava dores agudas e sangramento pelos poros naqueles que a contraíam. Enquanto as pessoas morriam, acometidas pela doença, o príncipe, chamado Próspero, decide se retirar com sua corte para uma de suas abadias. Quando a peste atinge seu ápice, Próspero decide dar um baile de máscaras para os amigos. A aparente normalidade no interior do lugar é rompida quando, em meio à música e à dança, as badaladas do relógio ressoam no recinto. O silêncio absoluto ecoa ao lembrá-los que, com o passar do Tempo, o destino inevitável se aproxima e a fortaleza que os cercava não seria suficiente para protegê-los do terrível desfecho.

    Me lembro que, nessa primeira leitura, há quatorze anos, o que mais me impressionou foi a construção do espaço: a magnitude da abadia, com sua muralha forte e elevada, que evidencia a divisão entre o mundo exterior (doente, pobre, remetendo à morte) e o interior (saudável, de luxo e riqueza, conectado, portanto, à vida que restou na região), dualidade que perpassa toda a narrativa; a descrição das câmaras, cada uma com sua cor e simbologia; e o relógio de Ébano, cujas badaladas marcam o ritmo da narrativa, levando ao clímax, à resolução do conflito, exposto logo no início do conto: “A Morte Vermelha” devastava havia muito tempo o país”. A alegoria sobre a morte está posta e não há surpresas ao longo do caminho, sabemos o que vai acontecer. Poe, no entanto, vai tecendo uma expectativa de quando e como chegaremos ao fim inevitável, criando o que ele chama de “unidade de efeito”, conceito elaborado pelo autor no belo ensaio “A Filosofia da Composição” (embora aplicado ao poema “O Corvo”, a ideia discutida nos ensina muito sobre a boa escrita de forma geral). E o efeito gerado aqui, conforme prometido, é o horror. Todos os elementos vão contribuir para esse tom.

    Leia mais: O poço e o pêndulo (Edgar Allan Poe): sobre tortura e ódio

    Por conta desse momento atípico pelo qual estamos passando, o conto de Poe me veio à memória. Reler um texto é reencontrá-lo e, com isso, temos a possibilidade de construir novos sentidos para ele. Curiosamente, após sua releitura, o que me chamou atenção não foi  somente a brilhante construção do espaço, dada como a grande responsável pela obtenção do efeito do horror atingido, mas também a caracterização das personagens. A morte, personificada, é indiferente, impassível. Nunca antes tão próxima, ela não poupa ninguém. Inevitável a comparação com o novo Coronavírus.

    É a figura do príncipe Próspero, contudo, que me causou maior espanto dessa vez. A começar pelo próprio nome, Próspero, que evoca seus reais interesses e o que ele busca representar. Destaca-se também pelo comportamento, seja pelo fato dele ser completamente alheio à realidade ao seu redor, incapaz de compreender o momento tão delicado de uma crise pandêmica que assola uma nação (provavelmente achou que fosse apenas uma gripezinha), ou pela atitude covarde ao enfrentar a morte e que, por medo, joga a responsabilidade para seus súditos, antes de sua execução. Lembra alguém? A comparação também se torna inevitável…

    Edgar Allan Poe publicou o conto pela primeira vez em 1842. Em pleno 2020, o autor nem poderia imaginar que seu príncipe Próspero tomaria forma em um país da América do Sul, e que o enredo da “A Máscara da Morte Vermelha” faria um paralelo tão peculiar com a nossa história. A política de morte segue firme no Brasil, representada por um príncipe da ignorância e malevolência. Tragicamente, sentimos que o horror, uma vez atribuído à unidade de efeito de uma narrativa, ultrapassa os limites da obra ficcional e se torna parte do cotidiano de nossas vidas.

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