As cinco poesias de Sylvia Plath selecionadas aqui te farão admirar muito mais essa grande escritora.

    Sylvia Plath escreveu contos, romances e muita poesia. A escritora, nascida em 27 de outubro na cidade de Boston, morreu de forma trágica, ao coloca sua cabeça dentro de um forno. Assim, seu nome é atrelado a uma narrativa muito pessoal, sobre depressão. Em suas poesias, marcadas de lirismo e melancolia apresentam uma escritora que foi capaz de transformar um pouco de sua dor em poesia. Confira abaixo 5 poesias de Sylvia Plath.

    Espelho

    Sylvia Plath
    tradução de André Cardoso

    Sou prateado e exato. Não tenho preconceitos.
    Tudo o que vejo engulo imediatamente
    Do jeito que for, desembaçado de amor ou aversão.
    Não sou cruel, apenas verdadeiro –
    O olho de um pequeno deus, de quatro cantos.
    Na maior parte do tempo medito sobre a parede em frente.
    Ela é rosa, pontilhada. Já olhei para ela tanto tempo,
    Eu acho que ela é parte do meu coração. Mas ela oscila.
    Rostos e escuridão nos separam toda hora.

    Agora sou um lago. Uma mulher se dobra sobre mim,
    Buscando na minha superfície o que ela realmente é.
    Então ela se vira para aquelas mentirosas, as velas ou a lua.
    Vejo suas costas, e as reflito fielmente.
    Ela me recompensa com lágrimas e um agitar das mãos.
    Sou importante para ela. Ela vem e vai.
    A cada manhã é o seu rosto que substitui a escuridão.
    Em mim ela afogou uma menina, e em mim uma velha
    Se ergue em direção a ela dia após dia, como um peixe terrível.

    Palavra

    Sylvia Plath
    tradução de Ana Cristina Cesar

    Golpes,
    De machado na madeira,
    E os ecos!
    Ecos que partem
    A galope.

    A seiva
    Jorra como pranto, como
    Água lutando
    Para repor seu espelho
    sobre a rocha

    Que cai e rola,
    Crânio branco
    Comido pelas ervas.
    Anos depois, na estrada,
    Encontro

    Essas palavras secas e sem rédeas,
    Bater de cascos incansável.
    Enquanto
    Do fundo do poço, estrelas fixas
    Decidem uma vida.

    Edição da Companhia das Letras.

    Outono de rã

    Sylvia Plath 
    tradução de Jorge Wanderley

    O verão envelhece, mãe impiedosa.
    Os insetos vão escassos, esquálidos.
    Em nossos lares palustres nós apenas
    Coaxamos e definhamos.

    As manhas se dissipam em sonolência.
    O sol brilha pachorrento
    Entre caniços ocos. As moscas não chegam a nós.
    O charco nos repugna.

    A geada cobre até aranhas. Obviamente
    O deus da plenitude
    Está morando longe daqui. Nosso povo rareia
    Lamentavelmente.

    Os Manequins de Munique

    Sylvia Plath
    Tradução de Claudia Roquette-Pinto

    A perfeição é horrível, ela não pode ter filhos.
    Fria como o hálito da neve, ela tapa o útero

    Onde os teixos inflam como hidras,
    A árvore da vida e a árvore da vida.

    Desprendendo suas luas, mês após mês, sem nenhum objetivo.
    O jorro de sangue é o jorro do amor,

    O sacrifício absoluto.
    Quer dizer: mais nenhum ídolo, só eu

    Eu e você.
    Assim, com sua beleza sulfúrica, com seus sorrisos

    Esses manequins se inclinam esta noite
    Em Munique, necrotério entre Roma e Paris,

    Nus e carecas em seus casacos de pele,
    Pirulitos de laranja com hastes de prata

    Insuportáveis, sem cérebro.
    A neve pinga seus pedaços de escuridão.

    Ninguém por perto. Nos hotéis
    Mãos vão abrir portas e deixar

    Sapatos no chão para uma mão de graxa
    Onde dedos largos vão entrar amanhã.
    Ah, essas domésticas janelas,
    As rendinhas de bebê, as folhas verdes de confeito,

    Os alemães dormindo, espessos, no seu insondável desprezo.
    E nos ganchos, os telefones pretos

    Cintilando
    Cintilando e digerindo

    A mudez. A neve não tem voz.

    Canção de Amor da Jovem Louca

    Sylvia Plath
    Tradução de Maria Luíza Nogueira

    Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro
    Ergo as pálpebras e tudo volta a renascer
    (Acho que te criei no interior da minha mente)

    Saem valsando as estrelas, vermelhas e azuis,
    Entra a galope a arbitrária escuridão:
    Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.

    Enfeitiçaste-me, em sonhos, para a cama,
    Cantaste-me para a loucura; beijaste-me para a insanidade.
    (Acho que te criei no interior de minha mente)

    Tomba Deus das alturas; abranda-se o fogo do inferno:
    Retiram-se os serafins e os homens de Satã:
    Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.

    Imaginei que voltarias como prometeste
    Envelheço, porém, e esqueço-me do teu nome.
    (Acho que te criei no interior de minha mente)

    Deveria, em teu lugar, ter amado um falcão
    Pelo menos, com a primavera, retornam com estrondo
    Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro:
    (Acho que te criei no interior de minha mente.)

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